sábado, 27 de novembro de 2010

DVD: O Golpista do Ano


Carrey x McGregor: as caretas de sempre contra uma atuação de verdade.

Filmes sobre vigaristas que realmente existiram parece estar se tornando um gênero em Hollywood, nos últimos tempos tivemos Prenda Me se For Capaz (2002) com Leonardo DiCaprio, O Vigarista do Ano com Richard Gere (2008), O Desinformante com Matt Damon (2009) e recentemente O Golpista do Ano, este foi o que mais teve problemas para chegar ao cinema. Minha curiosidade em torno desse novo filme de Jim Carrey se deu por conta da polêmica em torno de ser a biografia de Steven Russel (vivido por Carrey) , um ex-policial que teria uma vida de pai exemplar não fosse suas aventuras homossexuais às escondidas. Depois de um acidente de carro ele resolve assumir o lado mais gay de sua personalidade e descobre que manter uma vida fashion e de férias eternas ao lado de seu namorado é algo muito caro. Tanto que começa a aplicar golpes nas seguradoras para manter sua vida ao lado do namorado, Jimmy (Rodrigo Santoro) e encher sua ex-esposa (Leslie Mann) e a filha de dólares no natal. Mas como nada fundado sobre a contravenção é simples, ele é logo preso e conhece o grande amor de sua vida: o ingênuo Phillip Morris (Ewan McGregor) - pelo qual fingirá que é advogado para libertá-lo e depois de livre fingirá que é capaz de trabalhar numa grande empresa para criar desfalques capazes de elevar seus luxos à enésima potência. Claro, que tudo isso antes de ser preso novamente... e novamente... e novamente... Precisa lembrar que o filme demorou mais de um ano para estrear nos EUA? Precisa dizer que foi uma grande polêmica as cenas de beijo e ousadias num filme que não recebe o rótulo de voltado para o público GLBT? Os maiores elogios foram direcionados à coragem dos atores de toparem algumas cenas que seriam rejeitadas pelo seu público usual – como de fato foi. Mas o problema maior é o tratamento desengonçado que o diretor Glenn Ficarra e John Requa (de Papai Noel às Avessas) dão à trama. É evidente que queriam algo subversivo, mas esqueceram de lapidar o roteiro. Tudo soa muito tolo e superficial, isso pode se notar claramente na atuação de Jim Carrey, que não alcança a complexidade que o personagem merecia, parecendo apenas um homem esquisito (muito magro, com um cabelo ridículo e de olhar fixo a maior parte do tempo) e desprovido de qualquer emoção. Por isso o maior trunfo do filme seja Ewan McGregor como o ingênuo Phillip Morris, pena que seu personagem é mal escrito até o osso - seu personagem não tem história é apenas o objeto de devoção de Russel. No fim da sessão se tem a impressão que tudo não passou de uma grande brincadeira,  caindo no vazio de não explorar com profundidade seu personagem principal - coisa que os outros filmes sobre vigaristas tiveram o maior cuidado de fazer para, pelo menos, ganhar alguma simpatia do público. Acho que se houvessem escolhido um ator que não pensa que atuar é repetir cocoetes físicos ou vocais o fime poderia até ter dado certo.

O Golpísta do Ano (I Love You Phillip Morris/ EUA-2010) de Glenn Ficarra e John Requa com Jim Carrey, Ewan McGregor, Leslie Mann e Rodrigo Santoro.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Nada a Declarar - Entre 4 Irmãos

Eu não iria estranhar se fizessem um exame de DNA em alguns atores e descobrissem que eles são irmãos, sempre os achei parecidos...

O primogênito: Tobey Maguire
Nascido em Santa Monica na California no ano de 1975, seus pais tinhas 18 e 20 anos quando nasceu, mas quando o pequeno Tobias Vincent Maguire tinha dois aninhos o casal resolveu se divorciar. Tobey acabou crescendo ao lado da mãe e de inúmeros parentes. Foi graças à sua mãe que decidiu largar a culinária e cursar teatro enquanto estudava na sexta série. Até onde sabe é filho único!

O segundo: Jake Gyllenhaal
Nascido em 1980, Jacob Benjamin Gyllenhal nasceu na mesma Califórnia de Maguire (coincidência 1) só que em Los Angeles. Até onde sabemos é filho de um poeta e de uma roteirista. Começou cedo na carreira, aos dez anos - o que pelas minhas contas é a mesma idade que Maguire começou também (coincidência 2). Tem uma irmã reconhecida em cartório (Margareth Ruth, ou melhor, Maggie Gyllenhall, que nasceu exatamente no ano de 1977 em que os pais de Maguire se separaram - coincidência 3). Assim como ela, Jake tem uma indicação ao Oscar de coadjuvante.

O hobbit: Elijah Wood
Nascido um ano depois de Jake (coincidência 1), veio ao mundo em Cedar Rapids no estado de Iowa, que é um bocado longe da Califórnia - ou seja ideal para quem quer construir outra família (coincidência 2) ele começou a carreira aos oito anos de idade (Rá, ou seja, praticamente no mesmo ano em que Maguire e Gyllenhal!! Coincidência 3)! Assim como Maguire começou na carreira artística com o incentivo de sua mãe (coincidência 4) que o matriculou numa associação de talentos em 1988! Os pais de Wood também são divorciados (coincidência 5) e até onde sabe tem dois irmãos legítimos registrados. Wood tem ascendência inglesa...

O caçula: Daniel Radcliffe
 Nascido na Inglaterra (ascendência = coincidência 1, com Wood) em 1989 e começou a atuar com dez anos (ou seja, com a mesma idade de Maguire e Gyllenhall - coincidência 2), como todo caçula tende a ter algumas particularidades que chamam a atenção dos parentes - como sua "Síndrome do desastrado" acarretado por um probleminha neurológico que afeta sua coordenação motora e o fato de ser ateu (rs). Os pais (um agente literário e uma diretora de elenco) começaram a incentivá-lo na carreira em 1999 (três anos após o divórcio dos pais de Elijah - muita coincidência... coincidência 3) quando todos os outros três desse post mexeriqueiro já eram  famosos (ou seja, deve ter sido para ele não se sentir inferiorizado entre os manos - coincidência 4)!

DVD: Entre Irmãos

Jake e Tobey: transfusão de personalidade entre dois irmãos.

