segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Na Tela: Venom

Venom e Hardy: parceria tresloucada. 

Nem todos os filmes a que assisto eu comento aqui no blog. É verdade que a grande maioria (cerca de 98%) do que assisto eu escrevo por aqui. Geralmente os não comentados são deixados para trás por motivos diversos, por vezes não sei muito bem o que escrever sobre ele, em outros considero que meus comentários não vão acrescentar coisa alguma. Em outros casos, o texto fica pela metade, faço, desfaço, desisto e a vida segue em frente. Venom é o tipo de filme que nem me atrevi a começar um texto sobre ele, não tive vontade alguma na época em que o assisti, no entanto, diante do sucesso mundial que o filme tem feito, senti uma inquietação por escrever. O personagem Venom é um famoso vilão dos quadrinhos do Homem-Aranha e até já deu as caras no terceiro e derradeiro filme de Sam Raimi com Tobey Maguire na pele do herói aracnídeo (falando nisso, os dois sumiram por aí). Naquela ocasião o simbionte alienígena tomou o corpo de Topher Grace, encarregado de encarnar o jornalista Eddie Brock. Agora, com o cabeça de teia nos braços da Marvel, a Sony resolveu investir no vilão e deixou muita gente preocupada. No entanto, pelo resultado, os envolvidos deram de ombros e realizaram um filme sem qualquer preocupação com o atual paradigma dos filmes de heróis. Sem amarras com o universo de qualquer editora ou cronologia de personagem, Venom não tem pudores de ter um roteiro sem vergonha, que não traz nada demais, apenas uma sucessão de cenas que misturam humor, terror e cenas de ação. A ideia é gerar diversão para quem quer ir no cinema e assistir qualquer coisa que não exija muito. Flertando com o trash, o longa prova que num mundo onde a DC Comics quebra a cabeça para encontrar um rumo em seus filmes e a Marvel pensa nas minúcias de uma elaborada rede de filmes interligados, ainda  existe espaço para um filme que quer apenas faturar nas bilheterias se tiver a sorte de cair nas graças do público. Confesso que ao assisti-lo pensei que seria um grande fracasso, mas lançado num período sem grandes estreias do gênero, o filme se deu muito bem. Um trunfo do filme é o carisma de Tom Hardy, que como Eddie Brock interpreta o sujeito mais idiota de sua carreira (o que não deixa de ser divertido e quem conhece o ator sabe que aquela canastrice é proposital para um jornalista um tantinho sem escrúpulos), ele trai a confiança da namorada (a cinco vezes indicada ao Oscar Michelle Williams, garantindo as contas dos próximos anos) e numa investigação acaba contaminado pelo simbionte alienígena - com quem acaba fazendo um trato para continuar vivo.  Com Tom e Michelle à frente, o diretor Ruben Fleischer prova mais uma vez que sabe o quanto um elenco pode ajudar um filme com roteiro insosso - basta ver seu filme anterior, Caça aos Gângsteres/2013 que contava com Ryan Gosling, Emma Stone, Josh Brolin e Sean Penn para fazer a plateia imaginar que era algo bom. Venom não tem intenção de complicar nada. Não há dramas, reflexões, analogias ou pegadas inteligentes, mas apenas um fluxo de cenas que segue até o final sem maiores pretensões. Sem regras a seguir e sem crédito a perder, o filme joga tudo para o alto. Há quem goste e esteja vibrando com a sequência que deve surgir em breve. No entanto, quem espera algo mais de uma sessão de cinema pode se decepcionar e dormir em uma cena e outra. 

Venom (EUA/China-2018) de Ruben Fleischer com Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed, Jenny Slate, Woody Harrelson, Melora Walters e Reid Scott. 

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