segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

PREMIADOS GLOBO DE OURO 2018

Três Anúncios Para um Crime: a surpresa da noite. 

Além das atrizes vestidas de negro em protesto às inúmeras denúncias de assédio sexual de 2017, não faltaram alfinetadas à situação política dos Estados Unidos e comentários sobre  a desigualdade entre os gêneros em Hollywood. Se o anfitrião Seth Meyers não chegou a ser brilhante, pelo menos marcou o tom da noite com seu discurso inicial e piadas sobre os escândalos que perduraram durante todo o ano (e impressão minha ou começou a campanha de Oprah Winfrey para presidente?). Num ano de produções interessantes e sem francos favoritos para a temporada de prêmios, alguns ganhadores causaram surpresa durante a noite. A seguir confira os premiados e os meus comentários sobre como a temporada de prêmios começou a se desenhar a partir daqui:

Melhor filme dramático: Três Anúncios para um Crime
Talvez esta seja a grande surpresa da noite! Eu imaginava que The Post do Spielberg levaria (e houve até uma piadinha no início, bem rápida, mas impagável) ou, no auge da ousadia, A Forma da Água levaria, mas este drama recheado de humor negro ganhou força com sua história de uma mãe com sede de justiça pelo estupro e assassinato da filha - que nunca recebe a atenção merecida das autoridades locais. O filme foi o grande premiado da noite com quatro estatuetas!

Prêmio Cecil B. DeMille: Oprah Winfrey
Atriz, jornalista, apresentadora, produtora e faz tudo, Oprah já é patrimônio cultural dos Estados Unidos faz tempo, faltava apenas um prêmio deste quilate para reconhecer sua importância. 

Melhor diretor: Guillermo Del Toro (A Forma da Água)
Mesmo com Natalie Portman fazendo questão de nos lembrar que não houve nenhuma mulher indicada na categoria, era muito fácil ficar feliz com o prêmio de Del Toro. O discurso do diretor fez jus ao seu filme onde uma mulher se apaixona por um monstro que é uma verdadeira declaração de amor às criaturas estranhas que habitam seu imaginário.  Ao que tudo indica, o diretor chega mais forte no Oscar (que já premiou seus amigos Alfonso Cuarón e - duas vezes - Alejandro González Iñárritú).

Melhor ator / drama: Gary Oldman (O Destino de uma Nação)
Os outros atores que me desculpem, mas parece que este é o ano de se fazer justiça ao talento de Gary Oldman. Seus oponentes podem também estar excelentes, mas o ano é dele. 

Melhor ator / comédia ou musical: James Franco (O Artista do Desastre)
Era quase inevitável dar o prêmio para James Franco. O moço tem talento, mas andava meio sem foco nos últimos projetos. Agora ele lembrou que tem bom humor e fez seu filme mais elogiado como diretor. Revisitando o melhor pior filme do mundo (The Room), Franco encontrou o papel de sua vida e deve aparecer no Oscar em breve (só ficou estanho o modo como afastou seu biografado ao receber o prêmio... estrelas...).

Melhor atriz / drama: Frances McDormand (Três Anúncios para um Crime)
O que dizer de Frances McDormand? Que ela teve cinco indicações ao globo anteriormente e nunca levou nenhum para casa ou... melhor, ela ganhou um prêmio especial pelo conjunto do elenco de Short Cuts (1994) de Robert Altman e só. O fato é que num ano em que disputava com atuações poderosas (Sally Hawkins era outra favorita) ela ajudou a tornar o filme no campeão da noite. 

Melhor atriz / comédia ou musical: Saorsie Ronan (LadyBird: É Hora de Voar)
Esta categoria teve duas favoritas (os votos devem ter se dividido entre ela e Margot Robbie). Saorsie agora está mais perto de seu primeiro Oscar (e se a Academia seguir a tendência de premiar novos talentos como vimos no últimos anos, a Margot continua sendo forte no páreo). O melhor de tudo é ver que uma atriz mirim cresceu e se tornou uma artista sólida e que deve brilhar ainda mais nos próximos anos. 

