domingo, 30 de janeiro de 2011

INDICADOS AO FRAMBOESA DE OURO 2010


Lautner, Stewart e Pattinson: quem é o pior de 2010?

Antes da divulgação dos indicados ao Oscar o Framboesa de Ouro declara as suas vítimas e neste ano eu concordo em gênero, número e grau com os indicados. Os campeões da lista são o sucesso Crépusculo: Eclipse e o fiasco O Último Mestre do Ar.  Acho que para alguns o Framboesa é um bom indicador de que já está na hora de dar outro rumo para a carreira (veja as garotas de Sex & The City, Jennifer Aniston, Gerard Butler, Ashton Kutcher, Jack Black e M. Night Shyamalan que parecem estar se repetindo há algum tempo). Outra ideia bem sacada foi indicar as piores utilizações de efeitos 3D. A seguir os felizardos:
 
Pior filme
Caçador de Recompensas
O Último Mestre do Ar
Sex and the City 2
A Saga Crepúsculo: Eclipse
Os Vampiros que se Mordam

Pior ator
Jack Black - As Viagens de Gulliver
Gerard Butler - Caçador de Recompensas
Ashton Kutcher - Par Perfeito e Idas e Vindas do Amor
Taylor Lautner - A Saga Crepúsculo: Eclipse e Idas e Vindas do Amor
Robert Pattinson - A Saga Crepúsculo: Eclipse e Lembranças

Pior atriz
Jennifer Aniston - Caçador de Recompensas e Coincidências do Amor
Miley Cyrus - A Última Música
As quatro amigas - Sex and the City 2
Megan Fox - Jonah Hex
Kristen Stewart - A Saga Crepúsculo: Eclipse

Pior ator coadjuvante
Billy Ray Cyrus - Missão Quase Impossível
George Lopez - Marmaduke, Missão Quase Impossível e Idas e Vindas do Amor
Dev Patel - O Último Mestre do Ar
Jackson Rathbone - O Último Mestre do Ar e A Saga Crepúsculo: Eclipse
Rob Schneider - Gente Grande

Pior atriz coadjuvante
Jessica Alba - The Killer Inside Me, Entrando numa Fria Maior Ainda com a Família, Machete e Idas e Vindas do Amor
Cher - Burlesque
Liza Minnelli - Sex and the City 2
Nicola Peltz - O Último Mestre do Ar
Barbra Streisand - Entrando numa Fria Maior Ainda com a Família

Pior diretor
Jason Friedberg e Aaron Seltzer - Os Vampiros que se Mordam
Michael Patrick King - Sex and the City 2
M. Night Shyamalan - O Último Mestre do Ar
David Slade - A Saga Crepúsculo: Eclipse
Sylvester Stallone - Os Mercenários

Pior roteiro
O Último Mestre do Ar
Entrando numa Fria Maior Ainda com a Família
Sex and the City 2
A Saga Crepúsculo: Eclipse
Os Vampiros que se Mordam

Pior casal ou elenco
Jennifer Aniston e Gerard Butler - Caçador de Recompensas
A cara de Josh Brolin e o sotaque de Megan Fox - Jonah Hex
O elenco de O Último Mestre do Ar
O elenco de Sex and the City 2
O elenco de A Saga Crepúsculo: Eclipse

Pior prelúdio, remake, continuação ou plágio descarado
Fúria de Titãs
Sex and the City 2
O Último Mestre do Ar
A Saga Crepúsculo: Eclipse
Os Vampiros que se Mordam

Pior 3-D de Arrancar os Olhos
Fúria de Titãs
O Último Mestre do Ar
Como Cães e Gatos 2
Jogos Mortais - O Final
Nutcracker 3-D

sábado, 29 de janeiro de 2011

CATÁLOGO: O Curioso Caso de Benjamin Button


Taraji e Brad: a vida de frente para trás.

Em 2008 David Fincher estava mais disposto do que nunca para levar o Oscar para a casa. O diretor havia tentado no ano anterior com Zodíaco, mas a Academia (apoiada pelo fracasso comercial do filme) ignorou solenemente a empreitada. Com O Curioso Caso de Benjamin Button as coisas pareciam ser diferentes. Bastou a primeira exibição do filme para a crítica se derreter em elogios pela adaptação Fincheana para o conto de Scott Fitzgerald sobre o homem que nasce velho e rejuvenesse indo de encontro ao seu inevitável fim. O roteiro de Eric Roth acrescenta muito à trama original, que era muito mais debochada do que melancólica como essa reflexão sobre a vida e a morte. Fincher escalou o amigo Brad Pitt (com quem trabalhou em seus melhores filmes, Se7en e Clube da Luta) para dar vida a Benjamin e caprichou em cada ponto da produção, escalando a sempre competente Cate Blanchett para ser a paixão do personagem e a ótima Taraji P. Henson para ser a mãe adotiva de Button. O roteiro não se preocupa em dar  justificativas para os absurdos da trama, ciente de que o mais correto era abraçar o tom de fantasia de seu argumento e evitar que tudo caisse no ridículo adotando uma direção solenemente clássica. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, Benjamin nasce com uma doença rara onde apresenta todos os problemas de um idoso de oitenta anos, seu pai, assustado com o bebê e a morte de sua esposa no parto, acaba abandonando o herdeiro na porta de um azilo, onde Benjamin é adotado pela zelosa Queenie (Henson - indicada ao Oscar de coadjuvante) que ajudará o pequeno envelhecido a lidar com suas particularidades. Naquele lugar, Benjamin começa a lidar com a morte com naturalidade e ao mesmo tempo conhece seu grande amor, Daisy (vivida na infância por Elle Fanning e na vida adulta por Blanchett). Benjamin vive pequenas aventuras (conhece um pigmeu, prostitutas, o pai que o abandonou e um homem atingido sete vezes por um raio, trabalha num barco mequetrefe e luta na Segunda Guerra Mundial) enquanto tenta fazer o seu destino se encontrar com o de Daisy - e quando isso acontece as rugas deixam a estampa de Brad Pitt surgir para o foco de Fincher se revelar por inteiro: como ajustar seu tempo ao dos outros ou a si mesmo? Afinal, se Benjamin e Daisy se encontram no meio de suas vidas, o destino dele é rejuvenescer cada vez mais e o de sua amada é envelhecer... e os filhos? Fincher trata essa temática com fortes doses de melancolia e com a mesma frieza narrativa que apresentou em Zodíaco e no recente A Rede Social. Sei que muita gente aponta defeitos no filme (a semelhança da trama com outro roteiro de Roth - Forrest Gump - , a apelativa apropriação do furacão Katrina em Nova Orleans...), mas Benjamin Button  tem seus méritos, especialmente na forma como envolve a platéia nos dramas de seu protagonista - por isso era um dos fortes candidatos ao Oscar 2009 até que Danny Boyle surgiu com seu Quem quer ser um milionário? e Benjamin teve que se contentar com três estatuetas menos nobres (efeitos especiais, direção de arte e maquiagem).

O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button/EUA-2008) de David Fincher com Brad Pitt, Cate Blanchett, Jared Harris, Julia Ormond e Elle Fanning. ☻☻☻☻

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

INDICADOS AO OSCAR 2011


O Discurso do Rei: Dando frio na barriga de David Fincher.

A dissertação andou consumindo minha alma novamente ao ponto de nem notar que as indicações ao Oscar sairam ontem!! Sendo assim nem pude apostar nos indicados!!! Mas tudo bem, até a entrega dos carecas dourados no dia 27 de fevereiro espero estar mais tranquilo para dizer minha modesta opinião. Vamos aos indicados: 

Melhor Filme

Cisne Negro
O Vencedor
A Origem
Minhas Mães e Meu Pai
O Discurso do Rei
127 Horas
A Rede Social
Toy Story 3
Bravura Indômita
Inverno da Alma
Comentário: Os Coen conseguiram cravar sua vaguinha. A Academia realmente adora os caras, é muito difícil o remake de um clássico agradar. O resto é mais do mesmo! A Rede Social era o favorito, mas O Discurso do Rei ganhou fôlego com o prêmio do sindicato de produtores, além de ser o com maior número de indicações - 12 categorias (e deve ganhar mais ainda quando levar o BAFTA antes do Oscar). Enfim, alguma emoção nessa reta final... 

Melhor Diretor
Darren Aronofsky (Cisne Negro)
David O. Russel (O Vencedor)
Tom Hooper (O Discurso do Rei)
David Fincher (A Rede Social)
Ethan e Joel Coen (Bravura Indômita)
Comentário: Pu*aria o que fizeram com Christopher Nolan deixando o cara de fora dos indicados a Melhor Diretor (dando a vaga para o trabalho mais impessoal de David O. Russel). Mais um delito estratosférico contra Nolan que a Academia comete.

 Melhor Ator
Javier Bardem, por Biutiful
Jeff Bridges, por Bravura Indômita
Jesse Eisenberg, por A Rede Social
Colin Firth, por O Discurso do Rei
James Franco, por 127 Horas
Comentário: Julia Roberts tem um poder invejável em Hollywood, dizem que a estrela deu uma festinha para os amigos votantes para chorar por uma merecida vaga para Barden.


