quarta-feira, 24 de abril de 2019

Na Tela: Um Banho de Vida

Anglade, Almaric, Canet, Benoît: atletas, mas nem tanto. 

Quem já passou dos trinta deve lembrar da comédia inglesa Ou Tudo ou Nada (1997) que conseguiu até indicações ao Oscar ao contar a história de um grupo de desempregados que resolviam ganhar dinheiro fazendo strip-tease para a vizinhança, com humor parecido o filme francês Um Banho de Vida conta a história de homens pouco atléticos que compõem um curioso grupo de nado sincronizado. No entanto, o maior problema dos personagens está longe de ser a barriguinha avantajada ou as articulações menos flexíveis com o peso anos, afinal, sobram problemas pessoais  e familiares que os deixam cada vez mais desanimados. Bertrand (Mathieu Almaric) está afastado do trabalho há algum tempo e só recebe o desprezo do filho mais velho. O explosivo Laurent (Guillaume Canet) não consegue dialogar com a esposa ou o filho que está cada vez mais afetado pela gagueira. Marcus (Benoît Poelvoorde) tem cada vez mais problemas com o trabalho prestes a falir. Simon (Jean-Hugues Anglade) tenta seguir carreira na música há décadas, mas não consegue empolgar nem a filha. Thierry (Phillipe Katerine) parece ter perdido um parafuso nas inúmeras vezes que o time de pólo aquático o jogou na piscina... embora os outros personagens do nado sincronizado não recebam igual destaque na história, nota-se que a vida deles também está longe de ser um sucesso. Em meio aos rumos que a vida lhes reservou, este grupo de homens se encontra por acaso em torno do esporte bem menos difundido que sua versão feminina. As mulheres até dão a cara neste time como treinadoras determinadas: uma está à beira do abismo (Virginie Efra) e outra (Leïla Bekhti) não faria feio diante dos generais mais durões que o cinema já apresentou. Embora seja um passatempo no início, a coisa muda de figura quando o grupo se inscreve numa competição oficial em que irão representar a França. Dirigido por Gilles Lellouche o filme segue um tanto frouxo com seu senso de humor inofensivo e os dramas de seus personagens, mas tem a sorte de contar com uma verdadeira coleção de bons atores franceses para impulsionar o interesse... e funciona! Embora nenhum ator tenha um grande momento em cena, o desfecho do grupo é apoteótico e compensa qualquer tropeço na cadência da narrativa. Ao assistir o filme tive a impressão que em breve ele ganhará uma versão hollywoodiana, mas pesquisando sobre ele na internet descobri que se trata da versão de um filme sueco que já se tornou até matéria-prima para um documentário britânico. Curiosamente, no mesmo ano que este filme francês se tornou sucesso na Europa, uma versão inglesa, chamada Nadando com Homens, naufragou nas bilheterias na terra da Rainha (também, com um nome destes... aff!). Enfim, nada impede que Hollywood recicle a ideia e coloque Steve Carrell como o deprimido Bernard e o sumido Tobey Maguire como um temperamental Larry em breve. 

Um Banho de Vida (Le Grand Bain / França - Bélgica / 2018) de Gilles Lellouche com Mathieu Almaric, Guillaume Canet, Jean Hughes Anglade, Benoît Poelvoorde, Phillipe Katerine, Virginie Efra, Leïla Bekhti e Jonathan Zaccaï. ☻☻☻

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