Melhor ator coadjuvante: Sam Rockwell (Três Anúncios para um Crime)
Eu fiquei muito surpreso com Rockwell levando o prêmio para a casa. Eu imaginava que as premiações já haviam esquecido dele, já que ano após ano ele era esquecido sistematicamente. Eu via Willem Dafoe sendo premiado, mas a disputa entre os dois pelos votos deve se repetir em outros prêmios da temporada. 

Melhor atriz coadjuvante: Alisson Jenney (Eu, Tonya)
Quem não curte Alisson Jenney é porque nunca a viu em cena. A atriz finalmente ganha o reconhecimento e parte rumo a voos mais altos após anos sendo aquela coadjuvante que o grande público nunca lembra o nome. Curiosamente, outra favorita aqui era outro personagem maternal, a de Laurie Metcalf em Ladybird. Outro páreo duro!

Melhor roteiro: Três Anúncios para um Crime
Martin McDonagh parece ter finalmente realizado sua obra-prima. Depois de filmes repletos de humor negro e personagens masculinos, ele acertou em cheio ao girar em torno de uma protagonista feminina. Não é todo dia que um irlandês tem seu filme celebrado com tanta devoção nos Globos. 

Melhor trilha sonora: A Forma da Água
Alexandre Desplat dispensa comentários. 

Melhor canção original: This is Me – O Rei do Show
A canção se tornou um hit e chegou forte para a temporada, mas devo dizer que tem várias canções cotadas para o que vem por aí - e devem dar trabalho para a odisseia circense de Hugh Jackman. 

Melhor animação: Viva - A Vida É uma Festa
Considerado o melhor filme da Pixar em muito tempo, a categoria já era bem óbvia - e deve figurar no Oscar ao lado dos mesmos concorrentes que vimos aqui.  

Melhor filme estrangeiro: Em Pedaços (Alemanha/França)
SURPRESA!! Alguém imaginava que o drama pesadão de Fatih Akin levaria este prêmio concorrido? Eu não imaginava! Bom também foi Dianne Kruger ao seu lado celebrando um filme extremamente necessário em tempos de intolerância crescente. Ótima chance de buscar outros filmes de Akin e conhecer sua obra de cores fortes e incômodas.

Melhor filme cômico ou musical: Lady Bird - É Hora de Voar
Antes das indicações este já era o filme mais querido da temporada! Sucesso de público e crítica, o filme era o favorito na categoria e, causou grande estranhamento quando a atriz Greta Gerwig ficou de fora da categoria de melhor direção por sua bela estreia atrás das câmeras. Diante da premiação, resta cruzar os dedos e esperar que o Oscar lhe faça justiça. 

Greta e o elenco de Ladybird: aguardando a indicação ao Oscar de direção. 

Vale sempre lembar que o Globo de Ouro também celebra os melhores da televisão e num ano de produções tão boas ficou até difícil prever quem seria premiado neste ano. Big Little Lies foi o grande vencedor do ano (e o feito tende a se repetir ao longo da temporada), mas The Handmaid's Tale também fez bonito, especialmente por mostrar que Elisabeth Moss é realmente uma das atrizes mais interessantes da atualidade. O que une as duas séries é o olhar extremamente feminino sobre suas histórias densas (assim como outro favorito da temporada: Feud - Bette and Joan)  A seguir todos os premiados da TV: 

Melhor série dramática
The Handmaid’s Tale

Melhor série cômica
The Marvelous Mrs. Maisel

Melhor minissérie ou filme para TV
 Big Little Lies

Ator em série dramática
 Sterling K. Brown  (This is Us)

Ator em série cômica
 Aziz Ansari  (Master of None)

Atriz em série dramática
Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)

Atriz em série cômica ou musical
Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)

Ator em minissérie ou filme para TV
 Ewan McGregor (Fargo)

Atriz em minissérie ou filme para TV
 Nicole Kidman (Big Little Lies)

Ator coadjuvante em TV
 Alexander Skarsgard (Big Little Lies)

Atriz coadjuvante em TV
Laura Dern (Big Little Lies)

O elenco de Big Little Lies: o azar de Feud. 

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