Suzume: por trás dos terremotos japoneses. |
quarta-feira, 17 de abril de 2024
PL►Y: Suzume
domingo, 14 de abril de 2024
PL►Y: Viver
Bill: pensando sobre a vida que resta. |
Bill Nighy é um rosto bastante conhecido dos cinéfilos. Com 74 anos de vida e mais de quatro décadas de carreira, o ator inglês já participou de inúmeras produções para teatro, cinema e televisão. Apesar de ser mais conhecido por seus trabalhos em comédias, Bill tem uma cota de personagens sérios respeitáveis, mas que o Oscar parecia não dava muita bola até que em 2022 ele atuou neste filme de Oliver Hermanus. Viver conta a história de Sr. Rodney Williams (Nighy), burocrata de Londres que chefia um grupo de funcionários que são responsáveis por obras na cidade. Sisudo e fleumático, Williams não é muito aberto a intimidades com seus colegas e parece aquele tipo de pessoa que passou todo o tempo agarrado em seus compromissos - enquanto a vida passava junto aos ponteiros do relógio sem que ele se desse conta. Sua rotina rígida é quebrada quando ele descobre que possui câncer e alguns meses de vida. Naquele momento ele percebe que a vida não poderia ser só aquilo que fez até ali e deseja fazer algo diferente no tempo que lhe resta. O roteiro segue então pelo caminho mais óbvio, que é inserir o personagem por noitadas, com mulheres, bebidas e gastos que não caberiam na vida de um sujeito tão regrado. A diferença é que mesmo nesses momentos, Sr. Williams não parece encontrar satisfação, deixando que algo mais se revele em momentos mais intimistas, como aquele em que toma coragem para bancar um projeto que há muito tempo é barrado no trabalho ou nos momentos em que passa a se encontrar com uma jovem colega de trabalho, a senhorita Margaret Harris (Aimee Lou Wood), momentos em que a suspeita de um romance tardio ganha menos espaço do que a sensação de tempo perdido ao longo da vida. São nos detalhes que a atuação de Bill Nighy se revela merecedora de espaço entre os indicados ao Oscar de melhor ator de 2023, seu trabalho é sutil, preciso e consegue transparecer a sensação de quem está no fim da vida e não há muito mais o que se fazer além de aproveitar o tempo que resta. O filme só me parece curto demais para dar conta das nuances do personagem junto aos outros que o cerca, isso acontece tanto com Margaret quanto com o novato Peter (Alex Sharp), que parece ser o dono do olhar sobre o protagonista oferecido pela produção. Viver é na verdade uma adaptação da adaptação, já que é baseado em Ikiru (1952) de Akira Korosawa que é pautado pela obra A Morte de Ivan Ilich de Tolstói. O texto aqui ficou por conta do romancista Kazuo Ishiguro, que é craque em sutilezas e transporta o dilema do protagonista num encaixe perfeito para a realidade britânica. Mesmo que você não a considere uma produção empolgante, Viver deixará a sensação de uma reflexão sobre a forma que encaramos a vida ao indagar se entre nosso compromissos cotidianos estamos realmente a viver.