Sem o traje de Homen Aranha, Tobey Maguire tem se voltado novamente para as produções intimistas que lhe deram algum reconhecimento na década de 1990. Ele chegou a ser indicado ao Globo de Ouro de ator dramático por sua atuação nesse drama dirigido por Jim Sheridan, mas como o filme foi mal nas bilheterias faltou boa vontade para impulsioná-lo nas demais premiações. Para piorar, ainda se trata da refilmagem de um filme dinamarquês de mesmo nome de 2004, elogiado pela eficiência com que a diretora Suzanne Bier não deixa a coisa descambar para o melodrama. Sheridan muda alguns detalhes da trama, mas ela é basicamente  a mesma: o militar Sam Cahill (Maguire) é o filho exemplar de uma família, casado com a namorada de adolescência (Natalie Portman, sempre correta), pai de duas meninas e que é o total oposto de seu irmão rebelde (Jake Gyllenhaal). Quando o irmão rebelde volta para a família o desconforto do pai (Sam Shepard) é evidente, mesmo diante dos esforços da madrasta (Mare Winningham) o clima pesa. Acaba que o exemplar Sam vai para a guerra e é dado como morto. A esposa acaba se aproximando do cunhado e quando as coisas vão voltando ao lugar, Sam retorna tendo que lidar com seus fantasmas de guerra e o ciúme da relação que se estabeleceu entre a esposa e o irmão rebelde - que se mostra mais redimido que as piores expectativas. O que compromete o filme é justamente seu último ato, quando todas as soluções soam apressadas e explora pouco a relação estabelecida entre os membros dessa família com dolorosas feridas mal cicatrizadas. Maguire impressiona com a culpa injetada em seu personagem, pena que Sheridan amarele exatamente nesse ponto quando deveria explorar a inusitada transferência de personalidade entre os irmãos - algo surpreendente para quem já dirigiu filmes como Meu pé esquerdo (1989) e Em nome do Pai (1993). Os demais personagens sofrem com o pouco espaço que lhes coube até o fim da sessão. Se Sheridan não quisesse poupar o expectador da angústia de seu protagonista o filme poderia ter sido mais bem sucedido. Ainda que inferior ao original (afinal, como sabe o Dogma 95, dinamarquês não tem frescuras) merece uma visita para ver Maguire sepultando Peter Parker em uma aparência cadavérica de alguém que perdeu a vida após retirar a de outra pessoa. 

Entre Irmãos (Brothers/EUA - 2009) de Jim Sheridan com Natalie Portman, Tobey Maguire, Jake Gyllenhaal, Bailee Madison, Mare Winningham, Taylor Geare, Patrick Flueger e Carey Mulligan. ☻☻☻

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Combo: Filmes Favoritos de Heróis



5 Homem Aranha (2002) Acho que Sam Raimi nem imaginava como ele se daria bem ao dirigir a franquia de Spider Man. Considero impressionante a forma como conseguiu reunir tantos elementos harmônicos no filme, para começar a escolha de Tobey Maguire para ser Peter Parker beira o brilhantismo, o cara de bom rapaz caiu como uma luva para o personagem. Pode se dizer o mesmo da Tia Mae de Rosemary Harris, o editor vivido por J. K Simmons, a Mary Jane de Kirsten Dunst, a fotografia, os efeitos especiais... enfim, Raimi realmente soube como formatar a franquia para o cinema nesse episódio! E ainda que todo mundo fale mal do Duende Verde eu considero Willem Dafoe muito bem como um vilão que nasce de uma grande fusão empresarial! A coisa ficou tão legal que até temo pela repaginada que o filme irá sofrer nas mãos de Marc Weber! Grandes poderes exigem grandes responsabilidades!

4 Os Incríveis (2003) As animações estavam entre a fofura dos bichinhos e o deboche aos contos de fada quando surgiu esta animação da Pixar dirigida por Brad Bird. Mais do que um filme sobre heróis o filme é sobre a família e as diferenças entre seus membros - que acaba fortalecendo-os enquanto grupo. Filosofices à parte Os Incríveis é muito melhor do que  a maioria dos filmes de ação de carne e osso que aparecem por aí - e ainda é cheio de referências à Watchmen de Alan Moore. Cheio de heróis insatisfeitos com a aposentadoria, personagens multifacetados (como a estilista de heróis Edna Moda - dublada pelo próprio Bird - deve ter aprendido em Watchmen que capa não é nada funcional...) e fãs vingativos esta aventura do Sr. Incrível e sua família bem que merecia uma continuação! Talvez por ser um desenho tenha sido o único filme de herói a ganhar o Oscar de Melhor Filme - mesmo que seja de animação...

3 X-Men 2 (2003) Bryan Singer me deixou preocupado quando disse que iria dirigir a adaptação dos heróis mutantes da Marvel para o cinema. Ainda bem que X-Men se tornou uma referência para os filmes de heróis ao usar uma atmosfera séria e realista. Depois das inúmeras reclamações da curta direção do primeiro longa Singer fez a sequência anabolizada explorando o passado de Wolverine (Hugh Jackman) e uma verdadeira caça aos mutantes liderada por Stryker (Bryan Cox). Nessa empreitada os heróis de Xavier (Patrick Stewart) e os vilões de Magneto (Ian McKellen) irão se unir por uma causa maior... pelo menos até o quase fim da sessão. O filme continua resistindo ao tom maniqueísta que costuma assolar os filmes de heróis e deixou água na boca para a terceira parte que acabou mudando o diretor e perdendo o tom elegante da narrativa mutuna Singeriana.

2 Watchmen (2009) Fracasso nos Estados Unidos, sucesso na Europa, rejeitado por Alan Moore, divisor da opinião do público e crítica, a histórica saga dos heróis atormentados por seus fantasmas chegou às telas no ano passado após inúmeros adiamentos desde a década de 1980. Vou logo dizendo que sou um dos admiradores do empenho de Zach Snyder em ser fiel à cultuada HQ, mantendo o seu verniz político pessimista e a complexidade de seus mascarados. O elenco competente (especialmente O Comediante de Jefrey Dean Morgan e Rorschach de Jackie Earle Haley) consegue ficar de igual para igual com a exuberância visual do longa. A trama tem como ponto de partida a morte de um dos Vigilantes e que evidencia uma conspiração que pode gerar o fim do mundo.  Trilha inspirada, diálogos perfeitos e clima noir fazem de Watchmen um marco pouco reconhecido nos filmes de heróis, talves por mostrar sem pudores que o pior inimigo pode estar em nossas fraquezas.

1 Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008) A unanimidade que Watchmen não alcançou foi destinada para a segunda aventura do Homem Morcego de Christian Bale sob a batuta de Christopher Nolan. Houve quem ficasse revoltado com a ausência do filme nas categorias mais nobres do Oscar, mas o prêmio póstumo de coadjuvante para o antológico Coringa de Heath Ledger serviu de consolação. Mais crível do que a oportuna visão política sobre a trama - ter alguém para acreditar (encarnado por Harvey Dent/Aaron Eckhart) mesmo entre o caos do Coringa e o limite do morcego justiceiro - é a impressionante relação entre os três personagens. Afinal, o Coringa parece Batman do avesso e Dent se torna a mistura dessas duas figuras de forma mais explícita ao final de suas tragédias pessoais. O filme rompeu a barreira do bilhão, deu carta branca à Nolan em Hollywood e sua sequência (anunciada para 2012) é umas das mais aguardadas de todos os tempos. Santa expectativa Batman! 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

DVD: Homem de Ferro 2


Downey, mais Tony Stark do que nunca: "Ninguém é de ferro, meu chapa!"

