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sábado, 9 de setembro de 2023

PREMIADOS FESTIVAL DE VENEZA 2023

 
Emma Stone em Pobres Criaturas: o grego ataca novamente. 

Cinco anos depois de apresentar o excelente A Favorita no Festival de Veneza, o grego Yorgos Lanthimos superou todas as suas expectativas ao retornar agora com Pobres Criaturas (Poor Things), considerado o melhor filme do festival. Ao levar para casa o Leão de Ouro de melhor produção exibida por lá, o filme carimba de vez sua candidatura para a temporada de prêmios que se aproxima. Quem viu garante que Emma Stone deve estar no páreo de melhor atriz no Oscar do ano que vem (para dar trabalho às suas concorrentes). Outros filmes premiados também devem marcar presença nas premiações que se aproximam. A seguir a lista de todos os destaque do Festival que terminou na data de hoje:

Leão de Ouro
"Poor Things" de Yorgos Lanthimos

Leão de Prata - Grande Prêmio do Júri
 "Evil Does Not Exist" de Ryusuke Hamaguchi

Leão de Prata - Melhor Direção
 Matteo Garrone por "Io Capitano"

Leão de Prata - Grande Prêmio do Júri
 "Evil Does Not Exist" de Ryusuke Hamaguchi

Prêmio Especial do Júri
 "Green Border" de Agnieszka Holland

Melhor Ator
 Peter Sarsgaard por "Memory"

Melhor Atriz
Cailee Spaeny por "Priscilla"

Melhor Roteiro
 Guillermo Calderón por "O Conde"

Melhor Jovem Ator
Seydou Sarr "Io Capitano"

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

FESTIVAL DE VENEZA 2023

Ferrari, Priscilla, Evil does not Exist, Pobres Criaturas e Maestro: rumo ao Leão de Ouro. 

Sempre lembrado como um dos festivais de cinema mais importantes do mundo, o Festival de Cinema de Veneza nos últimos anos ganhou ainda mais relevância na temporada de premiações justamente por conta de sua proximidade da temporada de ouro do cinema dos Estados Unidos. Assim, sua mostra competitiva se torna uma plataforma para projeção de filme em nível internacional quando os votantes começam a pensar em suas listas de melhores produções do ano. Em 2023 o impacto do Festival pode ser menor por não contar com as estrelas de Hollywood perante a greve que se arrasta há meses sem previsão de término. Resta então voltar os holofotes para as assinaturas ilustres na direção dos longas que fazem parte da competição. Segue a lista de todos os filmes presentes no Festival que começa hoje e vai até dia nove de setembro:

COMPETIÇÃO PRINCIPAL
"Bastarden" de Nikolaj Arcel
"Dogman" de Luc Besson
"La Bête" de Bertrand Bonello
"Hors-Saison" de Stéphane Brizé
"Enea" de Pietro Castellitto
"Maestro" de Bradley Cooper
"Priscilla" de Sofia Coppola
"Finalmente L'Alba" de Saverio Costanzo
"Comandante" de Edoardo De Angelis
"Lubo" de Giorgio Diritti
"Origin" de Ava DuVernay
"The Killer" de David Fincher
"Memory" de Michel Franco
"Io Capitano" de Matteo Garrone
"Aku Wa Sonzai Shinar" de Ryusuke Hamaguchi
"Zielona Granica" de Agnieszka Holland
"Die Theorie Von Allem" de Timm Kröger
"Pobres Criaturas" de Yorgos Lanthimos
"El Conde" de Pablo Larraín
"Ferrari" de Michael Mann
"Adagio" de Stefano Solima
"Kobieta Z..." de Malgorzata Szumowska & Michal Englert
"Holly" de Fien Troch

MOSTRA HORIZONTES - EXTRA
"Bota Jonë" de Luàna Bajrami
"Nazavzhdy-Nazavzhdy" de Anna Buryachkova
"El Rapto" de Daniela Goggi
"Day of the Fight" de Jack Huston
"In the Land of Saints and Sinners" de Robert Lorenz
"Felicità" de Micaela Ramazzotti
"Pet Shop Boys" de Olmo Schnabel
"Stolen" de Karan Tejpal
"L'Homme D'argile" de Anaïs Tellenne

FORA DE COMPETIÇÃO - FICÇÃO
"Coup de Chance" de Woody Allen
"The Wonderful Story of Henry Sugar" de Wes Anderson
"The Penitent" de Luca Barbareschi
"La Sociedad de la Nieve" de J.A. Bayona
"L'Ordine del Tempo" de Liliana Cavani
"Vivants" de Alix Delaporte
"Daaaaaali!" de Quentin Dupieux
"The Caine Mutiny Court-Martial" de William Friedkin
"Making Of" de Cédric Khan
"Aggro Dr1ft", de Harmony Korine
"Hit Man" de Richard Linklater
"The Palace" de Roman Polanski
"Xue Bao" de Pema Tseden

