sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Na Tela: O Plano de Maggie

Ethan e Greta: quando os planos de vida fogem do controle. 

Deve haver algum tempo que Maggie (Greta Gerwig) tenta tocar a vida de forma independente. Se afastando cada vez mais dos 30 anos, ela percebe que está na hora de ter um filho - de produção independente, oras! Tão independente que ela nem recorre a um namorado ou clínica para ajudar. Ela prefere que um conhecido coloque seus genes dentro de um potinho que ela se vira depois como puder - e nem adianta ele sugerir o método mais antigo para se fazer um filho, Maggie está irredutível em seus planos (e até sugere que ele nem tenha contato com o filho quando ele for gerado). Também não adianta o futuro pai fazer os melhore picles que ela já experimentou, tão pouco ser meigo, atencioso e ter a cara do Travis Fimmel (ainda que parte dela esteja coberta pela barba desalinhada). Apesar do sorriso e da simpatia, Maggie ainda não percebeu que ter controle sobre todos os aspectos a vida é algo mais do que difícil,  é impossível mesmo. Talvez por isso seus romances nunca durem mais do que seis meses (ela até acha que possui alguma síndrome que a faça enjoar de estar apaixonada) e que seu relacionamento mais longo seja com um ex-namorado que se casou com Felicia (Maya Rudolph) - e os dois se tornaram os maiores confidentes da protagonista. Existe um aura de controlável bem estar na vida de Maggie, mas ela parece ir por água abaixo quando ela conhece John (Ethan Hawke), professor da mesma Universidade em que trabalha e que parece um tanto cansado dos debates intelectuais ao lado da esposa Georgette (Julianne Moore, plenamente relaxada após tantos papéis densos) e... a vida de Maggie pode mudar completamente - ainda que para um lado que ela nunca imaginou. O Plano de Maggie é uma comédia dramática que brinca o tempo todo com o que somos (ou o que pensamos ser) e o que seremos, mostrando que a vida tem lá suas guinadas surpreendentes que nem conseguimos nos dar conta de como fomos parar em determinado ponto. Dirigido por Rebecca Miller, que demonstra bastante desenvoltura em sua primeira comédia, o filme nunca cai na rotina tola das comédias românticas. É verdade que Rebecca também conseguiu reunir um ótimo elenco, com destaque para Greta que está se tornando especialista na criação de um tipo bastante específico: inteligente, articulada e um tanto desajeitada, que tem chamado cada vez mais atenção de público e crítica. Em alguns momentos o filme lembra os debates intelectualóides mais divertidos nos filmes de Woody Allen (especialmente quando Hawke e Julianne dividem a cena) e ao chegar no final deixa o espectador com aquela sensação de que desde o início sabia exatamente o que Maggie deveria ter feito no início de seu plano - e não me refiro ao plano de fuga mais esquisito da comédia romântica. Aos simpatizantes que aspiram uma indicação ao Oscar para Greta por sua atuação, posso dizer que ela deve ter fôlego somente para o Globo de Ouro de atriz de comédia, mas o roteiro pode cair no gosto da Academia (mas não se desesperem fãs, Greta tem chances de indicação ao Oscar por 20th Century Women novo filme de Mike Mills). 

O Plano de Maggie (Maggie's Plan/EUA - EUA) de Rebecca Miller com Greta Gerwig, Ethan Hawke, Julianne Moore, Bill Hader, Maya Rudolph e Travis Fimmel. ☻☻

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