Melhor Atriz
Annette Bening, por MInhas Mães e Meu Pai
Nicole Kidman, por Reencontrando a Felicidade
Jennifer Lawrence, por Inverno da Alma
Natalie Portman, por Cisne Negro
Michelle Williams, por Namorados para Sempre
Comentário: Eu sabia que essa tática de colocar Annete e Julliane Moore disputando vagas juntas não iria funcionar, melhor para Michelle que emplacou Blue Valentine (que ganhou por aqui outro título horroroso)


Melhor Ator Coadjuvante
Christian Bale, por O Vencedor
John Hawkes, por Inverno da Alma
Jeremy Reener, por Atração Perigosa
Mark Ruffalo, por Minhas Mães e Meu Pai
Geoffrey Rush, por O Discurso do Rei
Comentário: Quer apostar quanto que deixaram Andrew Garfield de fora porque ele é o novo Spider Man. A Academia cometeu outro delito estratosférico em sua história...

Melhor Atriz Coadjuvante
Amy Adams, por O Vencedor
Helena Bonham Carter, por O Discurso do Rei
Melissa Leo, por O Vencedor
Hailee Steinfeld, por Bravura Indômita
Jackie Weaver, por Reino Animal
Comentário: as surpresas ficaram por conta de Hailee e Weaver, mas as duas tem poucas chances perante as outras três. Leo é a favorita, mas Amy Adams (em sua terceira indicação na categoria) mostra que é uma das queridinhas da Academia.

Melhor Roteiro Original
Another Year - Mike Leigh
O Vencedor - Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson
A Origem - Christopher Nolan
MInhas Mães e Meu Pai - Lisa Cholodenko
O Discurso do Rei - David Seidler
Comentário: Espero que aqui Christopher Nolan receba algum reconhecimento por seu trabalho magistral em A Origem...

Melhor Roteiro Adaptado
A Rede Social - Aaron Sorkin
127 Horas - Danny Boyle e Simon Beaufoy
Toy Story 3 - Michael Arndt, John Lasseter, Andrew Stanton e Lee Unkrich
Bravura Indômita - Ethan e Joel Coen
Inverno da Alma - Debra Granik e Anne Rosellini
Comentário: Sem surpresas... A Rede Social deve levar esse daqui com certeza.

Melhor Filme Estrangeiro
Biutiful - México
Fora da Lei - Argélia
Dente Canino - Grécia
Incêndios - Canadá
Em um Mundo Melhor - Dinamarca
Comentário: I am love era um dos favoritos e ficou de fora, mas Em um mundo melhor deve causar arrepios ao Biutiful de Alejandro González Iñarritú.


Melhor Animação
Como Treinar o Seu Dragão
Toy Story 3
O Mágico
Comentário: Apesar dos ótimos concorrentes, a presença de Toy Story aqui e na categoria de melhor filme já indica quem vai ganhar. Sinceramente, o considero o segundo melhor filme do ano. Mas penso que ter só três indicados num ano de boas animações é um bocado desanimador para os produtores.

Melhor Fotografia
Cisne Negro
A Origem
O Discurso do Rei
A Rede Social
Bravura Indômita
Comentário: Sem surpresas.

Melhor Direção de Arte
Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
A Origem
O Discurso do Rei
Bravura Indômita
Comentário: Sem surpresas. Mas alguém já contou quantas indicações nessa categoria Harry Potter já teve?

Melhor Trilha Sonora
Alexandre Desplat - O Discurso do Rei
John Powell - Como Treinar o seu Dragão
A.R. Rahman - 127 Horas
Trent Reznor e Atticus Ross - A Rede Social
Hans Zimmer - A Origem
Comentário: A minha favorita ficou de fora (Ilha do Medo), espero que o excelente trabalho de Zimmer renda mais uma estatueta ao melhor filme do ano.

Melhor Documentário
Lixo Extraordinário
Exit Through the Gift Shop
Trabalho Interno
Gasland
Restrepo
Comentário: Tem um filme meio brasileiro no páreo: Lixo Estraordinário, que nos faz esquecer um pouco o mico do filme do Lula cogitar que poderia ser indicado. O indicado está em cartaz em nossos cinemas e tem direção de uma britânica, mas é codirigido por dois brasileiros (João Jardim e Karen Harley)


Melhor Documentário (curta-metragem)
Killing in the Name
Poster Girl
Strangers no More
Sun Come Up
The Warriors of Qiugang

Melhor Canção Original
Coming Home - Country Strong
I See the Light - Enrolados
If I Rise - 127 Horas
We Belong Together - Toy Story 3
Comentário: Parece que Cher ainda não renovou seus fãs na Academia, afinal Burlesque ficou totalmente fora das indicações nesta categoria.  

Melhor Curta-Metragem
The Confession
The Crush
God of Love
Na Wewe
Wish 143

Melhor Animação em Curta-Metragem
Dia & Noite
The Gruffalo
Let's Pollute
The Lost Thing
Madagascar, Carnet de Voyage

Melhor Maquiagem
O Lobisomem
Caminho da Liberdade
Minha Versão para o Amor
Comentário: Paul Giamatti ficou de fora dos indicados, mas Minha versão para o Amor ganhou uma lembrança aqui.

Melhor Edição de Som
A Origem
Toy Story 3
Tron - O Legado
Bravura Indômita
Incontrolável
Comentário: A Origem deve levar esse aqui.

Melhor Mixagem de Som
A Origem
Bravura Indômita
O Discurso do Rei
A Rede Social
Salt
Comentário: A Origem deve ficar com todos os prêmios técnicos.

Melhor Efeito Visual
Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
Além da Vida
A Origem
Homem de Ferro 2
Comentário: Única indicação do novo filme de Clint Eastwood. Mas com A Origem no páreo precisa dizer alguma coisa?

Melhor Figurino
Alice no País das Maravilhas - Colleen Atwood
Eu sou o Amor - Antonella Cannarozzi
O Discurso do Rei - Jenny Beavan
The Tempest - Sandy Powell
Bravura Indômita - Mary Zophres
Comentário: Tinha gente que acreditava que Julie Taymor iria emplacar indicações em sua releitura de A Tempestade de Shakespeare, assim como em Titvs terá que se contentar só com uma...

Melhor Edição
Cisne Negro - Andrew Weisblum
O Vencedor - Pamela Martin
O Discurso do Rei - Tariq Anwar
127 Horas - Jon Harris
A Rede Social - Angus Wall e Kirk Baxter
Comentário: Quais foram os sacripantas que acharam que A Origem se montou sozinho?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CATÁLOGO: Pi

Max (de Máximo?): Conheço essa sensação, amigo...

Continuando nossa retrospectiva da cinematografia de Darren Aronofsky (até a estréia de Cisne Negro) o filme escolhido dessa semana é Pi, o filme de estréia do diretor. Nos atuais momentos finais de minha dissertação, Pi é o filme que mais me vem à cabeça por passar aquela sensação de que você pode investir o máximo de si por um estudo e ainda assim ter a impressão de que não é suficiente. Lembro de ter visto o filme enquanto estava na faculdade e meus amigos matemáticos o odiarem, pudera, acho que metade da humanidade deve ter a mesma reação. Pi conta a história de Max Cohen (Sean Gullete, o ator fetiche de Darren no início da carreira e que também ajuda no roteiro), um gênio matemático obstinado em descobrir alguma lógica na cotação da bolsa de valores. O surpreendente é que em meio aos seus cálculos se depara com Pi, aquela constante matemática da razão entre a circunferência de qualquer círculo e seu diâmetro, ou seja 3,1415265... e uma infinidade de números que Max encontra por acaso em seu sitema caótico. Sua descoberta é matemáticamente expressiva, mas para os engravatados da bolsa de valores não serve para nada, estes começam a persegui-lo em busca das respostas prometidas pelo matemático. Ao mesmo tempo, a perfeição de sua descoberta o faz ser perseguido por judeus ortodoxos que estudam a cabala - e chegam a cogitar que o número é a comprovação científica da existência divina. O roteiro tem contornos de ficção científica ao colocar o matemático entre o mercado capitalista e a religião. Afinal de contas a ciência deve servir a quem? Esta é uma das perguntas que deve passar pela cabeça de Max enquanto sofre dores de cabeça insuportáveis na busca por respostas cada vez mais imprecisas. Aronofsky é um diretor voltado para personagens obstinados, que enfrentam seus limites para alcançar sua realização e Pi é um excelente cartão de visitas desse interesse em sua obra. O filme causou sensação ao ser exibido em Sundance - imagino o furor que as cenas do cérebro sendo comido por insetos, da sensação da furadeira estar entrando em seu ouvido (num efeito sonoro impressionante) e do mundo em preto e branco (sem meio tom) em que o protagonista vive - Darren já mostrava seu interesse pelo cinema sensorial e nem precisa de 3D! Ao fim da jornada de Max (entre perseguições e auto-descobertas que o coloca no limite entre a genialidade e a loucura) escolhe o que considera melhor para continuar vivo. Até fevereiro, quando estréia Cisne Negro, terei os meus dias de Pi até a conclusão de meu mestrado e até lá o cérebro permanecerá com aquele zunido de insetos a devorá-lo dia após dia.

Pi (EUA-1998) de Darren Aronofsky com Sean Gullette, Mark Margolis e Ben Shenkman. ☻☻☻☻

INDICADOS AO BAFTA 2011


Bridges e Hailee: Do BAFTA para o Oscar? 

Logo depois de conhecermos os ganhadores do Globo de Ouro saiu a lista de indicados ao BAFTA. De diferente mesmo só as indicações da Bravura Indômita dos irmãos Coen nas categorias principais de melhor filme, melhor ator (Jeff Bridges) e atriz (a menina Hailee Steinfeld), enquanto isso do outro lado do Atlântico está havendo uma super campanha para o filme cravar algumas indicações no Oscar deste ano. Com um empurrãozinho do BAFTA talvez até consiga ficar entre os dez finalistas a melhor filme, mas para conseguir outras principais os manos vão ter que suar, afinal os acadêmicos tem pé atrás com remakes, ainda mais em se tratando de um clássico (quase sagrado) que oscarizou John Wayne. Palpites? Por enquanto arrisco só Andrew Garfield na categoria Estrela em Ascenção que é de voto popular e que as 14 indicações de O Discurso do Rei promete muitas alegrias para os produtores. Enfim, vamos aos indicados do Oscar Britânico, a ser realizado no dia 13 de fevereiro.

