domingo, 27 de abril de 2025

PL►Y: Holland

Nicole: desperdiçando o talento. 

Ano passado Nicole Kidman recebeu mais um prêmio importante para sua carreira, foi eleita a melhor atriz do Festival de Veneza (desbancando Fernanda Torres e Tilda Swinton) por seu trabalho em Babygirl. A atriz renomada embarcou então em mais uma campanha para conseguir mais uma indicação ao Oscar (seria a sexta vez que concorreria ao prêmio, sendo que já possui uma estatueta por seu belo trabalho em As Horas/2002), acho que o não lançamento de Holland nos cinemas tem relação com sua campanha por Babygirl, já que o longa metragem lançado diretamente no Prime Video é um dos mais frustrantes da carreira recente da atriz. Quem acompanha  carreira de Nicole sabe que ela também adora produzir minisséries para a TV, geralmente baseada em best-sellers repletos de suspense em que ela desconstrói a imagem de uma família perfeita. Ela faz isso novamente neste filme dirigido por Mimi Cave em seu primeiro projeto após o elogiado Fresh (2022). Mais uma vez a cineasta constrói um suspense temperado com um senso de humor estanho, só que ao contrário de seu filme anterior, aqui, a narrativa soa emperrada e sem graça perante as promessas que apresenta de início. O título se refere à uma cidade pequena e aparentemente perfeita como suas tulipas. Lá vive Nancy (Nicole Kidman), uma professora obcecada pelo que é saudável (beira a chatice mesmo). Ela é casada com o optometrista Fred (Matthew MacFadyen) e leva uma vida pacata ao lado do filho, Harry (Jude Hill). No meio de tanta perfeição de uma família de comercial de margarina, Nancy começa a ficar intrigada com as constantes viagens do marido para congressos e palestras profissionais.  Junto ao amigo professor de marcenaria, Dave (Gael García Bernal), ela começa a investigar o marido, disposta a descobrir os motivos de tantas viagens. Com quase duas horas de duração, o filme demora a engrenar e fica mais interessante no segundo ato em que a esposa perfeita percebe-se doida para ter um caso com o amigo professor enquanto acredita que o esposo a trai. No entanto, para ela a situação do marido é pior, já que ela acredita que por conta de algemas e fotos proibidas, ele é na verdade um pervertido cheio de fetiches - mas a coisa é bem pior. O tom caricatural faz tudo parecer coisa da cabeça da protagonista, mas o filme surge com uma guinada violenta e fica um tanto desconjuntado dali em diante ao lidar com o caso entre Nancy e Dave ou o que mais quer que aconteça. Há quem considere interessante a "surpresa" da trama, mas eu achei que o filme fica completamente perdido dali em diante até um desfecho confuso e insatisfatório. Embora considere um grande desperdício de um bom elenco (tem até uma participação miudinha de Rachel Sennott de Shiva Baby/2020), a produção tem uma estética caprichada e consegue trabalhar bem esta plasticidade no contraste com os pesadelos na mente dos personagens. Nada me tira da cabeça que Holland foi direto para o streaming para evitar arranhões na campanha pré-Oscar de Babygirl. Fosse lançado nos cinemas, o filme seria um fracasso e poderia até figurar no Framboesa de Ouro, no straming, com o nome de sua estrela no alto dos créditos, o filme se tornou o mais assistido ao redor do mundo em sua semana de lançamento.

Holland (EUA-2025) de Mimi Cave com Nicole Kidman, MAtthew MacFAdyen, Gael García Bernal, Jude Hill e Rachel Sennott.

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