Depois de ler e ouvir tantas críticas divididas enfrentei Iron Man 2. Talvez por ter esperado a poeira baixar o filme não me decepcionou. Está certo que o filme tem umas horas de narrativa em ponto morto, tem uma visão ingênua das politicagens e blábláblá... mas é notável como a produção joga todo o peso nas costas de Robert Downey Jr e ele aguenta sem sinais de cansaço. A primeira aventura do herói da Marvel nos cinemas fez um inesperado sucesso nas mãos de Jon Favreau (que acho que deveria ter seus méritos de ator reconhecidos também) e a adesão do público ocorreu especialmente pelo respeito da produção com a história do personagem e o despudor em explorar o lado menos agradável de seu alter-ego, o industrial bélico Tony Stark (Downey). No primeiro Iron Man entendemos porque Favreau bateu o pé para escalar Downey Jr, nesta segunda produção o que vemos é um apetite ainda mais voraz do ator com seu personagem, tanto que o filme acaba explorando mais sua figura do que propriamente do herói. O filme me surpreendeu pela audácia de ter poucas cenas de ação - são só três: a da corrida, a da festa e a sequência final - isso num longa de duas horas e quatro minutos. O roteiro escrito por Favreau e Justin Theroux  investe na comédia (ambos começaram a carreira amparados por elogiados roteiros cômicos) e intensifica isso na insolência egocêntrica de Stark e as neuroses de Pepper Potts (Gwyneth Paltrow, mais a vontade que no primeiro filme).  Apesar de tudo estar centrado demais em Robert a produção se deu ao trabalho de escalar bons atores para participações pequenas, mas pontuais. Don Cheadle assume o posto do amigo oficial Rhodes que foi deixado por Terrence Howard (que desapareceu do mapa), Samuel L. Jackson surge como um Nick Fury revisitado, a tal falada participação de Scarlett Johanson deve durar menos de dez minutos como a agente Romanoff (Viúva Negra) e Mickey Rourke investe na bizarrice do vilão russo Ivan Vanko/Chicote Negro. Se alguém consegue um pouco mais de espaço é Sam Rockwel como um concorrente inescrupuloso de Stark que acaba contando com a ajuda de Ivan Vanko para construir uma armadura ainda mais poderosa do que a de Homem  de Ferro. Ao fim da sessão temos a promessa da aventura no cinema dos vingadores e depois dos créditos a premissa de Thor (que deve ser o próximo lançamento heróico nos cinemas). Se continuar mantendo o estilo deve funcionar com a garotada de férias. Principalmente se o talento de Robert Downey Jr. continuar sendo tão confiável quanto  a armadura do herói (não duvido que ele figure nas indicações ao Globo de Ouro de ator de comédia por sua atuação neste filme).

Homem de Ferro 2 (Iron Man 2/EUA-2010) de Jon Favreau com Robert Downey Jr, Mickey Rourke, Gwyneth Paltrow, Sam Rockwell, Don Cheadle, Scarlett Johansson, Jon Favreau, Samuel L. Jackson e Clark Gregg. ☻☻☻

DVD: O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus


Ledger: ele poderia ter salvo o filme.

As coisas não andam muito boas para o lado de Jude Law, talvez porque os seus cabelos começam a rarear ou porque da mais trabalho do que ele pensava se casar com Sienna Miller - ou talvez as duas coisas estejam relacionadas... - os seus filmes não tem feito o sucesso esperado. Se não fosse ele ter topado o desafio oferecido por Guy Ritchie de encarar um divertido "meu caro Watson" em Sherlock Holmes ele teria colecionado um fracasso atrás do outro na última década. Fracassar num filme bom tudo bem, o problema é fracassar num filme onde nada se salva. Por isso o galã deve ter aceitado a empreitada de ocupar um dos momentos deixados por Heath Ledger nesse O Mundo Imaginário de Doutor Parnassus, mais uma empreitada cheia de imprevistos do diretor Terry Gillian. Desde Os 12 Macacos (1995) que o diretor anda se dando mal em seus filmes, estando cada vez mais supérfluos, se preocupando mais com o visual do que com a história em si. Do visual de Doutor Parnassus não há do que se reclamar, do elenco também não, mas o andar da história... Claro que o filme se tornou um abacaxi depois que seu protagonista Heath Ledger faleceu. Gillian teve que mudar o foco para o personagem de Christopher Plummer e sua trupe e ainda inventar que o personagem de Ledger muda de cara cada vez que atravessa um misterioso espelho. Foi aí que entrou Jude Law (parecendo que tomou Bobol, rindo o tempo todo), Johny Depp e Colin Farrel. O Doutor Parnassus do título é um homem com mais de mil anos que se apresenta com seu teatro mambembe ao lado de um espelho que funciona como portal para o seu imaginário. O problema é que ele fez um acordo com o diabo (Tom Waits, muuuuito estranho) e agora deve pagar sua dívida lhe dando a filha que acaba de completar 16 anos, Valentina (a shape renascentista Lily Cole). Acontece que ele se arrepende do acordo e quer tapear o coisa ruim. Um novo acordo acaba sendo feito e ele tem que arranjar cinco almas em troca da moça. Nessa confusão ele acaba contando com a ajuda involuntária de um homem misterioso (Ledger), o qual  foi encontrado enforcado numa ponte. O tal consegue atrair o público e o coração de Valentina, despertando o ciúme de assistente de palco Anton (o novo spider man Andrew Garfield, numa atuação comicamente estranha). Tudo no filme é desengonçado, as cenas através do espelho, a atuação dos atores convidados para tampar o buraco deixado por Ledger, as metáforas se perdem pelo caminho (os dramas da imortalidade, a importância de se contar histórias, a relação o imaginário e a mentira...) e a coisa termina de forma insatisfatória. O elenco (que ainda conta com o excelente anão Verne Troyer) se esforça, mas a qualidade do texto é claudicante, talvez porque seja um drama e o diretor resolveu tratar como uma comédia quase pastelão. Espero que Gillian volte à sua antiga forma sem outros incidentes trágicos sobre seus filmes, a coisa já está ficando chata... 

O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus (The imaginarium of Doctor Parnassus/França-Canadá-Reino Unido/2009) com Christopher Plummer, Heath Ledger, Lily Cole, Verne Troyer, Andrew Garfield, Johny Depp, Colin Farrel e Jude Law. ☻☻

Um cérebro artificial para um filme artificial

Neste final de semana tentei encarar um tal de Os Coletores, o nome de fato não ajuda - e fica ainda pior quando ouvimos a tradução na dublagem: O Resgate de Órgãos. Só sei que o filme em inglês se chama Repo Men e conta com Jude Law, Forrest Whitaker, Liev Schreiber e a brasileira Alice Braga em mais uma de suas aventuras pelas bandas de lá. Eu poderia escrever algo mais substancial sobre o filme se não o considerasse um dos mais desinteressantes em que coloquei os olhos nos últimos tempos. Entendi que a história se passa num futuro onde uma companhia vende órgãos artificiais para transplante, só que quando alguém não paga uma prestação esse órgão é retirado sem a menor preocupação pelos tal Repo Men. Podia ser mais interessante se o diretor percebesse que uma trama dessas daria uma boa reflexão para o seu público se não fosse o tom jocoso da trama - que ele deve pensar que é humor negro. Tudo é motivo de gracinhas e é mostrado com uma frieza macabra de fazer inveja à série Jogos Mortais, tanto que os atores ao invés de aprofundar personagens ficam rindo o tempo todo feito um bando de bocós.  Me disseram que depois o personagem de Jude tem problemas cardíacos, coloca um coração artificial, não tem dinheiro para pagar e é perseguido pelos seu amigo de profissão (Whitaker). Como eu só vi até a parte em que a esposa se separa dele, eu acho que ele deve flertar com a Alice Braga em meio a algumas ceninhas de ação e mais algumas piadinhas sem graça. Agora entendo porque o filme saiu direto em DVD por aqui. Se você acha que depois do momento em que eu parei de ver o filme as coisas melhoram, por favor, me diga que vou encará-lo com alguma boa vontade... pelo menos o poster que eu achei do filme ilustra bem o clima da coisa.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Apostas para o Oscar 2011 - PARTE IV