MELHOR FILME
Cisne Negro
A Origem
O Discurso do Rei
A Rede Social
Bravura Indômita

MELHOR FILME BRITÂNICO
127 Horas
Another Year
Four Lions
O Discurso do Rei
Made In Dagenham

MELHOR ESTREIA DE UM DIRETOR, PRODUTOR OU ROTEIRISTA BRITÂNICO
Clio Barnard e Tracy O'riordan (The Arbor)
Banksy e Jaimie D'cruz (Exit Through The Gift Shop)
Chris Morris (Four Lions)
Gareth Edwards (Monsters)
Nick Whitfield (Skeletons)

MELHOR DIRETOR
Danny Boyle (127 Horas)
Darren Aronofsky (Cisne Negro)
Christopher Nolan (A Origem)
Tom Hooper (O Discurso do Rei)
David Fincher (A Rede Social)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin (Cisne Negro)
Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson (O Vencedor)
Christopher Nolan (A Origem)
Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg (Minhas Mães e Meu Pai)
David Seidler (O Discurso do Rei)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Danny Boyle e Simon Beaufoy (127 Horas)
Rasmus Heisterberg e Nikolaj Arcel (Os Homens que Não Amavam As Mulheres)
Aaron Sorkin (A Rede Social)
Michael Arndt (Toy Story 3)
Ethan Coen e Joel Coen (Bravura Indômita)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Biutiful
Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Io Sono L'amore
De Homens e Deuses
O Segredo dos Seus Olhos

MELHOR ANIMAÇÃO
Meu Malvado Favorito
Como Treinar o Seu Dragão
Toy Story 3

MELHOR ATOR
Javier Bardem (Biutiful)
Jeff Bridges (Bravura Indômita)
Jesse Eisenberg (A Rede Social)
Colin Firth (O Discurso do Rei)
James Franco (127 Horas)

MELHOR ATRIZ
Annette Bening (Minhas Mães e Meu Pai)
Julianne Moore (Minhas Mães e Meu Pai)
Natalie Portman (Cisne Negro)
Noomi Rapace (Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
Hailee Steinfeld (Bravura Indômita)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Christian Bale (O Vencedor)
Andrew Garfield (A Rede Social)
Pete Postlethwaite (Atração Perigosa)
Mark Ruffalo (Minhas Mães e Meu Pai)
Geoffrey Rush (O Discurso do Rei)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Amy Adams (O Vencedor)
Helena Bonham Carter (O Discurso do Rei)
Barbara Hershey (Cisne Negro)
Lesley Manville (Another Year)
Miranda Richardson (Made In Dagenham)

MELHOR TRILHA SONORA
A. R. Rahman (127 Horas)
Danny Elfman (Alice no País das Maravilhas)
John Powell (Como Treinar o Seu Dragão)
Hans Zimmer (A Origem)
Alexander Desplat (O Discurso do Rei)

MELHOR FOTOGRAFIA
Anthony Dod Mantle e Enrique Chediak (127 Horas)
Matthew Libatique (Cisne Negro)
Wally Pfister (A Origem)
Danny Cohen (O Discurso do Rei)
Roger Deakins (Bravura Indômita)

MELHOR MONTAGEM
Jon Harris (127 Horas)
Andrew Weisblum (Cisne Negro)
Lee Smith (A Origem)
Tariq Anwar (O Discurso do Rei)
Angus Wall e Kirk Baxter (A Rede Social)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Robert Stromberg e Karen O'hara (Alice no País das Maravilhas)
Therese Deprez e Tora Peterson (Cisne Negro)
Guy Hendrix Dyas, Larry Dias e Doug Mowat (A Origem)
Eve Stewart e Judy Farr (O Discurso do Rei)
Jess Gonchor e Nancy Haigh (Bravura Indômita)

MELHOR FIGURINO
Colleen Atwood (Alice no País das Maravilhas)
Amy Westcott (Cisne Negro)
Jenny Beavan (O Discurso do Rei)
Louise Stjernsward (Made In Dagenham)
Mary Zophres (Bravura Indômita)

MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Glenn Freemantle, Ian Tapp, Richard Pryke, Steven C Laneri e Douglas Cameron (127 Horas)
Ken Ishii, Craig Henighan e Dominick Tavella (Cisne Negro)
Richard King, Lora Hirschberg e Gary A Rizzo e Ed Novick (A Origem)
John Midgley, Lee Walpole e Paul Hamblin (O Discurso do Rei)
Skip Lievsay, Craig Berkey, Greg Orloff, Peter F Kurland e Douglas Axtell (Bravura Indômita)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Dan Schrecker (Cisne Negro)
Tim Burke, John Richardson, Nicolas Ait'hadi e Christian Manz (Harry Potter e as Relíquias da Morte - parte I)
Chris Corbould, Paul Franklin, Andrew Lockley e Peter Bebb (A Origem)
(indicados da equipe a serem confirmados) (Alice no País das Maravilhas)
(indicados da equipe a serem confirmados) (Toy Story 3)

MELHOR MAQUIAGEM
Judy Chin e Geordie Sheffer (Cisne Negro)
Amanda Knight e Lisa Tomblin (Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte I)
Frances Hannon (O Discurso do Rei)
Lizzie Yianni Georgiou (Made In Dagenham)
(indicados da equipe a serem confirmados) (Alice no País das Maravilhas)

MELHOR CURTA
Connect
Lin
Rite
Turning
Until the River Runs Red

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
The Eagleman Stag
Matter Fisher
Thursday

MELHOR ESTRELA EM ASCENSÃO
Gemma Arterton
Andrew Garfield
Tom Hardy
Aaron Johnson
Emma Stone

CATÁLOGO: Anti-Herói Americano

Giamatti e Davis: Vivendo o Esplendor Americano sob as lentes de Havey Pekar.


Paul Giamatti parecia condenado a atuar como coadjuvante em comediotas quando foi escalado para viver o escritor Harvey Pekar neste filme metalinguístico que lhe rendeu a primeira indicação ao Globo de Ouro e que poderia ter lhe rendido um lugarzinho no Oscar. O filme poderia ser confundido com mais uma adaptação de histórias em quadrinhos se não ousasse ir muito mais além. Para começo de conversa, baseia-se no cult gibi American Splendor, que está bem longe de ser uma história de super-heróis (e a introdução do filme ironiza bem isso), tão pouco tem acontecimentos grandiosos ou vilões mal encarados. Trata-se da versão em quadrinhos do cotidiano de Harvey Pekar, um arquivista de um hospital em Cleveland que resolve escrever sobre seu dia-a-dia de trivialidades com o tom amargo que lhe tornou tão peculiar. Pekar é vivido no filme por ele mesmo e por Paul Giamatti. Calma, eu explico. O filme mistura atores, personagens reais e os desenhos da HQ de uma forma surpreendente - o que lhe valeu uma indicação ao Oscar de roteiro adaptado. Na maior parte do filme, Pekar tem a cara de Giamatti - que capta a alma do verdadeiro de forma assustadora. Pekar (Giamatti) tem a ideia de criar American Splendor a partir de seus encontros com o cultuado amigo Robert Crumb, que se torna um famoso autor de quadrinhos independentes. De início, Pekar escreve as histórias sobre sua rotina e Crumb as desenha (o que ajudou na publicidade para uma produção tão modesta e pessoal). Estão lá a senhora judia na fila do supermercado, os colegas de trabalho e até sua esposa (vivida por  uma inspirada Hope Davis) que se aproxima dele por ser fã de suas histórias. O filme reproduz a narrativa sem grandes surpresas da obra literária de Pekar - que lhe rendeu várias entrevistas no David Letterman (a contragosto, registre-se) que até aparecem no filme. A prosa realista da obra reproduzida no filme não perde o pique nem quando retrata o momento mais difícil da vida de Harvey, quando faz um sofrido tratamento contra um câncer - que acabou virando uma premiada graphic novel. No entanto esse filme diferente, de formato  honesto e que não enfeita a realidade tem como maior mérito a direção do casal Shari Springer Berman e Robert Pulcini, que trata uma estrutura narrativa tão complexa com uma leveza e naturalidade impressionante (pena que depois eles se simplificaram em Diário de uma Babá com Scarlett Johanson). Pode não ser o tipo de filme que agrada o grande público, mas trata-se de uma experiência cinematográfica muito interessante. Só para estragar o finalzinho alto astral vale lembrar que Pekar faleceu no ano passado, sorte que tenha vivido para ver esta cinebiografia anticonvencional ser premiada em Sundance.

Anti-Herói Americano (American Splendor/EUA-2002) com Paul Giamatti, Hope Davis, Judah Friedlander e  James Urbaniak. ☻☻☻☻

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

GANHADORES DO GLOBO DE OURO 2011

Giamatti: Prêmio surpresa para muita gente, menos para mim!

