sábado, 29 de novembro de 2025

PL►Y: Uma Batalha Após a Outra

Teyana e Leo: filha perseguida. 

O novo filme de Paul Thomas Anderson tornou-se o grande favorito do Oscar do ano que vem. Pode se dizer que este favoritismo cresceu meio que por acaso, já que ninguém fazia ideia do que se tratava o filme pelos trailers que foram lançados. No fim das contas é até difícil explicar tudo o que acontece, já que o diretor mistura um monte de personagens e lembra um pouco os tempos em que fazia filmes caleidoscópicos como Boogie Nights (1997) e Magnólia (1999). Todos os personagens gravitam em torno do casal formado por Perfidia (Teyana Taylor) e Pat (Leonardo DiCaprio), ambos fazem parte de um grupo rebelde chamado French 75 que organiza operações de resgate de imigrantes e roubos a banco. Entre armas e bombas, um dia Perfidia cruza o caminho do coronel Steven J. Lockjaw (Sean Penn tão cômico quanto assustador) e surge uma estranha relação entre os dois. Quando uma operação do grupo desanda, todos passam a ser perseguidos pelo coronel - o que muda o rumo de toda a história. Dezesseis anos depois, vemos Pat cuidando da filha, Willa (Chase Infinity) e tendo que lidar com o passado que volta à bater em sua porta. Se Pat sempre foi um tanto paranoico nos cuidados com a filha, a coisa piora consideravelmente quando ela desaparece. Figuras do seu passado voltam a aparecer, não apenas Lockjaw, mas também Deandra (Regina Hall) e Sensei Sergio (Benicio Del Toro) que passam a ter relação (de um lado ou de outro) com o sumiço da menina. O que vemos então é a busca desesperada de um pai pela filha. Esta é a alma do filme. PTA volta a construir aqui uma narrativa que soa dispersa e, por isso mesmo, torna-se surpreendente. Uma Batalha após a Outra mistura gêneros variados (romance, drama, ação, suspense, comédia...) e isso deve explicar muito o apelo do filme junto aos críticos e o interesse de Anderson em adaptar livremente o romance de Vineland de Thomas Pinchon (de quem o diretor também já adaptou Vício Inerente/2014, seu filme menos celebrado). Do material de origem extraiu os conflitos ideológicos, movimentos de resistência e o autoritarismo que deram à obra um tom épico urbano que serve de pano de fundo para a história de laços familiares e amizade. Anderson capricha nas cenas de perseguição, constrói cenas tensas, divertidas e costura uma narrativa caótica que transpira urgência. Confesso que a primeira parte do filme não me envolveu, achei a montagem muito picotada e tive a impressão que o corte original era mais longo para dar conta de uma melhor apresentação daqueles personagens, especialmente dos conflitos de Perfidia com a maternidade e seu envolvimento com Lockjaw. A sorte é que Anderson demonstra mais uma vez um talento impressionante para escolher o elenco. Enquanto Leonardo DiCaprio parece uma paródia de alguma coisa que Jack Nicholson faria (e está cotado ao Oscar de melhor ator), seus parceiros de cena estão congestionando as apostas entre os coadjuvantes, ao ponto da novata Chase Infininity ser deslocada para categoria de melhor atriz por seu trabalho de estreia. Uma Batalha Após a Outra está longe de ser meu trabalho favorito do diretor, mas entendo o apelo que possui em tempos em que Hollywood ousa cada vez menos. Isso é suficiente para levar o Oscar de melhor filme? Não sei. Só sei que depois de onze idicações naufragadas no Oscar ao longo da carreira, três longas indicados ao prêmio de melhor filme, a Academia tem algumas dívidas a quitar com o moço. 

Uma Batalha Após a Outra (One Battle After Another / EUA - 2025) de Paul Thomas Anderson com Leonardo Di Caprio, Chase Infinity, Sean Penn, Teyana Taylor, Regina Hall, Benicio Del Toro, Alana Haim e Tony Goldwyn. 

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