127 horas
Será que Danny Boyle consegue derrubar seus oponentes mais uma vez? Depois de Quem Quer Ser Um Milionário? ele figura na lista de prováveis candidatos, especialmente pela atuação de James Franco (cujo a indicação é tida como certa após a esnobada por seu papel em Milk). A trama é inspirada na história verídica do alpinista Aron Ralston que em 2003 escalava em Utah e seu antebraço direito ficou preso sob uma pedra durante cinco dias. O filme segue a estrutura narrativa da mente de Aaron nesse tormento e tem causado vertigens sobre a saída que encontrou para sua tragédia.

Frankie & Alice
Depois de longo e tenebroso inverno Halle Berry está jogando pesado para reconquistar seu prestígio em Hollywood. A atriz interpreta a protagonista deste drama psicológico. Quem viu que a primeira atriz negra a ganhar um Oscar pode entrar no páreo de novo no ano que vem, o problema é a concorrência pesada para o ano que vem. Berry interpreta uma jovem mulher negra com múltiplas personalidades, sendo uma  delas racista. Como a Academia adora um comeback factor o filme pode surpreender.

 Made in Dagenhan
Um elenco de encher os olhos pode chamar a atenção da Academia desse elogiada dramédia inglesa: Sally Hawkins, Miranda Richardson, Bob Hoskins e Rosamund Pike dão vida a um roteiro sobre um caso de discriminação ocorrido em 1968. O filme tem todos os atrativos para a academia de Hollywood - e o mais importante deles é que se trata de um filme mais bem realizados do ano, cortesia do diretor Nigel Cole (do ótimo O Barato de Grace).

True Grit
Eu tenho certo receio com a presença de refilmagens entre os indicados ao Oscar, geralmente eles não dão sorte, agora imagina se for um clássico de John Wayne? Mas o fato desse remake de Bravura Indômita ser feito pelos irmãos Coen pode ajudar. O filme conta a famosa saga do cowboy bêbado e caolho na caçada de um assassino. Os Coen sempre quiseram fazer um faroeste, mas não precisava caprichar tanto no elenco: Matt Damon, Jeff Bridges e Josh Brolin. Vamos ver como a Academia lidará com esse remake.

Conviction
Annete Benning deve ter um colapso nervoso cada vez que alguém fizer um comentário sobre a atuação de Hillary Swank neste drama sobre a relação entre dois irmãos. Baseado numa história real o filme é um desses filmes pequenos que pode ganhar força nessa reta final. O filme conta o drama de Betty Anne Waters, cujo irmão, Kenny, foi acusado de ter matado uma mulher em Massachussets em 1980. O filme tem causado polêmica pela visão humana criada ao redor do assasssino, mas a atuação de Sam Rockwell pode vencer tudo isso - ainda mais depois de sua criminosa rejeição no ano passado por Moon.

The Fighter
Filmes de boxeadores costumam ser todos iguais. Este aqui conta a história do lutador "Irish" Micky Ward, vivido por Mark Wahlberg. Treinado por seu meio-irmão Dicky (Christian Bale), os dramas saem dos ringues quando as vidas começam a ser afetadas pela violência e as drogas. A direção é de David O. Russel e o elenco ainda conta com ajudas anabolizadas de Amy Adams e Melissa Leo, ambas cotadas para os prêmios de coadjuvante.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

DVD: Kick-Ass

 Johnson, Moretz, Cage e Plasse: O heroísmo segundo Mathew Vaughn

Se neste ano Nicolas Cage errou feio em Aprendiz de Feiticeiro ele conseguiu um acerto, a adaptação de Matthew Vaughn para a HQ Kick-Ass. Está certo que ele é coadjuvante na trama, mas sua participação consegue imprimir ao personagem um misto de heroísmo e insanidade que lhe caem muito bem. Kick-Ass parece um filhote de Watchmen, uma releitura teen de heróis em contato com o mundo real. Vaughn ousa não ter pudores em colocar adolescentes em situações violência buscando um equilíbrio perigoso entre padecer do próprio alvo de sua crítica. Sorte que Vaughn é esperto. O filme não foi bem na bilheteria americana, mas quem se importa? Trata-se de um dos filmes mais espertos desse ano e que se a Academia não fosse tão conservadora poderia colocá-lo entre os indicados ao Oscar em algumas categorias. O filme acompanha as desventuras do adolescente nerd (Aaron Johnson) que resolve se vestir de super-herói e combater o crime. Obviamente que num filme que se pretende realista ele se torna um verdadeiro saco de pancada dos marginais de toda a espécie. Paralelo à essa trama conhecemos uma garotinha, que foi treinada desde cedo para ser uma verdadeira máquina mortífera - para vingar a morte de sua mãe. Chamada Hit Girl (a ótima Chloe Moretz), ela foi treinada pelo seu pai Big Daddy (Cage) para se tornar uma heroína eles logo se juntam ao espancado Kick Ass mais para protegê-lo do que por necessidade, logo os destinos de ambos irão se cruzar com o grande vilão da cidade (o vilão do momento Mark Strong) e seu filho, o alter-ego do misterioso Red Mist (o muito bom Christopher Mintz-Plasse). Apesar de alguns exageros o filme consegue ser divertido e ainda trazer referências do mundo das HQs, pode não agradar todo mundo – vi o filme no cinema e vi que muita gente ficou surpresa com o que estava na tela. Longe de ser bobo (apesar de seu início querer dizer o contrário) o filme descasca nosso culto aos heróis sem ingenuidade. Mas se algo incomoda, a pequena Chloe Moretz tem a tarefa de nos fazer esquecer as imperfeições e aproveitar a sessão com sua espada que corta vilões como se fossem de manteiga - o filme é literalmente dela – afinal, trata-se do filme de herói que Vaughn queria fazer desde que produzia os filmes de Guy Ritchie: violento, moderninho e de sorriso nervoso estampado por debaixo da máscara. Veremos se ele repetirá o estilo em X-Men First Class.

Kick Ass – Quebrando Tudo (Kick Ass/ EUA-Inglaterra, 2010) de Matthew Vaughn com Aaron Johnson, Chloe Moretz, Mark Strong e Christopher Mintz-Plasse. ☻☻☻☻

CATÁLOGO: Presságio

Cage: poucos pontos numa década catastrófica.