Oba, vou ganhar uma graninha dos meus amigos que caíram na lábia do chapeleiro maluco e pensaram que Johny Depp levaria o Globo de Ouro de ator de comédia para casa - pelo xarope Alice de Tim Burton!! Não sei por quê, meu sexto sentido cinéfilo meteu na minha cabeça, desde que vi os indicados que Paul Giamatti levaria essa para a casa - dizem que o filme estreou em grande circuito nos EUA na última sexta-feira e que só foi visto por meia dúzia de gatos pingados. Pudera, trata-se de um filme independente sobre um sujeitinho desagradável que fuma, bebe, lida com o fracasso de três casamentos e ainda é suspeito do desaparecimento de um homem. Bem, vamos ver se o prêmio dá fôlego para o cara chegar até o Oscar! O prêmio de Giamatti foi a grande surpresa de uma premiação que parece repetir a mesma opinião de todas as outras! Bem, deixo os comentários logo abaixo, assim como os rostinhos felizes nas minhas apostas certeiras... 

Melhor Filme (Drama)
A Rede Social
Nenhuma surpresa por aqui, será que A Rede Social é mesmo uma unanimidade tão grande?

Melhor Diretor
David Fincher por "A Rede Social"
Eu achava que pelo melhor filme do ano (A Origem) merecia esse agradinho. Bem, neste ano preferem agradar o David Fincher (que ficou chupando dedo pelo filme anterior, Benjamin Button. Quem sabe ano que vem eles agradam Nolan por ter chupado o dedo neste ano?) 

Melhor Ator (Drama)
Colin Firth por "The King's Speech"
Sem surpresas aqui também, apesar de estar magnífico no filme, serve como consolação pelo ano passado quando merecia por A Single Man e foi ofuscado por Jeff Bridges.

Melhor Atriz (Drama)
Natalie Portman por "Black Swan"
Mais do que merecido. Natalie desponta como favorita para o Oscar pela sua parceria intensa com o mestre Darren Aronofsky! Ô carinha bom de atrizes!!!

Melhor Filme (Comédia ou Musical)
Minhas Mães e Meu Pai 
Sem concorrências só podia ser ele...

Melhor Ator (Comédia ou Musical)
Paul Giamatti por "Barney's Version"
Eu sabia! Eu sabia... rsrsr!


Melhor Atriz Principal (Comédia ou Musical)
Annette Bening por "Minhas Mães e Meu Pai"
Annette será o maior obstáculo no caminho de Natalie no Oscar, mas se levar será pelo conjunto da carreira - o que também é merecido. E ainda acho que Julianne Moore vai entrar no páreo de coadjuvante no careca dourado!

Melhor Atriz Coadjuvante
Melissa Leo por “O Vencedor”
Adoro Melissa Leo, ela merece! Mas pode ter trabalho no Oscar se Julianne Moore ou a garota de True Grit entrar no seu caminho.  

Melhor Ator Coadjuvante
Christian Bale por “O Vencedor”
Já estava na hora de Bale ganhar alguma coisa, não é? Seu Batman pode ajudar, mas o temperamento é uma pedra no sapato da Academia.

Melhor Roteiro
A Rede Social
Acho que A Origem merecia mais atenção nessa categoria, mas a campanha de David Fincher é poderosa!

Melhor Trilha Sonora
A Rede Social
Pensei que A Origem levaria essa, mas a minha trilha favorita do ano nem concorreu, a de Ilha do Medo de Scorsese.

Melhor Música Original
You Haven't Seen The Last of Me (Burlesque)
Caraca! Quantos fãs de Cher podem caber entre os votantes do Globo de Ouro? Se prepara para o Oscar!

Melhor Filme de Animação
Toy Story 3
O filme sempre esteve no páreo de melhor filme do ano.

Melhor Filme Estrangeiro
In a Better World (Dinamarca)
Como assim?! Dizem que esse nem é tão bom, fala de vítimas de Bullying e blábláblá...

TOTAL DE ACERTOS: 11 ACERTOS  X  04 ERROS  =   QUE VENHA O OSCAR!!!

 
TELEVISÃO:
Não fiz apostas televisivas, mas não custa nada divulgar os contemplados... 

Melhor Série (Drama)
Boardwalk Empire

Melhor Ator Principal - Drama
Steve Buscemy por “Boardwalk Empire”

Melhor Atriz Principal – Drama
Katey Sagal por “Sons of Anarchy”

Melhor Série – Comédia
Glee

Melhor Ator Principal – Comédia
Jim Parsons por “The Big Bang Theory”

Melhor Atriz Principal - Comédia
Laura Linney por “The Big C”

Melhor Actor Coadjuvante
Chris Colfer por “Glee”

Melhor Actriz Coadjuvante
Jane Lynch por “Glee”

Melhor Mini-Série ou Telefilme
Carlos

Melhor Ator (Mini-Série ou Telefilme)
Al Pacino por “You Dont Know Jack”

Melhor Atriz (Mini-Série ou Telefilme)
Claire Danes por “Temple Grandin”

Cecil B. DeMille Award
Robert De Niro

sábado, 15 de janeiro de 2011

APOSTAS PARA O GLOBO DE OURO 2011


A Rede Social: O Facebook vai dominar o Globo?

O Globo de Ouro tem uma missão de vida ou morte nesse domingo: recuperar a credibilidade perdida no momento em que meteu desastres como RED, Burlesque e O Turista entre os indicados - dizem que é para trazer mais celebridades para a festa (ponhonhonhonhóim). Por essa busca de credibilidade acho que algumas surpresas podem aparecer (principalmente no prêmio de direção e atriz coadjuvante) na festa de amanhã. Apesar de minhas apostas, a decisão cabe aos 85 jornalistas estrangeiros (de 55 países diferentes) que atuam em Los Angeles. Os prêmios devem ficar para:

Melhor Filme Dramático: A REDE SOCIAL

Melhor Filme – Comédia/Musical: MINHAS MÃES E MEU PAI

Melhor Diretor: Christopher Nolan (A Origem)

Melhor Roteiro: A REDE SOCIAL

Melhor Ator – Drama: COLIN FIRTH (O Discurso do Rei)

Melhor Ator – Comédia/Musical: PAUL GIAMATTI (Barney's Version)

Melhor Atriz – Drama: NATALIE PORTMAN (Cisne Negro)

Melhor Atriz – Comédia/Musical: ANNETE BENNING (Minhas Mães e Meu Pai)

Melhor Ator Coadjuvante: CHRISTIAN BALE (O Vencedor)

Melhor Atriz Coadjuvante: MELISSA LEO (O Vencedor)

Melhor Animação: TOY STORY 3

Melhor Trilha Sonora: HANS ZIMMER (A Origem)

Melhor Canção: I SEE THE LIGHT (Enrolados)

Melhor Filme Estrangeiro: BIUTIFUL (México/Espanha)

DVD: A Epidemia

Olyphant: "Cadê a sanidade que estava aqui?"

Refilmar um clássico de George Romero exige coragem de um diretor, até porque o mestre dos filmes de zumbi tem fãs ardorosos de todas as idades que podem acabar com  a bilheteria de qulaque um. Penso que Breck Eisner (do pífio Sahara com Matthew McConaghey) teve muita sorte em levar seu olhar sobre The Crazies para as telas, o filme estreou por aqui com o nome de A Epidemia e fez relativo sucesso entre os fãs do gênero, especialmente pelo seu trailer instigante. A idéia já está um bocado desgastada (Extermínio de Danny Boyle, parece uma versão moderna do longa de Romero), mas, principalmente em sua parte inicial, o filme consegue construir uma boa dose de estranhamento e medo na platéia.  Numa cidadezinha interiorana, os moradores se divertem no jogo de baseball, quando um dos moradores aparece com uma espingarda e sua cara de indiferença promete que alguém será o alvo. O xerife (Timothy Olyphant, o psicopata de Pânico 2 - e que sempre me lembra o jovem Jack Nicholson) logo intervém na situação. Mal sabe ele que enquanto amarga a culpa de um ato brutal, sua esposa médica (Radha Mitchell de Melinda e Melinda de Woody Allen) está atendendo outro paciente com os mesmos sintomas esquisitos. Não demora muito para a cidade ser contaminada por uma doença que faz com que os moradores ataquem uns aos outros a tornando num deserto até a intervenção governamental – e o filme ainda nem chegou na metade. Não vale a pena estragar as “surpresas” da trama, apesar dos sustos não serem muito originais – assim como o andamento da história - mas serve para passar  o tempo com um filme que não apela demais para a sanguinolência, alcançando até alguns arcos dramáticos relevantes com a ajuda do elenco (que inclui ainda os corretos Joe Anderson e Danielle Panabaker como coadjuvantes). Claro que tem alguns exageros (a personagem de Mitchel não precisava estar grávida, o melodrama quase acaba com tudo em algumas cenas e o final não precisava ser tão descarado em nome de uma continuação) mas num ano fraco em termos de filmes do gênero, A Epidemia é até competente ao respeitar o conceito de Romero de Zumbis como fonte de crítica social.
A Epidemia (The Crazies/EUA-2010) de Breck Eisner, com Timothy Olyphant, Radha Mitchel, Joe Anderson e Danielle Panabaker. ☻☻

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Combo: Filmes Elegantes.

Depois de rever a elegante estréia do estilista Tom Ford no cinema lembrei de alguns outros filmes que lhe fariam companhia na lista dos mais elegantes do cinema recente. Desculpe, mas desprezei os clássicos do cinema, já que na época de ouro, o glamour era um requisito obrigatório nos filmes - coisa que hoje não acontece. Sendo assim lembrei de cinco pérolas elegantes de gêneros bem variados que não fariam feio no páreo estético com o longa de Ford.

