Rockwell: esnobado no Oscar desse ano.
Ano passado foi um ano muito bom para a ficção-científica, cada uma do seu jeito soube conquistar o público, seja aquele que gosta de produções espalhafatosas capazes de convencer sua qualidade sobre mais de dois bilhões de bilheterias (Avatar), filmes com idéias engenhosas (Distrito 9), reciclagens descaradas que ficam felizes de arrecadar alguns trocados (Pandorum e Substitutos) e uma destinada a ser cult por seu estilo intimista. Neste último caso se encaixa Lunar, o filme de estréia de Duncan Jones, o filho de David Bowie (foto, esq.), que mostra saber digerir muito bem as referências musicais de seu pai (mesmo sem estar na trilha eu consigo ouvir Space Odissey ao fundo de toda trama) e as cinematográficas que vislumbrou sobre um gênero que estava desgastado. O filme é simples, mas está longe de ser uma obra qualquer. Duncan demonstra muita habilidade em dominar um fime que se passa praticamente em um cenário e utilizando, praticamente, um único ator em cena. Sam Rockwell encarna o astronaura Sam Bell, que conta os dias para terminar seus dias de solidão numa estação lunar e voltar para casa e encontrar sua esposa e filha - com as quais se comunica por mensagens interplanetárias. Como companhia o astronauta possui Gertz (voz de Kevin Sapcey, em sua melhor atuação nos últimos dez anos), um robô que controla a nave e que zela por sua segurança e sanidade (a idéia do robô se expressar pela carinha do Smile é umas das grandes sacadas do filme e o coloca como oposto ideal ao vilão HAL, da principal referência de Jones na feitura desse filme, 2001 de Kubrick). O problema todo é quando Sam sofre um acidente ao tentar resolver problemas na torre de comunicação e as coisas começam a complicar. Lunar é o tipo de filme que não se pode contar muito senão estraga, mas pode-se dizer que Sam enfrentará um dilema sobre sua identidade e ambições, já que encontra um outro (?) homem na Lua que o faz lidar com alguns segredos e medos. A solidão é um dos personagens do filme e o roteiro amplia isso ao mostrar de forma inusitada que o protagonista não pode contar nem com ele mesmo, quanto mais descobre a verdade, mais se deteriora rumo ao inevitável. Melancólico e claustófóbico o filme tem como alma a atuação de Rockwell, que merecia uma indicação ao Oscar. Ela até poderia ter saído se os produtores tivessem lembrado de inscrever o filme na premiação da Academia - o que rendeu uma briga feia de Jones com a Sony Classics. Lunar acabou concorrendo a alguns prêmios no BAFTA e saindo direto em DVD no Brasil, espero que o filme encontre seu público, mesmo que seja na telinha.
Duncan e Bowie: talento em família.
Lunar (Moon - EUA/Inglaterra/2009) de Duncan Jones com Sam Rockwell e Kevin Spacey. Cotação ☻☻☻☻
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