FORA DE COMPETIÇÃO - DOCUMENTÁRIO
"Amor" de Virginia Eleuteri Serpieri
"Frente a Guernica" de Yervant Gianikian & Angela Ricci Lucchi
"Hollywoodgate" de Ibrahim Nash'at
"Ryuichi Sakamoto: Opus" de Neo Sora
"Enzo Jannacci Vengo Ach'Io" de Giorgio Verdelli
"Menus Plaisirs - Les Troisgros" de Frederick Wiseman

FORA DE COMPETIÇÃO - SÉRIES
"Znam Kako Dises" de Alen Drljevic & Nemin Hamzagic
"D'Argent et de Sang" de Xavier Giannoli & Frédéric Planchon

FORA DE COMPETIÇÃO - CURTA-METRAGENS
"Welcome to Paradise" de Leonardo Di Costanzo

MOSTRA HORIZONTES - LONGA-METRAGENS
"A Cielo Abierto" de Mariana Arriaga
"El Paraíso" de Enrico Maria Artale
"Oura El Jbel" de Mohamed Ben Attia
"The Red Suitcase" de Fidel Devkota
"Paradiset Brinner" de Mika Gustafson
"The Featherweight" de Robert Kolodny
"Invelle" de Simone Massi
"Tatami" de Guy Nattiv & Zar Amir Ebrahimi
"Sem Coração" de Nara Normandi & Tião
"Una Sterminata Domenica" de Alain Parroni
"Ser Ser Salchi" de Lkhagvadulam Purev-Ochir
"Magyarázat Mindenre" de Gábor Reisz
"Gasoline Rainbow" de Bill Ross & Turner Ross
"En Attendant la Nuit" de Céline Rouzet
"Domakinstvo Za Pocetnici" de Goran Stolevski
"Hokage" de Shinya Tsukamoto
"Yurt" de Nehir Tuna

MOSTRA HORIZONTES - CURTA-METRAGENS
"Aitana" de Mariana Alberti
"Sea Salt" de Leila Basma
"A Short Trip" de Erenik Beqiri
"Et si le Soleil Plongeait Dans L'Océan de Nuages" de Wissam Charaf
"Wander to Wonder" de Nina Gantz
"The Meatseller" de Margherita Giusti
"Dive" de Aldo Iuliano
"Area Boy" de Iggy London
"Cross My Heart and Hope to Die" de Sam Manacsa
"Dar Saaye Sarv" de Hossein Molayemi
"Bogotá Story" de Esteban Pedraza
"Sentimenal Stories" de Xandra Popescu
"Duan Pian Gushi" de Lang Wu

sábado, 10 de setembro de 2022

PREMIADOS FESTIVAL DE VENEZA 2022

"All the Beauty...": considerado o melhor de Veneza. 

Fazia tempo que o Festival de Veneza não fazia tanto barulho com os seus selecionados. Considerado um dos eventos mais importantes do mundo do cinema, em sua nonagésima edição, o Festival viveu quase duas semanas intensas de exibição de filmes, incluindo alguns dos mais aguardados do ano como The Whale marcando o retorno de Brendan Fraser a um papel de destaque (e sob a preciosa batuta de Darren Aronofsky) , a versão de Ana De Armas para Marilyn Monroe em Blonde da Netflix, as picuinhas que se tornaram mais interessantes do que o filme em si em Don't Worry Darling de Olivia Wilde, mas no fim das contas, alguns favoritos ganharam força e levaram seus prêmios para casa, ainda que provocando surpresa como o novo trabalho da documentarista Laura Poitras, eleito o melhor do Festival em sua parceria com a fotógrafa Nan Goldin e sua campanha contra família Slacker, dinastia da indústria farmacêutica e grandes responsáveis pela epidemia de opióides. Segue abaixo os premiados do Festival de Veneza - e suas chances ampliadas para a temporada de ouro que está logo ali. 

Leão de Ouro: "All the Beauty and the Bloodshed" de Laura Poitras

Leão de Prata - Grande Prêmio do Júri: "Saint Omer" de Alice Diop

Leão de Prata - Melhor Direção: Luca Guadagnino (Bones and All)

Prêmio Especial do Júri: "No Bears" de Jafar Panahi

Melhor Atriz: Cate Blanchett (TÁR)

Melhor Ator: Colin Farrell (The Banshes of Inisherin)

Melhor Roteiro: "The Banshes of Inisherin" de Martin McDonagh

Melhor Jovem Ator: Taylor Russell  (Bones and All)

sábado, 11 de setembro de 2021

PREMIADOS FESTIVAL DE VENEZA 2021

Happening: o Leão de Ouro foi para a França. 