05 OS OUTROS (2001) Difícil imaginar um filme de terror que seja elegante, mas Alejandro Amenábar conseguiu isso ao nos dar os sustos mais chiques do gênero. O filme protagonizado por Nicole Kidman ocorre numa casa mal assombrada ao contrário (se você viu o filme sabe o que eu quero dizer). No filme a iluminação é rara, as roupas variam entre branco, cinza, preto e marrom. A restrita paleta de cores aliada à uma iluminação quase precária durante a maior parte do filme he confere um visual único. O cuidado nos movimentos de seus atores e de câmera confere ao filme uma elegância rara no gênero, principalmente em seus momentos mais assustadores. Isolada numa casa com os filhos com alta sensibilidade à luz, Grace (Kidman) espera seu marido voltar da guerra e resistir às dores da solidão -  mas sem perder a pose!!

04 O DIABO VESTE PRADA (2006)  Um filme sobre moda sem os excessos do gênero não poderia ficar fora da lista! Se Sex & The city pensa que elegância é trocar de figurino de três em três minutos, Meryl Streep destrói essa prerrogativa e mostra que elegância é mais do que virar cabide de grifes famosas. Elegância é fundamentalmente a postura em construir uma persona que exala coerência. Sua Miranda Priestley pode não ser a pessoa mais bacana e nobre do mundo, mas é a personagem madura mais elegante que já apareceu nas telas nos últimos anos. O bom é que sua presença contamina o filme todo e mantém a atmosfera criada por Streep até o fim da sessão. Não por acaso, Meryl foi indicada ao Oscar e levou o Globo de Ouro pelo papel – que acabou ofuscando as bem mais jovens Anne Hathaway e Emily Blunt, tarefa que (definitivamente) não era para qualquer um.


03 LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA (1997) Filme noir que se preze tem que ser elegante. Provocar aquele deslumbramento visual que te absorve de tal maneira que você não consegue desviar a atenção daquele monte de pistas falsas e passados obscuros que aparecem na tela. Curtis Hanson sabia bem disso quando construiu a sua obra-prima baseado no universo do escritor James Ellroy. L.A. Confidential tem todos os elementos clássicos do gênero - com o acréscimo de ser colorido. Não consigo imaginar outro diretor capaz de criar uma atmosfera tão glamourosa para encobrir o que a polícia de Los Angeles tinha de pior em meados do século passado (o aclamado Brian de Palma tentou fazer o mesmo e errou feio em Dália Negra). Policiais e prostitutas que parecem estrelas de cinema aparecem a todo instante na cidade de Hanson, que desvenda com toda elegância uma trama que mistura crimes e suspeitas. Tanto esmero acabou rendendo o Oscar de coadjuvante para Kim Basinger e para o roteiro magistralmente adaptado por Hanson e Bryan Helgeland.


02 DESEJO E REPARAÇÃO (2007) Joe Wright já demonstrava ser um diretor competente quando levou para as telas a sua versão de Orgulho e Preconceito, cunhado na obra de Jane Austen. Depois foi a outro extremo da literatura inglesa ao filmar suas impressões sobre o livro Reparação de Ian McEwan. A escrita árdua do autor ganha na tela um visual arrebatador para contar uma história de amor fadada à tragédia. Cecília (Keira Knightley) e o filho do caseiro, Robbie (James McAvoy, excelente) se descobrem apaixonados e poderiam até ficar juntos se não fosse a acusação feita pela irmã dela, Briony (Saoirse Ronan, indicada ao Oscar de coadjuvante) de que ele teria cometido um crime imperdoável. Wright destrincha com gosto os ressentimentos entre esses três personagens alternando a linguagem clássica do cinemão com elementos modernos de narrativa. Com um equilíbrio invejável conseguiu construir um dos filmes românticos mais elegantes desse início de século. Talvez por ter feito algo tão bem resolvido visualmente resolveu trocar a elegância pela sarjeta no fiasco "O Solista".

01 MARIA ANTONIETA (2006) Sofia Coppola tem lá suas ligações com o mundo da moda, mas foi na cinebiografia polêmica da jovem rainha francesa que demonstrou um apuro estético ainda maior em sua obra. Coppola filha ousou romper as barreiras do tempo ao contar a história da rainha decapitada na revolução francesa, resolveu mostrá-la sob uma perspectiva original e perigosa onde ela é retratada como uma garota contemporânea de sua faixa etária. Tudo no visual do filme é meticulosamente construído, cada adereço, cortina, vestido, sapatinho (com direito a All Star no closet) está exatamente onde deveria estar. Coppola exibe sua rainha (vivida por Kirsten Dunst) emoldurada com direção de arte e figurinos suntuosos em tons pastéis criando a atmosfera apropriada para a construção de um ícone fashion. Tem muitos filmes de época caprichados, mas este aqui é um verdadeiro deleite para os olhos (e ouvidos já que a trilha traz Strokes, New Order, Siouxsie & The Banshees...).

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

DVD: Direito de Amar


Direito de Amar: Firth contempla a morte.

O estilista tom Ford já trabalhou para Gucci e Yves Saint Laurent, mas desde 2006 tem sua própria marca - ainda mais famosa pelas campanhas publicitárias de forte apelo sexual. Ford resolveu imprimir sua marca no cinema em 2009, com este Single Man e surpreendeu muita gente já na primeira exibição do filme no Festival de Veneza - onde  ganhou o prêmio de melhor ator para Colin Firth (que dali em diante foi indicado a todos os prêmios do cinema, ganhou alguns, como o BAFTA, mas no Oscar e Globo de Ouro teve de se contentar somente com indicações).  O que mais me surpreende no filme é a atuação de Firth, o qual sempre considerei um tipo insosso, sem muita emoção, burocrático, mesmo que fosse o tipo que gosta de encarnar no cinema (Johny Depp é tipo maluquinho, Michael Cera é tipo nerd, Woddy Allen é tipo... Woody Allen) nunca me agradou muito. Aqui Firth tem atuação contida, mas que transborda sentimento em cada cena, um acréscimo perfeito para um filme elegante ao extremo que marca a estréia de Ford na direção. Firth é George Faulkner, um professor homossexual  que amarga a perda de seu parceiro, Jim (Matthew Goode, que fez outro personagem afetado no mesmo ano em Watchmen - o cara vai sofrer para perder esse tipo...) em meados da década de 1960 e todos os preconceitos. O filme acompanha um dia na vida de George, o jeito como prepara sua casca para enfrentar os alunos, as espiadelas ao quintal vizinho, a promessa de jantar com uma amiga... tudo cortado por lembranças muito bem inseridas na narrativa. Poderiamos considerar que é só um dia comum na vida de George, mas tudo indica que ele irá se suicidar ao fim do dia (nesse ponto o filme me lembrou muito As Horas de Stephen Daldry). Em contraste com o vácuo deixado pelo parceiro,  George terá algumas experiências que poderão fazê-lo mudar de ideia – as mais importantes são o jantar com a amiga Charly (Julianne Moore, belíssima como uma diva da década de 1960) e Kenny Potter (Nicholas Hoult - o crescido moleque de Um Grande Garoto). Ambos aparecem como promessas de um novo rumo de vida, mas ao mesmo tempo estão impregnados do passado. Moore tem o mérito de criar uma personagem complexa em dez minutos de tela (fato que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro de coadjuvante) que ao mesmo tempo expressa amor e frustração pelo que Charly e George poderiam ter sido um para o outro, enquanto   Hoult (foi indicado ao BAFTA de ator mais promissor pelo papel) abusa dos olhares que sugerem um interesse maior pelo seu professor, mas que ao mesmo tempo sinaliza características que lembram muito o jovem George. É impressionante o que Ford consegue fazer com uma trama tão intimista. O filme ainda utiliza um belo truque com a fotografia sempre que George se conecta com alguém – por exemplo, ao conhecer um rapaz de Madri,  a coloração da cena quase transborda de vermelho (segundo o personagem a cor significa “raiva”, “desejo”... um paradoxo?) diante de um pôster gigantesco de Psicose (lembra muito Almodóvar, acredite). Ford apresenta um domínio cênico impressionante nos enquadramentos, no corte perfeito e nas atuações de uma trama que exala melancolia até o final irônico de um personagem que precisa de motivos para acreditar que o mundo ainda merece a sua presença. Baseado no livro mais aclamado de Christopher Isherwood (lançado por aqui com o nome de Um Homem Solitário, que é infinitamente mais seco e de personagem antipático) o pior do filme no Brasil é esse título de novela das seis, Direito de Amar, escolhido para enganar a mulherada desavisada.
Desejo de Amar (Single Man/EUA-2009) de Tom Ford com Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Mathew Goode e Ginnifer Goodwin. ☻☻☻☻

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PRÉ-INDICADOS AO BAFTA 2011


The King's Speech: Um favorito legitimamente britânico.

