Beyond: estética excepcional e final decepcionante.
Além do Arco-Íris Negro é uma obra que se tornou cult pelo visual e o estranhamento que provoca por sua narrativa truncada que disfarça uma história simples. Este é o primeiro filme escrito e dirigido pelo diretor Panos Cosmatos, que nasceu na Itália e foi criado no Canadá e que assina um dos filmes mais falados de 2018, Mandy - terror estrelado por Nicolas Cage. Aqui ele ambienta sua história em um laboratório quase o filme inteiro, ousa ao localizar o filme na década de 1980, mas deixa a sensação de que tudo acontece numa espécie de mundo paralelo onde existe o Instituto Arbória - que é apresentado num epílogo que impressiona pela forma esquisita como é executado - uma propaganda arrepiante que causa mais arrepios do que empatia. Este é o cenário ideal para o bizarro doutor Barry Nyle (Michael Rogers), que realiza pesquisas e experimentos secretos, um deles sobre uma adolescente que possui habilidades especiais - mas que é mantida sedada a maior parte do tempo. Com a intenção de entender o que está acontecendo, o público assiste ao filme com uma pulga atrás da orelha, entre cenários futurista, trabalhos interessantes com cores e texturas, uma trilha sonora de sintetizadores e uma aura de cinema experimental, nós descobrimos que o que era uma promessa idílica nos anos 1960 se tornou um verdadeiro pesadelo - e que destino de Barry e seu "objeto" de estudo foi traçado há tempos. Embora tenha um ritmo arrastado e lento, Além do Arco-Íris Negro envolve o espectador de uma forma quase hipnótica com seu fiapo de história em embalagem interessante, mas que infelizmente erra a mão quando chega o desfecho - e o que era interessante se torna apenas um amontoado de clichês vulgares de filmes de terror baratos. O que era arrojado se torna um filme de assassino que não empolga (alguém me explica por que aqueles dois rapazes apareceram na história?) e termina da forma mais previsível possível. Cosmatos poderia ter seguido outros rumos no pesadelo que constrói, já que todos os elementos de como o ser humano pode perder as estribeiras estão ali - medo, raiva, impotência, poder.. - no entanto, durante a maior parte do tempo, ainda torna fácil perceber porque o filme se tornou cultuado ao longo de oito anos no circuito underground.
Além do Arco-Íris Negro (Beyond the Dark Rainbow/Canadá - 2010) de Panos Cosmatos com Michael Rogers, Eva Bourne, Scott Hylands e Marilyn Norry. ☻☻☻
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