Após onze dias de Festival, no meio de tantos filmes assinados por cineastas cultuados mundialmente, o Leão de Ouro de Melhor Filme do Festival de Veneza 2021 foi para Happening, filme da diretora Audrey Diwan baseado no romance homônimo de Annie Ernaux sobre uma universitária brilhante que procura meios de realizar um aborto ilegalmente nos anos 1960. O filme chamou tanta atenção que as produções mais aguardadas do Festival acabaram ficando com prêmios secundários - mas que ajuda a lançar holofotes para a temporada de prêmios que se aproxima. Não se surpreenda se alguns dos nomes citados abaixo aparecerem no Oscar do ano que vem. A seguir todos os premiados no influente festival italiano:

Leão de Ouro de Melhor Filme
"Happening" de Audrey Diwan

Grande Prêmio do Júri
"The Hand of God" de Paolo Sorrentino

Melhor Diretor
Jane Campion (The Power of the Dog)

Melhor Ator
John Arcilla (On The Job: The Missing 8)

Melhor Atriz
Penelope Cruz (Madres Paralelas)

Melhor Roteiro
Maggie Gyllenhaal (A Filha Perdida)

Melhor Jovem Ator
Filippo Scotti (The Hand of God)

Prêmio Especial do Júri
"Il Buco" de Michelangelo Frammartino

Leão do Futuro (Melhor Filme de Estreia)
"Imaculat" de Monica Stan e George Chiper-Lillemark


VENEZA HORIZONS — MOSTRA SECUNDÁRIA
Melhor Filme
"Pilgrims" de Laurynas Bareisa

Melhor Diretor
Eric Gravel (Full Time)

Prêmio Especial do Júri
"The Great Movement" de Kiro Russo

Melhor Ator
Piseth Chhun (White Building)

Melhor Atriz
Laure Calamy (Full Time)

Melhor Roteiro
Peter Kerekes e Ivan Ostrochovsky (107 Mothers)

Melhor Curta-Metragem
"Los Huesos" de Cristobal Leon e Joaquin Cocina

domingo, 27 de setembro de 2020

#FDS Leão de Ouro: O Círculo

O Círculo: mulheres iranianas pelas lentes de Jafar Panahi. 

Em 2010 o cineasta iraniano Jafar Panahi foi condenado à prisão por seis anos (depois convertida em prisão domiciliar) e a não fazer filmes por vinte anos (e cada filme que realizar somará mais seis anos em sua sentença). Seu crime? Realizar filmes que fazem propaganda negativa de seus país. Se levarmos em conta que Panahi ganhou fama mundial por fazer justamente o que recomendam que ele não faça, seria difícil imaginar que ele obedecesse. Desde que foi condenado, o diretor já realizou outros seis filmes com a ajuda de câmera digitais portáteis. Proibido de sair do país, suas obras são enviadas para distribuidores internacionais e premiados em festivais. Ainda que por vias tortas, a fama de Panahi só aumentou desde que se tornou conhecido aqui no Brasil pelo seu filme de estreia, O Balão Branco (1995). Seu filme seguinte, O Espelho (1997) também teve apelo por aqui, mas foi O Círculo (2000) que projetou seu nome mundialmente, especialmente por levar para casa o Leão de Ouro no Festival de Veneza. Naquele ano estavam na disputa obras de renomados como Robert Altman (Dr. T e as Mulheres), Stephen Frears (Liam), Manoel de Oliveira (Palavra e Utopia) e novatos ousados como Clara Law (A Deusa de 1967) e João Pedro Rodrigues (O Fantasma), no entanto, o júri ficou impressionado com este retrato da realidade feminina no país do diretor. O filme segue a estrutura justamente o seu título, contando a história de várias personagens a partir de um recorte bastante específico de suas vidas ao longo de um dia. São estas histórias que nos fazem entender ainda mais a cena de abertura, onde uma mulher recebe a notícia sobre o nascimento de um bebê e ao descobrir que nasceu uma menina a tristeza é visível (ao ponto de mencionar que por não ser um menino a mulher poderá ser abandonada). A partir dali a câmera passa  seguir outras mulheres que surgem diante da câmera, uma passando o protagonismo com a outra por alguns minutos. Se algumas tem problemas com a polícia, outra sofre rejeição da família, uma precisa lidar com uma gravidez indesejada, outra pretende abandonar a filha enquanto outra está prestes a ser presa por no carro de um homem que não é seu esposo. O roteiro monta um verdadeiro mosaico de histórias em que a opressão à mulher é apresentada  de forma direta e crua, embora o diretor tenha grande sensibilidade ao abordar as questões apresentadas. Não há firulas no cinema de Panahi, a fotografia é granulada, a trilha sonora é inexistente, os planos são longos e os cortes precisos. Embora seja composto por histórias tristes, temos a plena noção de que são histórias reais que devem acontecer todos os dias. Se hoje vários filmes buscam retratar a opressão às mulheres e a importância da igualdade entre os gêneros, Jafar Panahi já fazia isso há vinte anos em um cenário bem mais adverso do que a maioria dos cineastas em atividade.