Nesta semana saiu os pré-indicados ao BAFTA, o Oscar britânico. Cada categoria possui 15 pré-candidatos até que sobrem só cinco na lista a ser divulgada no dia 18 de fevereiro quando finalmente sairá os que concorrem de fato ao prêmio desse ano, a ser realizado no dia 13 de março. O mais interessante é que os pré-indicados são muito semelhantes aos que disputam uma vaga no Oscar, duvida? Então dê uma olhada:

Melhor Filme

127 Horas (127 Hours)
Another Year
Cisne Negro  (Black Swan)
The Fighter
Os Homens que não amavam as mulheres (The Girl With The Dragon Tattoo)
A Origem / Inception
Minhas mães e meu pai  (The Kids Are All Right)
O Discurso do Rei (The King’s Spech)
Made In Dagenham
Ilha do Medo (Shutter Island)
A Rede Social (The Social network)
Atração Perigosa (The Town)
Toy Story 3
Bravura Indômita (True Grit)
Winter’s Bone

Roteiro Adaptado
127 Hours
Alice In Wonderland
Barney’s Version
Brighton Rock
Despicable Me
The Ghost
The Girl With The Dragon Tattoo
Never Let Me Go
Rabbit Hole
Shutter Island
The Social Network
The Town
Toy Story 3
True Grit
Winter’s Bone

Diretor
Danny Boyle - 127 Hours
Tim Burton - Alice In Wonderland
Mike Leigh - Another Year
Darren Aronofsky - Black Swan
David O. Russel - The Fighter
Niels Arden Oplev - The Girl With The Dragon Tattoo
Christopher Nolan - Inception
Lisa Cholodenko - The Kids Are All Right
Toim Hooper - The King’s Speech
Nigel Cole - Made In Dagenham
Martin Scorsese - Shutter Island
David Fincher - The Social Network
Ben Affleck - The Town
Lee Unkrich - Toy Story 3
Joel Coen & Ethan Coen - True Grit

Roteiro Original
Another Year
Biutiful
Black Swan
Blue Valentine
The Disappearance Of Alice Creed
The Fighter
Four Lions
Get Low
Hereafter
I Am Love
Inception
The Kids Are All Right
The King’s Speech
Made In Dagenham
Of Gods and Men

Maquiagem
127 Hours
Alice In Wonderland
Black Swan
Brighton Rock
The Fighter
The Girl With The Dragon Tattoo
Harry Potter And The Deathly Hallows Part 1
I Am Love
Inception
The King’s Speech
Made In Dagenham
Never Let Me Go
Shutter Island
The Social Network
True Grit

Efeitos Especiais
127 Hours
Alice In Wonderland
Black Swan
Chronicles Of Narnia: Voyage Of The Dawn Treader
Harry Potter And The Deathly Hallows Part 1
Hereafter
How To Train Your Dragon
Inception
Iron Man 2
Kick-Ass
The King’s Speech
Monsters
Shutter Island
Toy Story 3
Tron Legacy

Som
127 Hours
Alice In Wonderland
Black Swan
Brighton Rock
The Fighter
The Girl With The Dragon Tattoo
Harry Potter And The Deathly Hallows Part 1
Inception
The King’s Speech
Made In Dagenham
Shutter Island
The Social Network
The Town
Toy Story 3
True Grit

Edição
127 Hours
Alice In Wonderland
Black Swan
The Fighter
The Girl With The Dragon Tattoo
Harry Potter And The Deathly Hallows Part 1
Inception
The Kids Are All Right
The King’s Speech
Made In Dagenham
Shutter Island
The Social Network
The Town
Toy Story 3
True Grit

Figurino
Alice In Wonderland
Black Swan
Brighton Rock
Chronicles Of Narnia: Voyage Of The Dawn Treader
The Girl With The Dragon Tattoo
Harry Potter And The Deathly Hallows Part 1
I Am Love
Inception
Kick-Ass
The King’s Speech
Made In Dagenham
Never Let Me Go
Shutter Island
The Social Network
True Grit

Direção de Arte
127 Hours
Alice In Wonderland
Black Swan
Brighton Rock
The Fighter
The Girl With The Dragon Tattoo
Harry Potter And The Deathly Hallows Part 1
I Am Love
Inception
The King’s Speech
Made In Dagenham
Never Let Me Go
Shutter Island
The Social Network
True Grit

Fotografia
127 Hours
Alice In Wonderland
Black Swan
The Fighter
The Girl With The Dragon Tattoo
Harry Potter And The Deathly Hallows Part 1
I Am Love
Inception
The King’s Speech
Never Let Me Go
Shutter Island
The Social Network
The Town
True Grit
Winter’s Bone

Animação
Chico & Rita
Despicable Me
How To Train Your Dragon
Illusionist, The
Toy Story 3

Trilha Sonora
127 Hours
Alice In Wonderland
Biutiful
Brighton Rock
Despicable Me
The Ghost
The Girl With The Dragon Tattoo
Harry Potter And The Deathly Hallows Part 1
How To Train Your Dragon
Inception
The King’s Speech
Made In Dagenham
Never Let Me Go
The Social Network
The Town

Ator
Aaron Eckhart (Howie) – Rabbit Hole
Ben Affleck (Doug MacRay) – The Town
Colin Firth (King George VI) – The King’s Speech
James Franco (Aron Ralston) – 127 Hours
Javier Bardem (Uxbal) – Biutiful
Jeff Bridges (Marshal Reuben J Cogburn) – True Grit
Jesse Eisenberg (Mark Zuckerberg) – The Social Network
Jim Broadbent (Tom) – Another Year
Johnny Depp (Mad Hatter) – Alice In Wonderland
Leonardo DiCaprio (Cobb) – Inception
Leonardo DiCaprio (Teddy Daniels) – Shutter Island
Mark Wahlberg (Micky Ward) – The Fighter
Paul Giamatti (Barney Panofsky) – Barney’s Version
Robert Duvall (Felix Bush) – Get Low
Ryan Gosling (Dean) – Blue Valentine

Atriz
Andrea Riseborough (Rose) – Brighton Rock
Annette Bening (Nic) – The Kids Are All Right
Carey Mulligan (Kathy) – Never Let Me Go
Gemma Arterton (Alice) – The Disappearance Of Alice Creed
Gemma Arterton (Tamara Drewe) – Tamara Drewe
Hailee Steinfeld (Mattie Ross) – True Grit
Jennifer Lawrence (Ree) – Winter’s Bone
Julianne Moore (Jules) – The Kids Are All Right
Michelle Williams (Cindy) – Blue Valentine
Natalie Portman (Nina Sayers / The Swan Queen) – Black Swan
Nicole Kidman (Becca) – Rabbit Hole
Noomi Rapace (Lisbeth Salander) – The Girl With The Dragon Tattoo
Rosamund Pike (Miriam Grant-Panofsky) – Barney’s Version
Sally Hawkins (Rita O’Grady) – Made In Dagenham
Tilda Swinton (Emma Recchi) – I Am Love

Ator Coadjuvante
Andrew Garfield (Eduardo Saverin) – The Social Network
Andrew Garfield (Tommy) – Never Let Me Go
Ben Kingsley (Dr Cawley) – Shutter Island
Bill Murray (Frank Quinn) – Get Low
Bob Hoskins (Albert) – Made In Dagenham
Christian Bale (Dicky Eklund) – The Fighter
Dustin Hoffman (Izzy Panofsky) – Barney’s Version
Geoffrey Rush (Lionel Logue) – The King’s Speech
Guy Pearce (King Edward VIII) – The King’s Speech
Jeremy Renner (James Coughlin) – The Town
Justin Timberlake (Sean Parker) – The Social Network
Mark Ruffalo (Paul) – The Kids Are All Right
Matt Damon (La Boeuf) – True Grit
Pete Postlethwaite (Fergus ‘Fergie’ Colm) – The Town
Vincent Cassel (Thomas Leroy / The Gentleman) – Black Swan

Atriz Coadjuvante
Amy Adams (Charlene Fleming) – The Fighter
Barbara Hershey (Erica Sayers / The Queen) – Black Swan
Ellen Page (Ariadne) – Inception
Geraldine James (Connie) – Made In Dagenham
Helena Bonham Carter (Queen Elizabeth) – The King’s Speech
Helena Bonham Carter (Red Queen) – Alice In Wonderland
Lesley Manville (Mary) – Another Year
Marion Cotillard (Mal) – Inception
Melissa Leo (Alice Ward) – The Fighter
Mila Kunis (Lily / The Black Swan) – Black Swan
Miranda Richardson (Barbara Castle) – Made In Dagenham
Olivia Williams (Ruth Lang) – The Ghost
Rebecca Hall (Claire Keesey) – The Town
Rosamund Pike (Lisa Hopkins) – Made In Dagenham
Winona Ryder (Beth Macintyre / The Dying Swan) – Black Swan

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

FILMED+: Réquiem para um Sonho

Goldfarb: o pesadelo das drogas segundo Aronofsky.

Até assistir Réquiem para um Sonho eu não fazia ideia das sensações que um filme poderia provocar no expectador. Não estou me referindo às emoções que temos por torcer por um herói, ter raiva dos vilões ou sentir aquela tristeza junto a um punhado de personagens. Estou falando de enjoo mesmo, aquela sensação de nó na garganta que vai descendo até embrulhar o estômago e causar náusea. Réquiem é assim, um dos filmes mais angustiantes que um cineasta já ousou fazer, de uma melancolia tão profunda e de uma brutalidade tão dramática que beira o horror. Darren adapta o romance de Hubert Selby Jr (o mesmo de Noites Violentas no Broklyn de 1988) com tamanho estilo e ousadia que é impossível ficar indiferente. Quando o filme foi exibido em Cannes foi declarado o tipo de filme que ou se ama ou se odeia. Eu me enquadro no primeiro grupo. O filme acompanha o martírio de quatro personagens enquanto descem ao fundo do poço para fugir da realidade. Harry (Jared Leto) e seu amigo Tyrone (Marlon Wayans) fumam maconha, mas resolvem faturar uns trocados traficando drogas pesadas, assim pensam em bancar suas ambições - a de Harry é bancar a butique de sua namorada, a bela Maryon (Jennifer Connely, que aqui aprendeu a atuar de verdade). Enquanto os três começam a se afundar no vício em heroína, a mãe de Harry, Sarah Goldfarb (Ellen Burstyn, indicada ao Oscar de atriz e derrotada injustamente por Julia Roberts) sonha com o dia em que participará de um programa de televisão e caberá novamente no vestido vermelho que usou na formatura de seu filho. Sarah começa a usar remédios para emagrecer, logo estará viciada em anfetaminas com consequências desastrosas. Darren filma essa descida ao inferno com truques de edição, fotografia de cores sombrias ou exuberantes, contempla os delírios e a degradação de todos numa narrativa vertiginosa que tem seu auge nos últimos quinze minutos.  O filme é narrado dividido pelas estações do ano, verão, outono e inverno... propositalmente faltou a primavera, momento em que o diretor abandona os personagens para que retomem seus caminhos por mais dilacerados que estejam.  O diretor arranca a alma de seus atores no filme e o resultado é o melhor de suas carreiras nesta uma jornada auto-destrutiva de personagens que representam o obituário do sonho americano. Depois desse filme ninguém imaginava que Darren faria algo como Fonte da Vida. Até porque o filme colocou a arte sensorial cinematográfica em outro patamar - nisso a esplêndida trilha sonora de Kronos Quartett ajuda bastante.