Talvez por Nicholas Cage ter me decepcionado na última década eu deixei Presságio na minha geladeira mental. Colaborou para isso o fato do filme ser dirigido por Alex Proyas – que mesmo alcançando visual arrojado em seus filmes eu só gosto do primeiro, o longínquo “O Corvo” com Brandon Lee. Mas ainda bem que o cinema é uma caixinha de surpresas e encarei o filme nesse fim de semana e descobri que a obra tem seus méritos. A trama começa com uma menina na década de cinqüenta escrevendo uma sucessão de números para ser guardada numa cápsula do tempo na escola. A garotinha esquisita escuta vozes e só cinqüenta anos depois irão descobrir que a guria estava prevendo as maiores catástrofes dos últimos anos. Quem descobre essa estranha premonição é o personagem de Nicolas Cage - que se não surpreende pelo menos consegue manter a seriedade, mesmo quando a trama tem seus momentos mais estapafúrdios. Nada contra a idéia da menina sinistra prever o futuro, Proyas consegue até amparar o clima crescente de suspense, até quando descobrimos a filha crescida a então garotinha – a qual diz que a última data escrita coincide com o dia de sua morte. Para animar (!?) a garotada, o filme tem cenas espetaculares de desastres (a queda de um avião à beira da estrada em que Cage se encontra, o acidente no metrô em que ele está dentro... ou seja, se vê-lo saia correndo!) e que alimentam de forma assustadora a angústia de se prever o futuro e ser impotente diante dos fatos – inclusive pela descrença alheia. Claro que o filme não se aprofunda muito nisso, afinal o filme não trai sua origem de filme pipoca. O problema mesmo é meter alienígenas na trama na sua reta final, uma coisa forçada e que acaba ridicularizando a trama no momento em que deveria ser mais dolorosa. Tudo bem que quisessem salvar aquelas criancinhas, mas do jeito que o roteiro mostra beira o risível, afinal é coincidência demais – assim como o fato da casa de Cage parecer mal assombrada (tal e qual uma casa encontrada no meio da floresta da mulher visionária morta). No fim das contas o filme se salva da vala dos filmes que o ator tem feito nos últimos anos, não é brilhante, mas também não compromete.


Presságio (Knowing/EUA-2009) de Alex Proyas com Nicolas Cage e Gabrielle Rose. ☻☻

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

DVD: As Melhores Coisas do Mundo


Miguez: olhos de Winona Ryder num mundo descartável.

Existe algo de afetivo entre eu e o cinema de Laís Bodanzky, a celebrada diretora de Bicho de 7 Cabeças e que recentemente lançou seu terceiro longa, este As Melhores Coisas do Mundo. Nós estudamos na mesma Universidade e percebo, em seu cinema, muito das discussões que apreendi em minha vida acadêmica. Portanto, mesmo novos e diferentes da maioria da safra nacional, suas obras me trazem algo nostálgico, não no sentido saudosista, mas num sentido (talvez até inexistente para o termo) de oxigenação. As Melhores Coisas do Mundo deve ter feito algum suceso nos cinemas pela participação do filho de Fábio Jr, o "meu primo" Felipe Galvão (mais conhecido como Fiuk) mas o filme tem outros méritos que o fazem merecer ser visto. Pra começar é um raro caso de filme nacional voltado para os adolescentes, para ser mais específico o de classe média - um público ingrato ao cinema, já que prefere ficar em casa pendurado na internet, bater perna no shopping ou aproveitando as maravilhas da TV por assinatura -, talvez por isso a diretora tenha sido muito sábia em universalizar as situações que vemos no roteiro que se desenvolve sem pressa num universo de situações que podem acontecer em qualquer lugar. O protagonista do filme é Mano (Francisco Miguez, que tem os olhos da Winona Ryder) um adolescente de quinze anos que não vê a hora de perder a virgindade. Até aí nada demais, já que dez entre dez filmes para adolescentes possuem essa temática, o diferencial vem depois. Primeiro mano descobre que seus pais estão se separando sem maiores explicações (somente depois descobre que seu pai está deixando a família para viver um relacionamento homossexual), depois Mano investe em suas poucas chances com a garota mais cobiçada da escola até que percebemos o foco principal do filme. As Melhores Coisas do Mundo trata de uma cítica ao mundo onde tudo é descartável, descartabilidade alimentada por preconceitos, essas coisas daninhas que separam as pessoas pelos motivos mais idiotas. Ao mesmo temo, Bodanzky cria um universo de bolha sem oxigênio numa escola, cheia de jovens onde as mais diversas expectativas se encontram, se unem ou repelem, traça perfis individualistas, coletivos, intelectuais que (não?) funcionam no contato com a realidade, a propagação de maledicências por meios eletrônicos, os egos feridos ou inchados, professores assediados, fotos comprometedoras, perseguições, traições, tendências suicidas... Sorte que em meio a tudo isso o filme parece nos dizer que não devemos ter medo de enfrentar o mundo e seus desafios. Uma questão de marcar posição mesmo, mostrar que está insatisfeito e que nem sempre o que parece tão atraente realmente o é. O filme pode não ser perfeito (as cenas nem sempre bem encadeadas, a repetição exaustiva de Something in the way dos Beatles, mas ok, ela mostra que os rapazes de Liverpool nunca serão descartados) mas trata-se de uma obra original em nosso cinema. O roteiro de Luiz Bolognesi foi baseado nos livros da série Mano de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, que merece ser conferido, nem que seja para concluir que as melhores coisas do mundo estão longe de ser descartáveis.  

As Melhores Coisas do Mundo (Brasil/2010) de Laís Bodanzky com Francisco Miguez, Fiuk, Denise Fraga, Caio Blat e Paulo Vilhena. ☻☻☻☻

DVD: Uma Noite Fora de Série


Fey e Carrell: ajuda de Wahlberg para salvar o casamento monótono?

Ano passado muita gente se surpreendeu com o Globo de Ouro de Melhor Comédia para Se Beber Não Case. Fazendo um paralelo com esse ano o mais próximo do filme de Todd Phillips foi esse sucesso estrelado por dois comediantes de primeira linha dos EUA, Steve Carrel (da série The Office) e Tina Fey (da série 30 Rock) são os Foster (só o fato de terem nome de ração já parece uma piada), um casal suburbano que segue sua vidinha simples e monótona cuidando dos filhos, do trabalho (no caso, ele de advogado tributarista) e da casa de gavetas sempre abertas pelo caminho. Uma vez por semana eles saem para um jantar sem grandes emoções na cidade e se divertem criando diálogos inusitados para quem está por perto. Enfim, os Foster, apesar de bacanas são um casal que mais parece uma dupla de amigos que dividem o mesmo quarto. O pior é que quando resolvem se aventurar num desses jantares semanais vão para um restaurante caro e assumem a reserva de um outro casal: os Triplehorn. A pequena contravenção será o início de uma noite onde terão que desafiar suas comodidades para sobreviver. O tal casal Triplehorn parece estar sendo perseguido por um mafioso local (Ray Liota) e eles acabam sendo sequestrados, perseguidos e quase mortos por conta disso. Mas não se preocupe, não é nada muito sombrio, o filme lembra aquelas produções que misturavam comédia e ação que eram comuns na décadas atrás e que fizeram a glória de Goldie Hawn e Kathlen Turner. Para se livrar dessa enrascada o casl Foster irá contar com a ajuda de uma policial bem intencionada (Taraji P. Henson, a mãe de Benjamin Button) e um descamisado de influência governamental (Mark Wahlberg). Apesar de ter um roteiro simples e esquemático a dupla de atores prende a atenção do público e fazem valer o ingresso especialmente por três momentos hilariantes (a fuga do Central Park, os carros grudados correndo por Nova York e a cena de dança na boate de strip-tease), sem falar na participação inusitada de James Franco como um autêntico whitetrash que é fã de Jeane Triplehorn - devidamente acompanhado de sua esposa interpretada por Mila Kunis (premiada em Veneza por Black Swan). Dizem que o filme foi rodado durante as férias de Carrel e Fey de seus programas televisivos, mas o sucesso de bilheteria inesperado deve garantir uma continuação em breve a ser rodada nas próximas férias, bom para os  Foster que terão outra noite animada para apimentar a relação!