O Círculo (Dayereh / Irã - Itália - Suécia / 2000) de Jafar Panahi com  Maryiam Palvin Almani, Nargess Mamizadeh, Mojgan Faramarzi e Monir Arab. ☻☻

sábado, 26 de setembro de 2020

#FDS Leão de Ouro: Nenhum a Menos

Wei: a educação rural chinesa pelas lentes de Zhang Yimou.  

Na pequena escola rural da aldeia de Shuiquan o professor precisa se afastar por um mês para cuidar da mãe doente e a única pessoa que pode substituí-lo é Wei (Minzhi Wei), uma menina de treze anos sem experiência como professora. Wei sabe ler e escrever e isso já basta para que assuma a classe. Logo vemos que as condições são precárias, a paisagem é árida e ela recebe duas missões: gastar um giz por cada dia e manter todos os alunos frequentes até que o professor retorne. Este é ponto de partida para um filme emocionante. Lembro que vi Nenhum a Menos no cinema quando estava na faculdade e embora a escola fosse ambientada na China, impossível não lembrar que a dificuldade vivida por aquelas crianças se repete em muitos lugares, inclusive no Brasil. No entanto o que faz o filme ser tão envolvente é a forma como o diretor Zhang Yimou constrói sua narrativa quase documental, como se estivesse com uma câmera escondida naquela realidade e todos seguissem suas vidas como se nada estivesse sendo registrado.  Tudo é apresentado de forma simples, mas cheia de significado. A bagunça em sala de aula, o nervosismo de Wei diante de lecionar, a sensação de frustração até os momentos em que começa a perceber o que funciona e o que não funciona diante daquele grupo de alunos que são quase da mesma idade que ela. Se podemos enxergar aqui que ensinar não é só escrever a matéria no quadro e pedir para que os alunos fiquem em silêncio, também podemos perceber que o conhecimento não está restrito à sala de aula - neste ponto é emblemática a cena em que os alunos dividem o conteúdo de uma latinha de Coca-Cola, bebida nunca experimentada. Wei entra em desespero quando uma aluna veloz é descoberta para ser treinada e se tornar atleta longe dali, mas não se compara quando vê que outro aluno se ausentou da escola: o agitado Zhang Huike. Devido a situação pobre da família, o menino é obrigado a ir para a cidade trabalhar. Ciente da promessa que realizou, Wei parte em busca dele e se depara com a realidade da cidade grande e o triste destino que o menino poderá ter. Yimou cria um filme comovente protagonizado por atores amadores, diálogos quase sempre improvisados e um frescor raro de se ver. O 56º Festival de Veneza ficou encantado com a obra e lhe conferiu o Leão de Ouro do Festival em um ano com dezenove concorrentes (estavam na disputa Regras da Vida de Lasse Hallström,  Uma Relação Pornográfica de Frédéric Fonteyne e Topsy-Turvy de Mike Leigh), com o prêmio Zhang Yimou fez história ao se tornar o segundo diretor a ganhar duas vezes o prêmio (a primeira vez foi com A História de Qiu Ju em 1992).  

Nenhum a Menos (Yi ge dou bu neng shao/China - 1999) de Zhang Yimou com Minzhi Wei, Huike Zhang, Zhenda Tian, Enman Gao e Fanfan Li. ☻☻☻☻

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

#FDS Leão de Ouro: A Infância de Ivan

Ivan (Nikolay Burlyaev): o tempo esculpido por Tarkovsky. 