Viver (Living / Reino Unido - Japão - Suécia / 2022) de Oliver Hermanus com Bill Nighy, Alex Sharp, Aimee Lou Wood, Michael Cochrane, Zoe Boyle, Hubert Burton e Oliver Chris. ☻☻☻
sexta-feira, 12 de abril de 2024
4EVER: Eleanor Coppola
quinta-feira, 11 de abril de 2024
FESTIVAL DE CANNES 2024
Motel Destino: filme brasileiro disputa a Palma de Ouro. |
The Second Act (Quentin Dupieux)
All We Imagine as Light (Payal Kapadia)
Anora (Sean Baker)
Bird (Andrea Arnold)
Feng Liu Yi Dai (Jia Zhang-Ke)
Emilia Perez (Jacques Audiard)
Grand Tour (Miguel Gomes)
Kinds of Kindness (Yorgos Lanthimos)
L’Amour Ouf (Gilles Lellouche)
Limonov: The Ballad (Kirill Serebrennikov)
Marcello Mio (Christophe Honore)
Megalopolis (Francis Ford Coppola)
Motel Destino (Karim Ainouz)
Oh Canada (Paul Schrader)
Parthenope (Paolo Sorrentino)
The Apprentice (Ali Abbasi)
The Girl With the Needle (Magnus von Horn)
The Shrouds (David Cronenberg)
The Substance (Coralie Fargeat)
Diamant Brut (Agathe Riedinger)
Armand (Halfdan Ullman Tondel)
Gou Zhen (Guan Hu)
Les Damnes (Roberto Minervini)
L’Histoire de Souleymane (Boris Lojkine)
Le Royaume (Julien Colonna)
Boku No Ohisama (Hiroshi Okuyama)
Norah (Tawfik Alzaidi)
On Becoming a Guinea Fowl (Rungano Nyoni)
Santosh (Sandhya Suri)
The Shameless (Konstantin Bojanov)
Viet and Nam (Truong Minh Quy)
The Village Next to Paradise (Mo Harawe)
Vingt Dieux! (Louise Courvoisier)
Who Let the Dog Bite? (Laetitia Dosch)
Furiosa: Uma Saga Mad Max (George Miller)
Horizon: An American Saga (Kevin Costner)
Rumours (Evan Johnson, Galen Johnson, Guy Maddin)
She’s Got No Name (Chan Peter Ho-Sun)
C’est Pas Moi (Leos Carax)
En Fanfare / The Matching Bang (Emmanuel Courcol)
Everybody Loves Touda (Nabil Ayouch)
Le Roman de Jim (Arnaud Larrieu, Jean-Marie Larrieu)
Miséricorde (Alain Guiraudie)
Rendez-Vous Avec Pol Pot (Rithy Panh)
I, the Executioner (Seung Wan Ryoo)
The Surfer (Lorcan Finnegan)
Exibições Especiais
Apprendere (Claire Simon)
Le Fil (Daniel Auteuil)
Ernest Cole, Lost and Found (Raoul Peck)
The Invasion (Sergei Loznitsa)
La Belle de Gaza (Yolande Zauberman)
quarta-feira, 10 de abril de 2024
Pódio: Andrew Scott
Bronze: o vilão doido. | |
3º Sherlock (2010-2017) Nascido em Dublin na Irlanda em 1976, Andrew Scott começou a atuar no teatro até começar sua carreira no cinema em 1995. Apesar de ter participado de muitas produções para televisão e para a tela grande, o grande público parece ter reparado nele somente quando viveu o vilão Moriarty na cultuada série protagonizada por Benedict Cumberbatch que trazia os personagens de Arthur Conan Doyle para os dias atuais. Na pele do grande inimigo do detetive, o ator carrega nos exageros para criar um personagem estranho mas de inteligência inquestionável em suas armações contra o genial protagonista. Pelo papel ganhou o BAFTA de coadjuvante em 2012.
Prata: o grande enganador. | |
Ripley (2024) Tive que resistir muito para não colocar o trabalho do ator na série da Netflix no lugar mais alto do pódio. Acho magnífica a forma como o ator desenvolve o personagem antológico de Patricia Highsmith nos detalhes de sua atuação. Um leve movimento de sobrancelha, um pequeno esboço de sorriso ou até mesmo aquele olhar fixo de quem está estudando seu interlocutor para saber exatamente o que deve ser feito e dito. É um trabalho tão bom que merece aparecer em outras temporadas que explorem as desventuras seguintes de Tom Ripley e sua escalada amoral de golpes, falsificações e enganações variadas. O moço merece todos os prêmios da temporada. Imperdível.