Uma Noite Fora de Série (Date Night/EUA-2010) de Shawn Levy com Steve Carrell, Tina Fey, Taraji P. Henson, Mark Wahlberg, Mila Kunis, James Franco e Ray Liotta. ☻☻☻

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Apostas para o Oscar - Parte III

 Fair Game
O filme de Doug Liman (que se aventura por um gênero mais 'sério' do que em seus filmes anteriores) conta a história real de um jornalista conservador que descobre que sua esposa é uma agente da CIA, a partir daí uma série de implicações políticas envolvendo pós-11 de setembro passa a afetar essa família. O duplamente oscarizado Sean Penn está no elenco, mas quem rouba a cena é Naomi Watts - que merecia um Oscar desde que foi revelada por David Lynch em Cidade dos Sonhos. O filme passou em branco em Cannes, mas eles costumam fazer isso com filmes americanos mesmo...

Another Year
Aclamado em Cannes no início do ano, o novo filme de Mike Leigh deve ter algumas indicações ao Oscar, especialmente para o seu elenco que tem a difícil tarefa de lidar com uma trama simples sobre o passar do tempo, as alegrias e insatisfações do cotidiano de um casal de idosos e seus agregados. A Academia adora as obras de Leigh (e eu também) e deve render ao filme indicações graúdas como filme, direção, roteiro e atores (que inclui Jim Broadbent, Lesley Manville e Ruth Sheen).

Never Let Me Go
O ex-diretor de clipes Mark Romanek parece que finalmente será reconhecido nas telas de cinema (depois do esnobado interessante Retrato de uma Obsessão, que pelo menos deveria ter sido indicado ao prêmio de fotografia). Baseado no livro de Kazuo Ishiguro que conta a história de três amigos que estudaram numa misteriosa escola e se deparam com seu mórbido destino ao crescerem. Não empolgou? Então o elenco pode ajudar: Keira Knightley, Carey Mulligan e o novo Spider-Man Andrew Garfield.

Blue Valentine
Há quanto tempo você não vê um drama romântico contemporâneo dos bons? Essa produção escassa do gênero é um dos grandes responsáveis pela empolgação e pelas especulações sobre a presença de Blue Valentine entre os candidatos aos prêmios do ano, especialmente para o seu casal Ryan Gosling e Michelle Williams - que se firma como dois dos maiores atores da geração em meio à crise no relacionamento. O filme de Derek Cianfrance foi sucesso em Sundance.

Miral
Julian Schnabel costuma chamar atenção com seus filmes (Antes do Anoitecer com Javier Barden e O Escafandro e a Borboleta... a essa altura ninguém lembra de Basquiat, mas mesmo assim tá valendo). O filme acompanha um abrigo para refugiados após a criação do Estado de Israel. Dizem que o filme deve indicar Freida Pinto (Quem quer ser um milionário) ao prêmio de coadjuvante por sua atuação como professora num campo de refugiados. No elenco ainda estão Vanessa Redgrave, Alexander Siddig e Hiam Abass.

domingo, 7 de novembro de 2010

Catálogo: Ponte para Terabítia

Leslie e Jess: construindo um mundo paralelo.

Desde que O Senhor dos Anéis colocou a fantasia de novo na pauta de Hollywood os estúdios se degladiam pelo gênero e desde então veio Harry Potter, Crepúsculo, Crônicas de Nárnia, Desventura em Série, Bússola de Ouro, Alice repaginada... uns funcionam outros não. Entre tudo isso houve Ponte para Terabítia, baseado na obra de... que é uma fantasia que capta a essência que muitas dessas obras perderam entre toneladas de efeitos especiais. A trama é bem simples, Jess (o bom Josh Hutcherson, que parece o irmão caçula do Ben Affleck) é um garoto de família humilde perseguido pelos colegas da escola. Seu passatempo é desenhar e admirar a professora dé música (Zooey Deschannel) enquanto se divide entre as preocupações financeiras de sua família. As coisas começam a melhorar quando ele conhece sua nova vizinha (a lourinha quase veterana Anna Sophia Robb), filha de escritores e de imaginação fértil, juntos os dois irão construir um mundo paralelo à realidade que percebem em suas famílias e colegas de escola. Sendo assim eles constroem Terabítia, uma terra mágica de seres esquisitos e que existe apenas na mente dos dois. O maior trunfo do filme é mostrar um roteiro baseado numa brincadeira de dois pré-adolescentes onde controem um mundo de fantasia que funciona mais do que uma fuga da realidade e sim como uma releitura do mundo em que vivem. Assim, os colegas chatinhos da escola viram esquilos e urubus mal intencionados, á garota grandalhona vira um ogro, em alguns momentos o roteiro parece romper essa separação entre realidade e fantasia e o resultado parece uma versão light de O Labirinto do Fauno (2006), principalmente quando percebemos, assim como Jess, que a realidade afeta nossas fantasias e não importa o quão dolorosa ela seja. Temos que saber lidar com nossas perdas  e culpas, percebendo que temos amigos mesmo onde não notamos. Pela simplicidade com que conta sua história infanto-juvenil o filme merece atenção. Esqueça as músicas melosas e aproveite o que o filme tem de melhor: lembrar a infância. 

Ponte para Terabítia (Bridge to Terabithia/EUA-2007) de Gabor Csupo com Josh Hutcherson, Anna Sophia Robb, Zooey Deschannel e Robert Patrick.