No mês em que o Festival de Veneza triunfou ao realizar sua edição 2020 em meio à pandemia de Covid19, realizo um Fim de Semana especial com vencedores do prêmio máximo do Festival: o Leão de Ouro. Nos últimos anos Veneza se tornou um festival sem medo de se modernizar, premia projetos de Realidade Virtual além de não ter pudores em premiar filmes produzidos para a internet e, desde os anos 1960, já demonstrava seu gosto por ousadias. Andrei Tarkovsky deve ser o cineasta russo mais cultuado de seu tempo. Nascido em 1932, ele ainda era um iniciante quando realizou A Infância de Ivan. Embora tivesse um curta e dois média-metragens no currículo, nada parecia indicar que levaria o Leão de Ouro em 1962 (empatado com o italiano Dois Destinos de Valerio Zurlini). Era a vigésima terceira edição do festival e entre os concorrentes estavam Stanley Kubrick (com Lolita) e Pier Paolo Pasolini (por Mamma Roma), mas posso dizer que o filme de Andrei era o mais ousado de todos. Tão ousado que as autoridades da antiga União Soviética quase impediram o lançamento do filme que teve uma produção conturbada. Em 1957, o escritor Vladimir Blogomolov lançou um conto chamado Ivan, era sobre um menino que após ter os pais assassinados na Segunda Guerra Mundial se torna espião do Exército Vermelho. Ele alimenta seu patriotismo com o ódio pelos inimigos e se transforma num verdadeiro herói de guerra. A trama chamou atenção da produtora Mosfilm, que estava animada com a Palma de Ouro em Cannes conquistada com (outro filme de guerra) Quando voam as Cegonhas (1957) que se tornou um sucesso. A adaptação de Ivan começou a ser rodada em 1960, mas os produtores ficaram insatisfeitos com o rumo das filmagens e entregaram ao recém-formado Andrei Tarkovsky a tarefa de refazê-lo. Eles não imaginavam que o diretor faria mudanças bruscas na estrutura narrativa. Quando assistiram ao filme, levaram um verdadeiro susto. O filme embaralha a história de tal forma que não se sabe o que é realidade, sonho ou lembrança. O pequeno Ivan aparece então se alternando em cenas felizes ao lado de sua mãe, em outras andando pela destruição da guerra para mais à frente falar com os soldados como se fosse um verdadeiro general. Entre as luzes e sombras da bela fotografia em preto e branco, vemos recortes sobre este menino e a forma como sua vida foi afetada pela guerra. Os produtores acharam o filme incompreensível, mas Tarkovsky conseguiu defender suas intenções - embora fosse uma ousadia atenuar as cores nacionalistas para ressaltar o que a história do menino tinha de mais humana: suas perdas, seus sonhos, seus medos, tudo aparece misturado na tela. Da forma como foi montado, A Infância de Ivan deixa ainda mais latente as transformações pelas quais aquele menino atravessou (destaque  para o ótimo trabalho de Nikolai Burlyaev que tinha quinze anos durante as filmagens), ressaltando a tristeza da destruição não apenas daquele menino, mas daquele país e todos que ainda hoje presenciam a realidade da guerra em suas vidas. Triste e poético, A Infância de Ivan é cultuado até hoje, especialmente pela forma moderna com que constrói a narrativa em torno do protagonista. Curioso perceber que a ideia de tempo e memória foram recorrentes nas obras do diretor, assim como no seu livro Esculpir o Tempo, que explica muito sobre sua personalidade criativa e a forma como constrói suas narrativas na telona. 

A Infância de Ivan (Ivanovo detstvo / Rússia - Alemanha / 1962) de Andrei Tarkovsky com  Nikolay Burlyaev, Valentin Zubkov, Evgeniy Zharikov, Stepan Krylov e Nikolay Grinko ☻☻☻☻

sábado, 12 de setembro de 2020

FESTIVAL DE VENEZA 2020

Frances McDormand em "Nomadland": Leão de Ouro de Melhor Filme

Em um ano cruel para o cinema, os festivais tiveram que se virar para cumprirem seu papel na exibição, premiação e, especialmente, compra e venda de filmes aos distribuidores. Se o Festival de  Cannes cancelou sua edição 2020 (resolveu marcar somente com um selo os filmes selecionados por sua curadoria), o Festival de Tribeca resolveu criar uma exibição somente online e O Festival de Toronto (que começou dia 10 de setembro) preferiu utilizar exibições online com outras presenciais. O Festival de Veneza, realizado em um país que já foi o epicentro da doença e parece ter superado a pior fase da pandemia resolveu realizar sua 77ª edição presencialmente com longos protocolos de segurança antes dos filmes, lotação das salas pela metade, ingressos online, álcool gel, uso de máscara obrigatório e nada de aglomeração em tapetes vermelhos. O júri foi presidido por Cate Blanchett e contava com a cineasta britânica Joanna Hogg, a diretora austríaca Veronica Franz, o ator Matt Dillon, a romancista italiana Nicola Lagioia, o cineasta alemão Christian Petzold e a atriz francesa Ludivine Sagnier. Foi sem dúvida um grande desafio manter o cronograma do Festival e seu grande premiado já desponta como um dos títulos favoritos para a próxima temporada de prêmios que terá um enorme complicador pela frente. A seguir os premiados: 

LEÃO DE OURO - Melhor Filme
"Nomadland" de Chloé Zhao

LEÃO DE PRATA - Prêmio do Grande Júri
"New Order" de Michel Franco

LEÃO DE PRATA - Melhor Diretor
Kiyoshi Kurosawa por “Wife of a Spy”

COLPA VOLPI - Melhor Atriz
Vanessa Kirby por “Pieces of Woman”

COLPA VOLPI - Melhor Ator
Pierfrancesco Favino por “Padrenostro”

MELHOR ROTEIRO
"The Disciple" de Chaitanya Tamhane

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
"Dear Comrades!" de Andrei Konchalovsky