Ouro: o padre gato. | |
NªTV: Ripley
Andrew: Tom Ripley de respeito. |
Em 2024, o ator irlandês Andrew Scott esteve cotado para receber sua primeira indicação ao Oscar pelo filme indie Todos Nós Estranhos, mas apesar de ter colhido indicações ao Gotham Awards e ao Globo de Ouro, não foi dessa fez que o ator caiu nas graças da Academia. Na verdade, apesar de Andrew ter dezenas de papéis no cinema, a impressão é que Hollywood ainda não sabe o que fazer com ele. Será que é por conta do rapaz ter assumido sua homossexualidade em 2013? Se for por conta disso, Hollywood é que sai perdendo. Não apenas pelo preconceito, mas principalmente por perder a chance de ter um baita ator no alto dos créditos. A sorte é que enquanto o cinema não lhe dá a devida atenção, ele coleciona bons papeis na televisão. A última grande conquista do ator foi ser escolhido para viver o antológico Tom Ripley na minissérie Ripley da Netflix (que se tudo der certo, deverá render novas temporadas. Oremos!). Tom é o personagem mais famoso da escritora Patricia Highsmith (1921-1995), que rendeu cinco obras cultuadas e que já foram levadas ao cinema algumas vezes, mas sem a configuração de uma franquia cinematográfica. O público deve lembrar da versão de O Talentoso Ripley (1999) de Anthony Minghella em que Matt Damon viveu o personagem, um filme que aprecio muito, mas sei que trai as origens de seu personagem amoral. Nesta versão da Netflix. Ripley surge em sua essência, um americano que vive de pequenos golpes, mas que tem a grande chance de mudar de vida quando um milionário pede a ele que vá até a Itália convencer que o filho volte para casa. O filho em questão é Richard Greenleef (Johnny Flynn), o herdeiro que foi curtir a vida na Itália enquanto tenta se tornar um artista. No entanto, o que sobra de dinheiro para manter a vida de Richard, ou melhor, Dickie, falta em talento. Ele passa os dias ao lado da namorada Marge (Dakota Fanning) e não faz a mínima ideia de quem é aquele homem que diz conhecê-lo dos tempos de escola. Talvez não conheça mesmo, já que ambos habitam esferas totalmente diferentes. O fato é que enquanto Ripley convive com Richard, começa a desejar aquela vida, ou talvez mais, começa a desejar ser o próprio Dickie. Começa então uma sucessão de situações nem tão planejadas que mudarão a vida dos personagens para sempre, especialmente de Tom que se supera a cada passo para conseguir o que quer. Andrew Scott está estupendo na pele de um personagem desprovido de qualquer senso moral ou culpa, mas dotado de uma engenhosidade impressionante para mentir e enganar quem cruze o seu caminho. Mesmo quando tudo se complica, a impressão é que ele sempre saberá o que fazer para se safar. A adaptação da obra por Steven Zaillian se afasta o máximo possível da adaptação feita por Minghella e acerta ao utilizar o formato de minissérie para ser ainda mais meticulosa ao desbravar as entranhas do personagem. Colabora muito na construção da identidade da produção a magnífica fotografia em preto e branco, que pinta cada cena como um quadro de homenagem ao cinema noir. O jogo de luzes e sombras é impressionante, seja nas cenas internas ou externas, construindo de um espetáculo que merece se repetir em novas temporadas (por favor, Netflix!). Adoraria ver o personagem ser aproveitado com tamanho esmero à obra de Highsmith em novos episódios, além disso, ver Andrew arrasador em um personagem tão complexo é um deleite para os sentidos. Forte candidata à minha série favorita do ano.
Ripley (EUA / 2024) de Steven Zailian com Andrew Scott, Johnny Flynn, Dakota Fanning, Kenneth Lonergan, Margherita Buy, Eliot Summer e Maurizio Lombardi. ☻☻☻☻☻
terça-feira, 9 de abril de 2024
Na Tela: O Homem dos Sonhos
Cage: o verdadeiro Freddy Krueger? |