Réquiem for a Dream (Requiem for a Dream/EUA-2000) de Darren Aronofsky, com Ellen Burstyn, Jennifer Connely, Jared Leto, Marlon Wayans e Sean Gullete. ☻☻☻☻☻

CATÁLOGO: Fonte da Vida

Hugh Jackman : O Melhor ator de 2006

Mês que vem estréia por aqui Cisne Negro, o novo filme de Darren Aronofsky e até lá espero comentar sobre os filmes anteriores do cara. Vou começar pelo filme que foi a coisa mais marretada que o cara já fez. Fonte da Vida foi um desses projetos que demoram anos para ser realizados, sendo difícil de conseguir financiamento, distribuidores... precisa de astros... é cancelado despudoradamente no meio da produção. Ou seja, foi o projeto mais complicado que Darren já fez, demorando seis anos para chegar aos cinemas. Darren foi de artista promissor com Pi (1998) ao auge com Réquiem por um Sonho (2000) e achou que poderia lançar o roteiro mais maluco que lhe viesse na telha. Foi assim que surgiu The Fountain. O filme foi badalado na época da produção porque Brad Pitt e Cate Blanchett se interessaram por ele, depois desistiram do projeto e tudo foi cancelado - com um corte de metade do orçamento. Enquanto isso, Hugh Jackman desperdiçava seu talento em filmes pós-X-Men, quanto seu agente disse que ele deveria se dedicar a produções mais ambiciosas. Foi quando o roteiro de Aronofsky caiu em seu colo e ele resolveu bancar parte da produção. Fonte da Vida é um filme bem menos complicado do que dizen. Por debaixo da narrativa complexa, trata-se de uma bela história de amor sobre um homem que quer vencer a morte. O  filme  possui dois núcleos narrativos (e não três como os que não entendem pensam), Jackman vive o doutor Thomas Creo que tenta buscar a cura do câncer que vitima sua esposa, Izzi (Rachel Weisz), correndo contra o tempo acaba se deparando com a essência de uma árvore rara encontrada na América do Sul que tem resultados impressionantes no combate à doença. Ao lado dessa narrativa existe o livro criado por Izzi, onde um explorador espanhol (também Jackman) parte em busca dessa mesma árvore para salvar sua rainha (também Weisz) tendo que enfrentar muitos perigos. Darren insere outra camada narrativa que parece ser a do próprio Creo imortalizado rumando à uma nebulosa que os astecas acreditavam ser o destino das almas. Na verdade todas as tramas são variações do mesmo tema: o homem em busca da imortalidade, rumando ao desconhecido em busca de repostas nem sempre existentes. Aronofsky consegue conduzir suas ideias de forma coesa e arranca atuações inspiradas de seu elenco, especialmente de Jackman que apresenta nuances que mereciam o Oscar daquele ano. Sua atuação devastadora casa à perfeição com o visual do arrebatador do filme - com efeitos criados a partir de texturas químicas. Apesar de toda a alardeada complexidade, Fonte da Vida é uma história de amor em formato de ficção científica (ou seria metafísica?), o que não o faz deixar de ser lírico como todo bom romance.

Fonte da Vida (The Fountain - EUA/2006) de Darren Aronofsky com Hugh Jackman, Rachel Weisz, Sean Gulette, Ellen Burstyn e Mark Margolis. ☻☻☻☻

CATÁLOGO: X-Men - O Filme

Jackman: Wolverine como manda o figurino.

Eu fui um dos sujeitos que torceu o nariz quando Bryan Singer topou adaptar o universo dos mutantes da Marvel para o cinema. Fã de carteirinha dos dois filmes anteriores do cara  - o  oscarizado Os Suspeitos (1995) e o menos badalado O Aprendiz (1998) - eu (e todo resto da humanidade) andava desconfiado de filmes inspirados em HQ depois das peruagens de Batman e Robin (1997). Singer procurava credibilidade ao declarar que a maioria dos filmes de heróis não funcionavam porque os diretores não tinham consciência de que estavam fazendo filmes e não histórias em quadrinhos. Deu para entender? Bem, se não deu bastou ver o primeiro filme da franquia mutante para perceber que Singer continuava não brincando em serviço. Pra começar, o longa tem a abertura mais bacana dos filmes dos mutunas: num campo de concentração, temos a impressão de estar diante de mais um filme sobre o holocausto, até o momento em que somos apresentado aos poderes de um Magneto nos primórdios. Depois somos apresentados aos personagens sem pressa, percebemos que Professor Xavier (Patrick Stewart) é o líder pacifista dos mutantes e os ensina a domar seus poderes na sua escola. O seu lado oposto é Magneto (o excelente Ian McKellen), líder da fraternidade mutante e que teme que a intolerância humana volte a vitimar os diferentes, até aí tudo bem, só que Magneto acredita que a melhor defesa é o ataque - e para isso conta com a ajuda de mutantes como Mística (Rebecca Romjin Stamos, que entra muda e sai calada, mas ganhou uma legião de fãs), Groxo e Dente de Sabre. O filme é curto, com uma hora e meia e Singer priorizou a apresentação dos persgonagens, entre eles Cyclope (James Marsden), Jean Grey (Famke Janssen), Tempestade (Halle Berry, ainda sem Oscar), Vampira (Anna Paquin), mas o que mais chamou atenção foi o então desconhecido Hugh Jackman como Wolverine. Jackman se tornou astro da noite para o dia depois que encarnou o mutante com garras de adamantium e recebeu cada vez mais destaque na série. Em pensar que ele nem era o favorito para o papel, tendo aceito depois da desistência de Russel Crowe e do afastamento de Dougray Scott (alguém lembra dele?), no fim das contas ele encarna a alma impressa por Singer no filme: nada de maniqueísmo. A coisa mais bem sacada de Singer foi criar analogias em todo o filme sobre uma realidade que conhecemos bem: o medo gerando preconceito e  terrorismo. Esse fator deu um verniz político ao filme que serviu de referência para os filmes de heróis que se seguiram. Nada mal para um diretor que nem era fã de gibi!

X-Men - O Filme (X-Men - The Movie) de Bryan Singer com Hugh Jackman, Patrick Stewart, Halle Berry, Ian McKellen e Famke Janssen. ☻☻☻

domingo, 9 de janeiro de 2011

CATÁLOGO: Hairspray - Em Busca da Fama


Travolta e sua fillha: Quilos de simpatia e maquiagem.

Pena que o mundo virtual não é o único existente. Ando ocupado demais com a minha dissertação para conseguir pensar em outra coisa. A cabeça anda fervilhando de ideias e piora mais ainda na melhor forma de colocá-las no papel. Devido a tudo isso minhas escritas no blog andam rareando, mas tudo isso já está com dias contados, ao fim de fevereiro a vida desse simples cinéfilo deve voltar ao normal. Diante de tanta falta de tempo e cansaço mental, resta-me dar sorte de ligar a TV altas horas da noite e me deparar com uma reprise, no mínimo simpática antes de pegar no sono. Ontem me deparei com Hairspray na TV e é engraçado como depois dessa versão com John Travolta ou  da falada versão nos palcos tupiniquins com Edson Celulari, as pessoas nem imaginam que a origem de tudo isso é uma comédia trash dirigida por John Waters, onde um travesti legítimo interpretava a gorducha Edna nos idos de 1988. Tratava-se de Divine (musa, enquanto pôde, dos filmes de Waters). Mas vamos a esta versão que entrou em cataz depois que o original de Waters alcançou sucesso como musical da Broadway. O filme conseguiu boa bilheteria nos cinemas, principalmente pela curiosidade em ver Travolta como uma mulher gorda (papel que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro de coadjuvante) e convenhamos que o cara alcança uma atuação correta, sem exageros que tenta criar uma mulher de verdade diante da câmera. Mas o astro é coadjuvante da novata Nikki Blonski que vive a personagem Tracy, a jovem gordinha que consegue espaço num cultuado programa de TV na década de 1960, rompendo com os padrões de beleza vigentes. Essa crítica à padronização é o tempero do filme, que lança várias alfinetadas a preconceitos variados. Além de cutucões no preconceito aos rechonchudos, Tracy aprende a dançar com os negros segregados de sua escola - e a segregação ainda aparece no próprio programa de TV e nas relações em volta dele (o que reflete as relações sociais de uma época próspera nos EUA, mas em que o preconceito ainda era vivenciado sem máscaras). Quem encarna, com muito estilo, esse american way of life é Michelle Pfeiffer, como a charmosa vilã coreógrafa Edna, que faz de tudo para que sua filha insossa brilhe mais do que qualquer outra pessoa no programa - o que causa problemas com os apresentadores do programa (Queen Latifah e James Marsden). O filme ainda conta com Christopher Walken, como esposo de Edna e Zac Efron no papel dele mesmo - um galãzinho teen. Longe de ser tão subversivo quanto o original, o filme conta com músicas animadas, coreografias e direção de arte simples - mas com piadas engraçadinhas até o final previsível. O bom mesmo é ver o diretor Adam Shankman fazer o Tio Sam rir de seus preconceitos sem que se dê conta (coisa que Walters fazia de forma muito mais ofensiva).