PRÊMIO MARCELLO MASTROIANNI - Melhor Ator Jovem
Rouhollah Zamani por “Sun Children”


MOSTRA HORIZONTES
Melhor Filme
"The Wasteland" de Ahmad Bahrami (Irã)

Melhor Diretor
Lav Diaz por “Lahi, Hayop (Genus Pan)” (Filipinas)

Prêmio Especial do Júri
"Escuta" de Ana Rocha de Souza (Portugal)

Melhor Atriz
Khansa Batma por “Zanka Contact” (Marrocos)

Melhor Ator
Yahya Mahayni por “The Man Who Sold His Skin” (Tunísia)

Melhor Roteiro
"I Predatori" de Pietro Castellitto (Itália)

Melhor Curta-Metragem
"Entre Tú y Milagros" de Mariana Safron (Colômbia)

LEÃO DO FUTURO
PRÊMIO LUIGI DE LAURENTTIS - Melhor Filme de Estreia
"Escuta" de Ana Rocha de Souza

COMPETIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL
Melhor RV
Michelle e Uri Kranot por “The Hangman at Home: An Immersive Single User Experience”

Melhor Experiência de RV
Kiira Benzing por “Finding Pandora X”

Melhor História de RV
FanFan por “Killing a Superstar”

O júri com Cate Blanchett ao centro: desafio em tempos de pandemia.

sábado, 8 de setembro de 2018

PREMIADOS FESTIVAL DE VENEZA 2018

Veneza 2018: filmes para a temporada de ouro.
Hoje chegou ao final um dos Festivais de maior prestígio do mundo, o Festival de Cinema de Veneza. A 75ª edição contou com vários filmes que já despontam como favoritos para a temporada de ouro que se aproxima! Dificilmente não veremos Olivia Collman se tornando conhecida de vez por sua atuação no novo filme de Yorgos Lanthimos (o aclamado The Favourite saiu com dois prêmios cobiçados). O Festival ainda celebrou as novas obras dos irmãos Coen, aclamou Willem Dafoe por sua atuação como Van Gogh e ainda deu um murro no Festival de Cannes - tudo por conta de ter escolhido como melhor filme o terno Roma de Alfonso Cuarón, que foi produzido pela Netflix - que ano passado rendeu uma das maiores polêmicas da história de Cannes por ter dois de seus filmes produzidos para streaming concorrendo à Palma de Ouro (o resultado foi ver os organizadores banindo qualquer filme produzido diretamente para a internet). Será que a Netflix irá ganhar um Oscar em breve? A julgar pelos elogios recebidos por Roma, parece que sim! A seguir todos os premiados em Veneza:

LEÃO DE OURO
Roma

GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
The Favourite

MELHOR DIREÇÃO
Jacques Audiard (The Sisters Brothers)

MELHOR ATOR
Willem Dafoe (At Eternity's Gate)

MELHOR ATRIZ
Olivia Collman (The Favourite)

MELHOR ROTEIRO
Joel e Ethan Coen (The Ballad of Buster Scruggs)

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
The Nightingale

PRÊMIO MARCELLO MASTROIANNI DE REVELAÇÃO
Baykali Ganambarr (The Nightingale)


Mostra Orizzonti

MELHOR FILME
Manta Ray

MELHOR DIREÇÃO
Emir Baigazin (Ozen)

MELHOR ATOR
Kais Nasif (Tel Aviv on Fire)

MELHOR ATRIZ
Natalya Kudryashova (The Man Who Surprised Everyone)

MELHOR ROTEIRO
Pema Tseden (Jinpa)

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
Anons

MELHOR CURTA-METRAGEM
Kado

LEÃO DO FUTURO - MELHOR FILME ESTREANTE
The Day I Lost My Shadow

sábado, 9 de setembro de 2017

PREMIADOS FESTIVAL DE VENEZA 2017

The Shape of Water: o melhor do Festival de Veneza.

E hoje chegou ao fim mais um Festival de Veneza e, com a proximidade da Temporada de Ouro de todo final de ano, os longas exibidos e premiados merecem cada vez mais atenção. Neste ano houve a primeira exibição de filmes aguardados como a comédia Downsizing de Alexander Payne, o terror  Mãe! de Darren Aronofsky, o drama Lean on Pete de Andrew Haigh e o novo filme dirigido por George Clooney, Suburbicon. No meio de tantos filmes aguardados quem surpreendeu foi a nova fantasia de Guillermo del Toro, que deve aparecer no Oscar em categorias prestigiadas como (com destaque para a inglesa Sally Hawkins no papel principal). 

