Produzido para ser um dos trunfos da Netflix na temporada de ouro, a comédia dramática Jay Kelly conseguiu críticas mistas desde sua primeira exibição. Já em cartaz no serviço de streaming é bastante compreensível o motivo de alguns gostarem tanto do filme e outros não terem se empolgado muito com a história do astro de cinema que coloca sua vida pessoal em perspectiva perante uma homenagem que receberá pelo seu legado cinematográfico. Vivendo o protagonista está George Clooney com sua estampa de estrela clássica de Hollywood. Jay acaba de finalizar um filme e está prestes a fazer outro quando viaja para a Itália em nome de um prêmio. Ele adoraria que sua família estivesse ao seu lado, mas ele mal conversa com a filha mais velha (Riley Keough) e a mais nova estará em viagem com amigos pela Europa. O reencontro com um antigo colega (Billy Crudup) também não ajuda muito na crise que se instaura na mente de Jay, afinal, em várias entrevistas ele comenta que começou a carreira por acaso ao acompanhar um colega para um teste e acabou ficando com o papel (que o fez deslanchar na carreira)... agora imagina reencontrar o tal colega ainda ressentido. Um diretor conhecido de velha data também precisa dele para reerguer a carreira, mas Jay acha melhor não correr o risco. O fato é que aos poucos, o grande astro de cinema afastou cada vestígio de amizade de sua vida, tendo apenas o agente, Ron (Adam Sandler) e sua assistente (Laura Dern) por perto. Enquanto ela sempre ressalta que trabalha para ele, Ron acredita que possui laços mais estreitos com o ator. Será? Entendo que algumas pessoas estejam fascinadas pelo filme por conta de explorar os bastidores de uma carreira bem-sucedida em Hollywood, o problema é que os elementos desta história não fogem do lugar comum. Embora tenha boas atuações, com Clooney e Sandler indicados aos Globos de Ouro de melhor ator e ator coadjuvante, o filme não empolga. Pode se dizer que as indicações de ambos são justas pelos atores darem conta de manter o interesse do espectador em uma trama tão manjada. Talvez o maior problema seja que o roteiro (assinado por Baumbach e Emily Mortimer, que faz uma pequena participação como atriz no filme) prefere mostrar vários pontos da vida pessoal do personagem principal e opta por não aprofundar nenhum deles. São vários encontros que desaguam em um conflito que nunca tem maiores consequências na trama, o que torna tudo um grande desperdício do potencial que alguns personagens/atores trariam para a trama. Particularmente tenho a impressão que já vi Clooney fazer algo parecido do que vemos aqui em sua carreira, já Adam Sandler investe mais uma vez em um papel menos cômico cujo o grande destaque é a cena em que seus olhos brilham ao segurar as lágrimas durante um diálogo inteiro. Ainda que bem feito e cheio de boa intenções (já vistas e revistas inúmeras vezes), o longa alcança um resultado morno e pouco empolgante, a pergunta é se isso confere fôlego para o longa e seu elenco chegar ao Oscar do ano que vem.

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