Ladies & Gentlemen: Helena Bonham Carter

Helena Bonham Carter é uma das minhas atrizes favoritas, filha de uma psicoterapeuta (que a ajuda a compor as personagens) e um banqueiro, a atriz começou na carreira na década de 1980 tendo seu primeiro papel de destaque em Uma Janela para o Amor (1985) de James Ivory, depois teve uma participação na série Miami Vice aqui, um outro filme de Ivory ali (Maurice de 1987). Mas Hollywood pareceu notar os dotes shakesperianos da atriz ao lhe entregar o papel de Ofélia no mortífero Hamlet encabeçado por Mel Gibson (1990). Três filmes e dois anos depois, a atriz trabalhou novamente com James Ivory no aclamado Retorno a Howard's End (1992), que oscarizou Emma Thompson, ex-esposa de Kenneth Branagh que escalou Helena para ser a noiva de seu Frankenstein (1994) e acabou se apaixonando por ela. No ano seguinte ela se rendeu aos pedidos de Woody Allen e foi a esposa chatinha de Poderosa Afrodite (1995). As premiações só notaram Helena quando ela encarou a obra de Henry James no caloroso Asas do Amor (1997), onde ela  interpretava uma golpista prestes a tomar a fortuna de uma jovem rica. Os dilemas morais de sua personagem lhe valeram a primeira indicação ao Oscar de atriz. Apesar dos elogios, poucos papéis surgiram para a atriz e ela acabou voltando para a Tv participando da minissérie Merlin (1998). No mesmo ano atuou em outro filme de Kenneth Branagh, o pouco visto Livre para Voar, onde interpretava uma mulher com problemas físicos. O filme acabou sendo o ponto final de sua relação com Branagh e ela começou a investir em alguns papéis mais... digamos... audaciosos. Foi assim que topou ser a maluquete Marla de Clube da Luta (1999) de David Fincher, onde muita gente esperava uma indicação ao Oscar de coadjuvante para a atriz. Depois de perder o papel de Bridget Jones para Reneé Zellwegger ela trabalhou com Tim Burton em sua malfadada versão de Planeta dos Macacos (2001) e acabaram se casando. Desde então os maiores destaques na carreira da atriz são os filmes do marido: Peixe Grande (2003), A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), A Noiva Cadáver (2005).  Como nem tudo é família ela emprestou a voz para a vilã de Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais (2005) e estreou na saga Harry Potter em A Ordem da Phoenix (2007) como a bruxa mais estranhamente sexy do cinema. A melhor parceria da atriz com Tim Burton foi no musical gótico Sweeney Todd (2007) que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro.  Depois ela emprestou alguma credibilidade para Exterminador do Futuro: A Salvação (2009) no mesmo ano foi lembrada em algumas premiações por sua atuação no telefilme Enid. Agora em 2010 ela engatou três filmes de grande projeção, foi a cabeçuda Rainha de Copas de Alice no País das Maravilhas, além de protagonizar The King's Speech ao lado de Colin Firth  e a primeira parte do último filme da saga Harry Potter: As Relíquias da Morte, dois deles devem lhe fazer figurar nas grandes premiações do ano.
Marla em Clube da Luta: uma doidinha num roteiro esquizofrênico.

DVD: Alice no País das Maravilhas


Helena: a melhor coisa de um filme que está longe de ser uma maravilha.

Semana passada Helena Bonham Carter mostrou que está no páreo do Oscar por dois filmes, além de The King's Speach ela anda cotada para a categoria de coadjuvante por sua inesquecível Rainha de Copas no último filme de seu marido Tim Burton. Na semana passada a atriz ganhou o Hollywood Award de coadjuvante pelo papel. O prêmio não chega a ser um grande termômetro para o Oscar - afinal premia os filmes antes que alguns trunfos dos estúdios para a época de ouro sejam lançados. Devido a esse prêmio resolvi vencer meus preconceitos e escrever essa breve resenha sobre aquele que julgo ser o pior filme de Tim Burton (sim, o acho pior do que o trash Marte Ataca!). Assim que o filme foi lançado Burton foi esperto para tirar o corpo fora e dizer que o filme foi feito sob encomenda para a Disney, com uma única exigência: ser em 3D. Diante do resultado nas bilheterias (o filme rompeu a barreira do bilhão) o estúdio não tem do que reclamar, já os fãs do cineasta... Pra começo de convera é completamente inútil fazer a personagem principal aparecer crescida e insatisfeita com seu noivado se dali para frente o que vemos é uma espécie de versão diluída e sem graça da clássica história de Lewis Carrol (que já chegou aos cinemas numa versão mais competente em animação da própria Disney). Mia Wasikowska passa o filme todo com a mesma cara de quem comeu algo estragado e que está prestes a desmaiar, como Alice ela se contenta em fingir que está surpresa em ver que sua Wonderland na verdade é Underland (?!) e que tudo está muito mais obscuro com a Rainha de Copas (Helena Bonham Carter) reinando por lá. curioso é que o motivo da decadência de Underland é a melhor coisa do filme! Num filme cheio de erros e que tropeça em suas próprias pretensões, o que salva mesmo é a atuação de Helena com um estranho efeito em que aparece com uma cabeça gigantesca. Em meio a tanta artificialidade que vemos na tela são os olhos repletos de alma da atriz que chama a atenção mais do que qualquer efeito especial. Nem adianta tentar falar do efeito 3D que não faz a mínima diferença da trama sofrível. Até Johny Depp (como Chapeleiro Maluco) acaba fazendo mais do mesmo (só acrescenta uma dancinha ridícula ao final da sessão) e Anne Hathaway merecia coisa melhor depois de sua indicação ao Oscar (por O Casamento de Rachel) do que interpretar a insossa (e inventada) Rainha Branca.  No fim das contas a marca de Burton se restringe ao visual (que deve render indicações pelo figurino, maquiagem, efeitos especiais e direção de arte) e seus atores fetiches (Helena e Depp que já estão na sexta  parceria com Burton), mas o que o diretor poderia ter feito com a clássica Alice de Carrol só podemos ver num breve momento onde vemos a personagem pequenina ao final da sessão. Um dos filmes mais esperados do ano mostrou-se um dos mais decepcionantes e só não é pior por conta da magistral patroa de Burton, o qual ele deve agradecer todos os dias por tê-la em casa.

Alice no País das Maravilhas (Alice/EUA-2010) de Tim Burton com Mia Wasikowska, Helena Bonham Carter, Johny Depp e Anne Hathaway.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Apostas para o Oscar 2011! - Parte II

Somewhere
Não é novidade para ninguém que Sofia Coppola pode se tornar a segunda diretora a levar um Oscar de direção para casa. Veneza já se rendeu ao seu novo filme, agora só falta Hollywood fazer o mesmo. Somewhere possui traços auto-biográficos ao contar a história de uma adolescente e seu relacionamento com seu pai astro de cinema. O filme ainda deve ter indicações nas categorias de filme, roteiro original, ator (Stephen Dorff) e atriz para Elle Fanning!

Biutiful
Outro que fez sucesso em festivais foi Biutiful de Alejandro González Eñarritú. Premiado em Cannes na categoria ator (mais um para coleção de Javier Bardem) o filme é mais um daqueles dramas pesadões que o diretor adora fazer, só que dessa vez ele assina o roteiro da trama de um homem envolvido com negócios ilícitos e problemas familiares. Se a coisa ainda não impressiona imagine até descobrir que ele tem câncer. O filme deve render mais uma indicação para Bardem e mesmo que não concorra ao prêmio principal é aposta certa na categoria filme estrangeiro (já que foi o eleito pelo México para representar o país).

The King's Speech
Se a Academia errou feio no ano passado ao não oscarizar Colin Firth por sua fenomenal atuação em Single Man, nesse ano ela pode reparar essa dívida com sua aclamada atuação em The King's Speech sobre os desafios do Rei George VI para superar a sua gagueira. O filme ainda traz uma forte concorrente no páreo de coadjuvante: Helena Bonhan Carter, que tem suas chances ampliadas depois de ser a única coisa que salva o sucesso Alice no País das Maravilhas do seu marido Tim Burton.