Leão de Ouro
The Shape of Water de Guillermo del Toro

Grande Prêmio do Júri
 Foxtrot de Samuel Maoz

Leão de Prata de Melhor Direção
Xavier Legrand por Custody

Copa Volpi de Melhor Atriz
Charlotte Rampling por Hannah

Copa Volpi de Melhor Ator
Kamel El Basha por The Insult

Melhor Roteiro
Three Billboards Outside Ebbing, Missouri de Martin McDonagh

Prêmio Especial do Júri
Sweet Country de Warwick Thornton

Prêmio Marcello Mastroianni (Performance Jovem)
Charlie Plummer por Lean on Pete

MOSTRA HORIZONTES
Melhor Filme
Nico, 1988 de Susanna Nicchiarelli

Melhor Direção
Vahid Jalilvand por No Date, No Signature

Prêmio Especial do Júri
Caniba de Verena Paravel and Lucien Castaing-Taylor

Melhor Atriz
Lyna Khoudri por Les bienheureux

Melhor Ator
Navid Mohammadzadeh por No Date, No Signature

Melhor Roteiro
Oblivion Verses de Dominique Wellinski e Rene Ballesteros

Melhor curta-metragem
Gros Chagrin de Céline Devaux

Leão do Futuro / Filme de Estreia
Custody de Xavier Legrand

Melhor Documentário sobre Cinema
The Prince and the Dybbuk de Elvira Niewiera e Piotr Rosolowski

sábado, 10 de setembro de 2016

PREMIADOS FESTIVAL DE VENEZA 2016

Frantz: derrotado por quatro horas de filme.

Foi um tanto inesperado quando The Woman who Left do filipino Laz Diaz levou para a casa o Leão de Ouro do Festival de Veneza-2016. O filme em preto e branco, com quatro horas de duração, gerou piadas ao ser exibido, sendo chamado de "o curta" de Diaz - já que seu filme anterior (Lullaby to the Sorrowful Mistery) exibido no Festival de Berlim tinha oito horas de duração (!!!) e seu longa realizado em 2007 (Death in the land of Encantos) tinha nove (!!!!!). O filme sobre uma mulher que passa 30 anos presa injustamente arrebatou o júri do Festival por sua coesão com a história filipina. Outra curiosidade foi reconhecer o nome do carismático ator português Nuno Lopes (que já fez até novela no Brasil) entre os premiados. Veneza apontou outros filmes que devem chamar a atenção na temporada de prêmios que se aproxima - como o musical La la Land de Damien Chazelle que coroou Emma Stone como a melhor atriz do Festival, Jackie que conta os dias de Jacqueline Kennedy (vivida por Natalie Portman) após a morte de John Kennedy e Nocturnal Animals que prova o quanto Tom Ford não teve sorte de principiante em 2009, quando conseguiu elogios por A Single Man (no brasil, Direito de Amar...). A seguir todos os premiados da edição 2006 de Veneza. 

Leão de Ouro
"The Woman Who Left" de Lav Diaz

Grand Jury Prize
"Nocturnal Animals" de  Tom Ford

Leão de Prata de Melhor Diretor 
Amat Escalante (La Region Salvaje)
Andrei Konchalovsky (Paradise)

Volpi Cup / Melhor Atriz
 Emma Stone (La La Land)

Volpi Cup/Melhor Ator
Oscar Martinez (El Ciudadano Ilustre)

Melhor Roteiro  
Noah Oppenheim (Jackie)

Special Jury Prize
"The Bad Batch" de Ana Lily Amirpour

Revelação
Paula Beer (Frantz)

Veneza Horizons - Mostra Secundária

Melhor Filme
"Liberami" de Federica Di Giacomo

Melhor Diretor
Fien Troch (Home)

Special Jury Prize
"Big Big World" de Reha Erdem

Melhor Atriz
Ruth Diaz (The Fury Of A Patient Man)

Melhor Ator
Nuno Lopes (São Jorge)

Melhor Roteiro
Wang Bing (Bitter Money)

Melhor Curta-Metragem
"La Voz Perdida" de Marcelo Martinessi


Melhor Filme de Estreia
"The Last Of Us" de Ala Eddine Slim

terça-feira, 30 de agosto de 2016

FESTIVAL DE VENEZA - 2016

La La Land: Ryan Gosling e Emma Stone chegam à Veneza!

Nos últimos anos o Festival de Veneza começou a ser uma espécie de primeira olhada no que a temporada de prêmios reserva para nós - já que vários filmes exibidos em Veneza ganham fôlego para uma jornada que culmina no Oscar do ano que vem. Entre os filmes que vale a pena ficar de olho nessa retal final do ano são o musical de Damien Chazelle (que abrirá o Festival), o novo drama romântico de Derek Cianfrance, a biografia de Jaqueline Kennedy assinada pelo chileno Pablo Larraín o segundo filme assinado pelo estilista Tom Ford, a esperada novidade da cult Ana Lily Amirpour e a ficção científica assinada pelo canadense Dennis Villeneuve. Entre os veteranos estão os novos filmes de Terrence Mallick, François Ozon, Emir Kusturica e Win Wenders - que sempre chamam atenção dos distribuidores mundiais. A seguir todos os presentes na mostra competitiva desse ano em que o Festival começa no dia 31 de agosto e revela o contemplado com o Leão de Ouro no dia 10 de setembro. 