HAIRSPRAY - EM BUSCA DA FAMA (Hairspray - EUA/2007) de   Adam Shankman, com Nikki Blonski, John Travolta, Michelle Pfeiffer, Queen Latifah, James Marsden, Christopher Walken, Amanda Bynes e Zac Efron.  ☻☻☻

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

4EVER: Pete Postlethwaite

Pete Postlethwaite (07/02/1946 - 02/01/2011)

Nascido em Liverpool,  Pete Postlethwaite faleceu de câncer no dia 02/01/2011 e ficou famoso em 1988 com o filme Vozes Distantes. Pete foi indicado ao Oscar de coadjuvante pelo papel de pai de Daniel Day Lewis em Em Nome do Pai (1993). Além disso participou de uma dezena de filmes com diretores importantes, merecendo destaque em Os Suspeitos (1995) de Brian Singer, Amistad (1997) de Steven Spielberg, Romeu + Julieta (1996) de Baz Luhrman, O Jardineiro Fiel (2005) de Fernando Meirelles, Água Negra (2005) de Walter Salles. Neste ano, Pete participou de três produções Fúria de Titãs, Atração Perigosa e A Origem. Pete era um dos atores mais prestigiados da Inglaterra.

domingo, 2 de janeiro de 2011

DVD: "Detenção" | "Experiência"

Detenção: Adrien Brody numa refilmagem longe de ser perfeita.

Obviamente que no meio da crise criativa de Hollywood apelar para refilmagens de sucessos estrangeiros entraram em pauta. Uma delas foi lançada direto em DVD tanto aqui quanto nos EUA, Detenção do diretor Paul T. Scheuring (da série Prision Break) é a versão americana do sucesso alemão Das Experiment, lançado por aqui com o nome de Experiência. O filme alemão de Oliver Hirschbiegel é um primor no tom claustrofóbico adaptação do livro The Black Box, onde narrava uma experiência real ocorrida na Universidade de Oxford no ano de 1971. O experimento consistia em colocar 26 homens divididos em dois grupos dentro de uma construção que simulava uma prisão, um grupo vestia-se de policial e devia zelar pelas regras do experimento. O outro grupo ficava em celas vestidos de prisioneiros. Com o tempo notava-se que os dois grupos começavam a se comportar de acordo com suas vestes, especialmente o grupo "policial", mas na história real, quando se percebia que a violência iria explodir os psicólogos comportamentalistas pararam a pesquisa. Nos dois filmes não é isso que acontece. Mas enquanto Das Experiment consegue manter a tensão do início ao fim, Detenção fica pelo meio do caminho se contentando em preencher a tela com uma violência ainda mais explícita do que o original. Enquanto o nome mais conhecido do longa alemão era Moritz Bleibtreu (visto recentemente em Soul Kitchen), a versão americana conta com os oscarizados Adrien Brody (O Pianista) e Forrest Whitaker (O Último Rei da Escócia) o que não deixa de ser uma esperteza. Afinal, o mocinho desde o primeiro minuto tem biotipo judeu e está preso numa cela e o "vilão", líder do grupo "policial" é negro e age como o ditador de Uganda. Ao evocar os dois famosos personagens de seus atores o filme deixa ainda mais acentuada a sensação de dejá vù. Mas enquanto Brody faz o que pode em seu personagem assistente social, bom moço e unidimensional (apresentado desde o início com tendências humanitárias e comunistas, bem diferente do jornalista provocador da versão alemã ), Whitaker acaba se perdendo no meio de tiques de um personagem tolhido no mundo real e que percebe ali a chance e libertar seu lado mais obscuro. Desde as primeiras cenas com animais se devorando sabemos que a coisa vai descambar para a violência física e psicológica e o diretor Scheuring faz uma direção sem firulas, sem qualquer criatividade nos enquadramentos e tenta criar dramas utilizando metáforas que nem sempre funcionam como o esperado (como ficar mencionando o personagem Flying Man ou ressaltar o romance de Brody com aquela garota sem sal de Lost). O resultado acaba sendo óbvio demais, totalmente diferente da atmosfera precisa do filme alemão que tinha violência, mas que tratava com elegância e estilo a decadência moral de um grupo de homens guiados pelo que vestiam.

Das Experiment: atmosfera claustrofóbica é o trunfo do filme.

Detenção (The Experiment/EUA-2010) De Paul T. Scheuring com Adrien Brody, Forrest Whitaker, Cam Gigandet, Maggie Grace e Fisher Stevens. 

Experiência (Das Experiment / Alemanha - 2001) de Oliver Hirschbiegel com Moritz Bleibtreu, Christian Berkel e Danny Richter.

DVD: Um Olhar do Paraíso


Tucci e Ronan: Bons atores num filme em ponto morto.

Considero um bom diretor aquele cara que sabe o que quer fazer num filme e consegue contar isso numa tela de forma harmônica com os demais envolvidos. A maioria desses que conseguem agradar o público até ganham Oscars e, com ele, liberdade para fazer projetos cada vez mais ambiciosos. Talvez por isso o caso de Peter Jackson me instiga. O neozelandês sempre teve atração pela fantasia, não fantasias infantis, mas que apelam para o sombrio. Foi assim que nasceu sua repercussão no insano Fome Animal (1992), ganhou status com uma indicação ao Oscar de roteiro original no verídico Almas Gêmeas (de 1994, que revelou Kate Winslet), o levou para Hollywood em Os Espíritos (1996) e gerou o seu auge oscarizado da trilogia Senhor dos Anéis (2001, 2002 e 2003). Depois das bilheterias robustas e elogios seu projeto seguinte foi refilmar King Kong (2005). Encarei isso como um passatempo de alguns milhões de dólares. Em 2008 ele resolveu adaptar o livro The Lovely Bones, que é narrado por uma menina que é violentada por um vizinho e contempla a dissolução de sua família enquanto não descansa em paz. Essa premissa está longe de parecer atrativa para o grande público, mas Peter Jackson tinha nome suficiente para fazê-la um sucesso, ainda mais que agregou nomes de gabarito como a prodígio Soirse Ronan (indicada ao Oscar de coadjuvante por Desejo e Reparação), Rachel Weisz (Oscar de coadjuvante por O Jardineiro Fiel), Mark Wahlberg (indicado ao Oscar de coadjuvante por Os Infiltrados - assumindo o posto que era de Ryan Gosling), Susan Sarandon (Oscar de Atriz por Os Últimos Passos de um Homem) e o sempre correto Stanley Tucci (que merecia maior atenção por O Diabo Veste Prada). O problema é que Jackson parece não saber muito bem qual história quer contar. Jackson acerta no tom inicial, onde mostra as expectativas Suzie Salmon, uma garota de 14 anos (Ronan) na década de 1970 diante da vida adulta que se anuncia junto aos interesses amorosos. Essa promessa de futuro é rompida com o plano de um vizinho solitário (Tucci) que começa a nutrir uma bizarra atração pela menina. Jackson consegue equilibrar drama e suspense até esse momento com perfeição, mas começa a errar a mão na parte em que antes era um mestre: a fantasia. Quando suspeitamos que a garota foi morta o diretor nunca deixa claro onde a garota está, parece presa num mundo imaginário - e proporciona cenas que nem sempre funcionam. Embora existam algumas idéias bem sacadas na influência da defunta no mundo dos vivos, esse miolo deixa a impressão que após terminada as filmagens o diretor achou que tudo estava muito sombrio e tentou criar um apelo cômico para a trama com delírios adolescentes e a presença de uma avó maluquete (Sarandon) - mas isso acaba desviando o foco da narrativa quando ele deveria se concentrar na menina diante do impacto de sua morte nos laços de sua família. Enquanto o pai (Wahlberg, esforçado) tenta descobrir a identidade do assassino a mãe acaba abandonando a família, mas tudo é mostrado superficialmente, sem explorar os tons que tornaram o início do filme tão atraente. Curiosamente é nesse momento que a presença do vilão parece um refúgio para a platéia. Encarnado pelo eterno coadjuvante Stanley Tucci, o vizinho é capaz de provocar arrepios a cada aparição, principalmente quando percebemos que aquele sujeito que se finge agradável está à espreita da irmã de sua última vítima. Quando o filme chega em seu ponto morto, é Tucci que faz as coisas funcionarem (já que todos os personagens parecem abandonados pelo caminho, até mesmo a protagonista) e por isso foi o único lembrado no Oscar (de coadjuvante) do ano passado nessa produção. Quando as coisas voltam a entrar nos trilhos o espectador já está um bocado aborrecido de ver que até um diretor consagrado como Jackson é capaz de tropeçar em sua pretensão e não perceber que está errando a mão na boa história que tinha em mãos.

Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones / EUA - 2008) de Peter Jackson com Saoirse Ronan, Stanley Tucci, Rachel Weisz, Mark Wahlberg e Susan Sarandon.