quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Na Tela: Aquaman

Momoa a caráter: pura diversão para os fãs. 

Não curto esta rivalidade que se instaurou entre os fãs dos filmes da Marvel e da DC Comics, que comparam as produções baseadas nos quadrinhos das duas editoras - e que deixou a Warner um tanto baratinada com os rumos que seus filmes deveriam seguir após o sucesso arrebatador de Vingadores/ 2012 e tudo o que veio depois. A DC/Warner realmente perdeu o rumo, começou a misturar coisas demais e o resultado foram filmes um tanto confusos que mesmo estando longe do desastre, receberam críticas severas que fizeram os produtores repensarem tudo - especialmente após Liga da Justiça /2017 arrecadar menos do que o esperado ao redor do mundo (pois é meus amigos, um filme que arrecada 657,9 milhões de dólares ao redor do mundo é considerado um fracasso nos dias atuais). Depois de uma verdadeira tempestade nos projetos ligados aos heróis da DC (Zack Snyder fora de vez, Ben Affleck dispensado de Batman, Henry Cavill largando a capa do Superman, Mulher Marvilha 2 não sendo uma sequência, o filme do Cyborg praticamente cancelado, filmes paralelos com vilões do Homem-Morcego, um trailer de Shazam que deixa a dúvida se o universo dos personagens é unificado ou não...) era com grande expectativa que se esperava Aquaman pelas mãos de James Wan. Wan fez sucesso com filmes de terror e está para o gênero no século XXI como Wes Craven estava nos anos 1980. O criador de Jogos Mortais (2004) e Invocação do Mal (2013) foi recebido com surpresa ao assumir a produção - e diante das entrevistas cedidas no lançamento do herói aquático , mostrava-se exausto quando tudo acabou. Vendo o filme percebe-se logo os motivos. Com duas horas e vinte e dois minutos de duração, inúmeras cenas de ação e infinitos efeitos especiais, o filme tem a ambição necessária para colocar o universo da DC nos cinemas no gosto do público. O filme cita rapidamente o vínculo do filme com os acontecimentos vistos em Liga da Justiça, mas gira em torno de Arthur Curry (Jason Momoa) descobrir suas origens e se tornar Aquaman de vez. Os fãs mais antigos já devem ter se acostumado com a repaginada que o personagem sofreu nas últimas décadas, deixando de lado o visual arrumadinho para se aproximar mais de um Netuno Hardcore.. Aqui descobrimos como Arthur nasceu do relacionamento de uma rainha (Nicole Kidman) da misteriosa civilização de Atlântida com um faroleiro. Desde pequeno Curry sabia que era diferente, foi treinado para lidar com seus poderes e habilidades, mas nunca se interessou por assumir o trono de Atlântida, no entanto, seu irmão, Orm (Patrick Wilson) percebe que acabar com o bastardo seria um bom começo para impor respeito e dar o troco ao mundo do superfície por séculos de abuso aos reinos dos mares. Este é o ponto de partida do filme, mas ele segue caminhos demais. A apresentação do personagem serve para construção de um verdadeiro mundo próprio, com vários personagens, intrigas e interesses, mas tudo é acelerado, grandiloquente e, por vezes, confuso. Existem cenas muito boas (acho fascinante os momentos mais sombrios do filme, especialmente quando Arthur e Mera (Amber Heard, que não acerta o tom) são atacados por monstros em alto-mar. Há momentos que estão ali para agradar os fãs (como o surgimento do herói com o uniforme original e o aparecimento do Arraia Negra idêntico ao dos quadrinhos) e um desejo explícito de agradar fãs que vão ao cinema apenas para se divertir. Por ser um personagem que nunca teve sua origem contada nas telas e que não é tão popular como Bamtan ou Superman, percebe-se que Wan teve maior liberdade para criar e caprichou. O problema maior fica por conta do roteiro e das atuações. Em alguns momentos o texto perde o ritmo e patina nos vários pontos que aborda. Jason Momoa por vezes perde o ar sisudo e se rende a um tom besteirol que não combina com sua abordagem do personagem, mas ninguém deve reclamar muito. Sorte que Nicole Kidman, Willem Dafoe e Patrick Wilson estão ali para ajustar qualquer escorregada. Aquaman já é um sucesso ao redor do mundo (já arrecadou meio bilhão nos cinemas e deve render mais uns trezentos até sair de cartaz), além de ganhar uma uma sequência. Resta aos fãs torcer para que a Warner se anime novamente e promova novos encontros de nossos heróis favoritos. 

Aquaman (EUA/2018) de James Wan com Jason Momoa, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Yahia Abdul-Mateen II, Dolph Lundgren e Randall Park. ☻☻☻

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