“The Bad Batch” de Ana Lily Amirpour
“Une Vie” de Stephane Brizé
“La La Land” de Damien Chazelle
“A Luz Entre Oceanos” de Derek Cianfrance
“El ciudadano ilustre” de Mariano Cohn e Gaston Duprat
“Spira Mirabilis” de Massimo D’Anolfi e Martina Parenti
“The Woman Who Left” de Lav Diaz
“La Region Salvaje” de Amat Escalante
“Nocturnal Animals” de Tom Ford
“Piuma” de Roan Johnson
“Paradise” de Andrei Konchalovsky
“Brimstone” de Martin Koolhoven
“On the Milky Road” de Emir Kusturica
“Jackie” de Pablo Larraín
“Voyage of Time” de Terrence Malick
“El Cristo Ciego” de Christopher Murray
“Frantz” de François Ozon
“Questi Giorni” de Giuseppe Piccioni
“Arrival” de Denis Villeneuve
“The Beautiful Days of Aranjuez” de Wim Wenders

sábado, 8 de setembro de 2012

FESTIVAL DE VENEZA 2012

Hoffman e Phoenix: rumo ao Oscar

Com o anúncio dos ganhadores no Festival de Veneza 2012, mais uma vez o Festival parece ditar quem estará no páreo de Melhor Ator do ano na temporada de ouro que se aproxima. Nos últimos anos Mickey Rourke (O Lutador/2008), Colin Firth (Direito de Amar/2009) e Michael Fassbender (Shame/2011) foram premiados e surgiram com força para as premiações. Neste ano a coisa deve ficar ainda mais emocionante, já que The Master (o aguardado novo filme de Paul Thomas Anderson) não traz uma, mas duas notáveis atuações de Phillip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix, numa trama que se inspirou na vida do criador da cientologia L. Ron Hubard. A seguir todos os premiados:

Leão de Ouro (Melhor Filme)
Pieta de Kim Ki-duk

Leão de Prata (Melhor Diretor)
Paul Thomas Anderson (The Master)

Melhor Ator
Phillip Seymour Hoffman / Joaquin Phoenix (The Master)

Melhor Atriz 
Hadas Yaron (Lemale et Ha'Chalai)

Prêmio Marcelo Mastroinani (Novos Talentos)
Fabrizio Falco ("E Stato il Figlio" e "Bella Addormentata")

Melhor Roteiro
Olivier Assayas (Aprés Mai)

Melhor Fotografia 
Daniele Cipri (E Satto il Figlio)

Leão de Ouro do Futuro 
Kuf: Mold (de Ali Aydin)

Prêmio Queer Lion
The Weigth (de Joel Kyu-hwan)

domingo, 11 de setembro de 2011

FESTIVAL DE VENEZA 2011

Fassbender: cavando sua vaga no Oscar.

Apesar de contar com esperados novos filmes de diretores célebres em Hollywood como David Cronenberg (A Dangerous Method), George Clooney  (The Ides of March), Roman Polanski (Carnage), William Fredkin (Killer Joe) e Todd Solondz (Dark Horse), o júri presidido por Darren Aronofsky (que exibiu Cisne Negro no Festival do ano passado) deu preferência aos filmes que estão bem distantes dos filmes americanos. A exceção foi Michael Fassbender (famoso por seu Magneto em X-Men First Class) que foi aclamado por sua atuação como ninfomaníaco no polêmico Shame (o cara tem quatro filmes que não devem passar em branco neste ano e este promete uma vaga nas premiações de 2011). A seguir todos os premiados da edição deste ano:

LEÃO DE OURO DE MELHOR FILME: "Faust" (de Aleksander Sokurov)
PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI: "Terraferma" (de Emanuele Crialese).
LEÃO DE PRATA DE DIREÇÃO: Shangjun Cai (por "People Mountain People Sea").
COPPA VOLPI - MELHOR ATOR: Michael Fassbender (por "Shame" de Alexander McQueen)
COPPA VOLPI - MELHOR ATRIZ: Deannie Yip (por "Tao Jie" de Ann Hui)
MELHOR ATOR JOVEM: Shota Sometani (por "Himizu" de Shion Sono)
MELHOR ATRIZ JOVEM: Fumi Nikaidou (por "Himizu")
CONTRIBUIÇÃO TÉCNICA: Robbie Ryan (o cinefotógrafo de "O Morro dos Ventos Uivantes")
MELHOR ROTEIRO: Giorgos Lanthinos (por "Alpeis")
LEÃO DO FUTURO: "La Bàs" (de Guido Lombardi)