segunda-feira, 17 de novembro de 2025

PL►Y: Emanuelle

Merlant: protagonista repaginada para o século XXI. 

O filme Emanuelle (1974) tornou-se um clássico do cinema erótico ao longo do tempo. A história era simples, uma modelo (vivida por Sylvia Kristel) viaja de Paris para Bangcoc, na Tailândia para se encontrar com o marido. Lá ela vive situações tórridas com vários homens e mulheres, assim como o esposo, sem culpas ou maiores problemas já que possuem um relacionamento aberto. A ideia mexeu com as fantasias de muita gente e gerou uma verdadeira franquia do cinema erótico que habitava as madrugadas das emissoras de televisão. A ideia de refazer este clássico  já rende publicidade de graça, mas quando você começa a escalar um elenco de prestígio, qualquer um começa a imaginar que é um filme a ser levado a sério. A responsabilidade de viver a protagonista ficou a cargo de Noémie Merlant, uma atriz competente que ficou conhecida por seu trabalho em Retrato de uma Jovem em Chamas (2019) e por não ter medo de aparecer em cenas provocativas. Colocaram ao lado dela uma das melhores atrizes de Holywood, Naomi Watts, em um papel de destaque e escalaram dois jovens atores interessantes, Will Sharpe (da segunda temporada de White Lotus) e Jamie Campbell Bower (o Vecna de Stranger Things). Se o elenco é interessante,  o mesmo não se pode dizer do roteiro.  A diretora Audrey Diwan (do premiado O Acontecimento/2021) admite não ter visto o original, mas conhecer detalhes que o torna uma obra bastante complicada quando observada nos dias de hoje. Baseado em um romance homônimo de 1967, a nova versão opta por um caminho completamente diferente, que ainda que possua cenas de sexo (que considerei bastante discretas) tem maior interesse em explorar a complicada relação de sua protagonista com o prazer. Ela se envolve com um estranho em um avião, aceita o convite de ir para cama com um casal, se envolve amorosamente com uma jovem e flerta com homens que parecem estabelecer um jogo de sedução que nunca chega às vias de fato. Dirigir tramas voltadas para a sexualidade é sempre complicado, se for muito despudorado corre o risco de ser vulgar, se for muito cerebral se torna frio e Diwan parece estar mais a vontade com a segunda opção. A Emanuelle da nova versão é enviada a trabalho para Hong Kong para avaliar um hotel de luxo. Ela aproveita a oportunidade para vivenciar algumas aventuras sexuais, mas entre as obrigações e a busca pelo prazer alguma coisa ficou faltando pelo meio do caminho para se tornar envolvente. É interessante ver a protagonista conversando com bastante franqueza sobre suas relações sexuais, assim como vê-la retratada como uma mulher independente e bem resolvida, mas fico imaginando que o filme receberia alguma atenção, seja do elenco, produtores ou público se não evocasse o nome de uma personagem tão famosa no gênero. Não que eu considere o filme original (o qual nunca assisti) uma obra-prima, mas acho difícil que cinquenta anos depois alguém ainda lembre deste aqui. 

Emanuelle (França/EUA - 2024) de Audrey Diwan com Noémie Merlant, Naomi Watts, Will Sharpe, Jamie Campbell Bower, Chacha Huang, Adam Pak e Hugh Tran. 

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