Tatum e Egerton: a elegância britânica encontra o jeitinho americano.
A primeira aventura com o selo Kingsman (2014) está facilmente entre os filmes mais espertos dos últimos anos. Nas mãos do craque Matthew Vaughn os quadrinhos de Mark Millar e Dave Gibbons chegou aos cinemas brincando com os filmes de espionagem com muitas ironias (ou seria humor britânico?) e cenas de ação estapafúrdias tão bem coreografadas que se tornavam irresistíveis - além do charme de ter um grupo de espiões com nomes dos Cavaleiros da Távola Redonda e termos tão impecavelmente cortados quanto apetrechos tecnológicos disfarçados de acessórios vintages. Também ajudava o filme ser empolgante o fato do veterano Colin Firth aparecer em lutas inacreditáveis e o novato Taron Egerton ter a maior vontade de se tornar um astro. Com tanto estilo e fãs, era inevitável que o filme rendesse uma continuação. Kingsman - O Círculo Dourado traz todos os ingredientes do primeiro filme, mas paga o preço alto de ter perdido o gosto de novidade. O roteiro até tenta temperar com algo diferente, como apresentar a versão americana do grupo de agentes, a Statesman (em que todos tem nome de bebida e brincam com o estilo country). Os agentes americanos aparecem depois de um ataque surpresa à sede Kingsman, sendo os únicos que podem ajudar Eggsy (Egerton) e Merlín (Mark Strong) a descobrir quem foi o autor do ataque. Para o espectador não existe mistério algum neste ponto, já que desde o início sabemos que a vilã da história atende pelo inofensivo nome de Poppy (Julianne Moore, se divertindo um bocado no papel). Não se engane com a fala mansa e o mundo isolado cor de rosa que a personagem vive, ela é mais sanguinária do que você pode imaginar. Poppy é a maior produtora de drogas do mundo e tem um plano bem arquitetado para que as drogas sejam legalizadas e ela possa sair do anonimato. Quando o plano se revela o filme patina em gelo fino ao ter que lidar com este assunto polêmico e que rende discussões intermináveis... o resultado é que a história fica um tanto desengonçada, especialmente quando um bando de personagens de destaque na trama se revelam usuários de drogas. Sem querer tomar partido, resta ao filme retomar as cenas de ação e aproveitar o retorno de Harry (Colin Firth) de forma bem menos interessante do que deveria. Embora tenha um ritmo frenético, O Círculo Dourado é bem menos esperto e envolvente que a aventura anterior, uma pena já que o elenco do filme foi anabolizado com outros atores de peso (Jeff Bridges, Halle Berry e Channing Tatum). O resultado é um pequeno tropeço na carreira de Vaughn, que colecionava acertos até agora.
Kingsman - O Círculo Dourado (Kingsman - The Golden Circle / 2017) de Matthew Vaughn com Taron Egerton, Colin Firth, Mark Strong, Julianne Moore, Halle Berry, Pedro Pascal, Jeff Bridges e Channing Tatum. ☻☻
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