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| A família exilada: a derrota mental perante a burocracia. |
Sergei (Grigory Dobrigyn) e Natalia (Chulpan Khamatova) são refugiados políticos russos que migraram para a Suécia em busca de segurança e uma vida melhor após as perseguições sofridas por Sergei. O casal tem duas filhas, Katja (Miroslava Pashutina) e Alina (Naomi Lamp) e dependem da aceitação do pedido de asilo político para conseguir seguir suas vidas. No entanto, quando a o pedido é negado pela burocracia sueca, a pequena Katja tem uma reação inesperada que é identificada com o nome do título. Este é só o início dos problemas que a família irá enfrentar ao longo do filme, já que terão que realizar procedimentos protocolares para lidar com a filha e, aos poucos, Alina também enfrentará problemas. Talvez por ser assinado por Alexandros Avranas, cineasta vindo da Estranha Onda Grega, eu imaginei que a síndrome do título fosse algo fictício, mas ela existe realmente e acomete pessoas que diante de uma realidade insuportável, criam uma defesa psíquica que anestesia qualquer reação diante dos fatos (e o final do filme faz questão de oferecer mais informações sobre a incidência deste mal). Chega a ser surpreendente ver o que Avranas faz por aqui depois de conhecer seu trabalho com os chocantes Miss Violência (2013) e Não me Ame (2017), Síndrome da Apatia traz aquelas interpretações sutis perante situações absurdas que se tornaram marcas do recente cinema grego, mas a constrói de uma forma ainda mais sufocante para seus personagens, até que encontrem uma saída viável e, quando ela surge, parece ainda mais surreal (que lembra um pouco as crianças que vemos em O Sacrifício do Cervo Sagrado/2017 do diretor mor da onda grega, o Yorgos Lanthimos). No entanto, Síndrome da Apatia soa emperrado, talvez por ser calcado em uma dolorosa realidade, o filme opte por ser respeitoso demais e carece de uma guinada que provoque mais impacto em seu desfecho (afinal, o impacto ocorre no início e segue nos desdobramentos da família para reaver a companhia da filhas). Embora seja bastante doloroso de assistir, senti falta de uma catarse mais explosiva, o filme mantém algum mistério sobre a ambiguidade do casal e sua ida para a Suécia, mas nada muito impactante. Aqui, toda a economia do diretor e o medo de cair no melodrama acabou drenando a emoção.
Síndrome da Apatia (Quiet Life / França - Suécia - Alemanha - Estônia - Grécia - Finlândia / 2025) de Alexandros Avranas com Chulpan Khamatova, Grigory Dobrygin, Naomi Lamp, Miroslava Pashutina, Elei Roussinou, Lena Endre e Alicia Eriksson. ☻☻☻

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