Get low
Em meio as estréias fracotas do verão americano desse ano, Get Low acabou virando uma espécie de oásis no deserto com sua trama amalucada sobre um eremita (Robert Duvall) que resolve organizar seu velório em vida para que possa aproveitar a festa. Para essa tarefa curiosa ele conta com a ajuda de um espceialista em funerais (Bill Murray). O filme é desenvolvido a partir de uma lenda urbana do Tennessee e agradou público e crítica com suas tiradas cômicas e sentimentais. O tipo de filme que acaba surpreendendo por sua despretensão.

Splice
Se ano passado duas ficções científicas chegaram aos dez finalistas do Oscar (Avatar e Distrito 9) esse ano o que deve fazer companhia à A Origem é Splice. O fime conta a história de um casal de cientistas (Adrien Brody e Sarah Polley) que misturam genes humanos ao de outros animais e dão origem a um ser híbrido criado em laboratório. Logo se apegam a ele. Logo criam outro... depois percebem que as coisas não são tão fáceis quanto pensam. Boas críticas amparam essa alegoria sobre o complexo de Deus de alguns cientistas. O diretor é o canadense Vincenzo Natali, responsável pelo sucesso nas locadoras: Cubo.  

DVD: Julie & Julia


Meryl e Tucci: O lado divino da culinária.

Outra cineasta que conseguiu sucesso no ano passado com o apoio de Meryl Streep foi Nora Ephron. Fazia tempo que a diretora não conseguia agradar o seu público (e tão pouco a crítica) mas com Julie & Julia as coisas mudaram. Meryl interpreta Julia Child, personagem ícone da cultura gastronômica dos Estados Unidos, a primeira mulher a ter aulas na mais prestigiada escola culinária França. Esposa de diplomata ela teve que lidar com a esnobação francesa e ainda mostrar que uma mulher pode ser uma chef de prestígio. Sei que hoje isso não parece nada demais, mas na década de 1940 a coisa era complicada. O roteiro de Ephron mescla a história de Julia ao de Julie Powell (Amy Adams) uma jovem insatisfeita de Nova York que resolve comentar num blog sua experiência com os 524 pratos do clássico livro de Julia - o que também não é uma tarefa das mais fáceis. O que acho mais interessante no filme (além da atuação de Meryl, que ganhou o Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar pelo papel) é o olhar que a diretora lança sobre a mulher em dois períodos distintos. Julia vive em meados do século XX com o seu marido (Stanley Tucci, que atuou com Meryl em O Diabo Veste Prada e exibe aqui  a mesma química) e Julie é uma nova-iorquina típica do século XXI, mas muito mais insatisfeita, mas que reencontra na culinária um prazer que faltava em seu cotidiano. Os desavisados podem até imaginar que há algo de machista nisso, mas Julia Child não tinha nada de submissa ou oprimida e por isso serve de inspiração para Julie, que apesar de todos os caminhos possíveis da modernidade se reencontra com o umbigo no fogão. Prefiro imaginar que o filme é sobre essa coisa quase divina que é preparar um prato, misturando ingredientes, servindo aos amigos numa boa conversa e dormir satisfeito por ter compartilhado o sabor de uma taref. Mais do que sobre mulheres e suas vidas o filme é sobre um objetivo: seja fazer um suflê ou encontrar um sentido para uma vidinha que parece medíocre. Por isso o filme termina com a publicação do livro de Julia (após um árduo processo editorial) e o ponto final no blog de Julie. Nosso legado nos faz interagir com as pessoas e, de certa forma, nos destina a imortalidade. Seja pelo alimento físico ou escrito. 

Julie & Julia (EUA-2009) de Nora Ephron com Meryl Streep, Amy Adams, Stanley Tucci, Chris Messina e Jane Lynch. ☻☻☻ 

DVD: Simplesmente Complicado


Meryl e Alec: Como adolescentes em crise.

Recentemente fiz a lista das diretoras que estão cotadas para ganhar um Oscar - mesmo sabendo que algumas não serão sequer indicadas. Um amiga viu a lista e me perguntou se havia esquecido de Nancy Meyers. Ela ficou visivelmente decepcionada quando eu disse que não havia me esquecido, ela simplesmente não deveria estar ali. Meyers ainda tem que amadurecer um bocado para fazer com que suas comédias românticas se tornem premiáveis. Se a crítica viu algum potencial em Alguém tem que ceder (2003) - e até a Academia, já que rendeu à Diane Keaton uma indicação ao Oscar de atriz - elas diminuiram quando a diretora cometeu O Amor não Tira Férias (2006) com Cameron Diaz (que é uma das coisas mais xoxas que vi no cinema recente, que só não é pior porque ela teve o bom senso de colocar Kate Winslet no elenco). Ano passado ela voltou a querer agradar a terceira idade e lançou o simpático Simplesmente Complicado, que só pelo trio principal já vale uma olhada: Meryl Streep (indicada ao Oscar pelo papel), Alec Baldwin (indicado ao BAFTA de coadjuvante) e Steve Martin. Meryl é Jane, a dona de uma confeitaria de luxo que está divorciada há dez anos de seu ex-marido canastrão, Jake (Baldwin). Quando as coisas estão ajeitadas em sua vida, os dois engatam um caso. Vale lembrar que ele agora é casado com uma magrela vários anos mais nova e que está doida para engravidar dele. Enquanto ele percebe que com a idade as afinidades com Jane aumentatam, Jane começa a questionar sua desconfortável posição de amante (claro que misturado à uma certa vingança contra a jovem esposa atual). Para dar um tempero entra em cena o arquiteto sensível responsável pela reforma na casa dela (Martin), que ainda atravessa seu próprio período de adaptação pós-divórcio.  A protagonista então fica no dilema entre reviver o passado ou investir em um relacionamento novo para essa nova fase de sua vida, ou para os entendidos: ser uma mulher com mais de cinquenta disputada por dois homens. O roteiro de Meyers (indicado miraculosamente ao Globo de Ouro) nunca aprofunda muito os personagens masculinos e prefere fazer que essa crise de meia-idade se reflita em atitudes puramente adolescentes (as espreitas à janela, o baseado antes da festa, as conversas ao computador...), sorte que ela conta com Meryl Streep para dar alma para um roteiro esquemático e previsível dentro dos clichês que aborda. Streep está muito bem no papel principal e mostra porque é uma das atrizes mais versáteis do cinema. Alec Baldwin também tem seus méritos, principalmente por exibir seu abdomen rotundo após anos sendo considerado um dos caras mais belos de Hollywood. Mas, no fundo, Meyers só quer nos entreter e proporcionar uma inofensiva reflexão sobre a passagem do tempo e das relações. Se fica algum recado é que as afinidades transcendem o sexo e que não adianta enganar os anos passados se comportando feito adolescente.

Simplesmente Complicado (It's complicated/EUA-2009) de Nancy Meyers com Meryl Streep, Alec Baldwin, Steve Martin, John Krazinski e Rita Wilson. ☻☻