domingo, 29 de setembro de 2024

PL►Y: Imaculada

Sweeney: entre a fé e o corpo.

Lançado no primeiro semestre com algum destaque entre os filmes de terror do ano, Imaculada também foi envolto de polêmicas. Obviamente que qualquer longa metragem que tenha alguma menção religiosa que não seja edificante gera comentários raivosos, motivo pelo qual algumas pessoas criticaram bastante o filme. No entanto, em suas entrelinhas existem algumas questões importantes que merecem ser debatidas e estas estão além da sanguinolência, sustos e jump scares que a maioria dos fãs do gênero se acostumaram. Imaculada pretende ter mais do que isso. É verdade que em alguns momento o filme se acovarda de ser mais incisivo em suas questões, pelo menos essa é a impressão até chegar ao seu final bombástico. O filme conta a história da jovem Cecilia (Sydney Sweeney), que decide ser freira e parte para um convento na Itália. Vítima de um trauma na infância, a moça sempre considerou que permaneceu viva por algum propósito maior. Convidada para o convento distante, ela está certa de que seu destino é se dedicar à fé junto com as irmãs. Claro que aos poucos o filme irá se render à cartilha daquele ambiente em um filme de terror. Corredores escuros. Barulhos. Salas secretas e a suspeita de que existe algo macabro por debaixo de todo o discurso de fé pregado ali. Acho que não é um SPOILER dizer que do nada, Cecilia aparece grávida e jura que não manteve relações com um homem, antes ou depois de chegar lá. Alguns exames depois e não resta dúvida: estão diante de um milagre. Acontece que Cecilia tem fé, mas sabe que existe algo estranho naquela situação. Na segunda parte o enredo envereda por alguns absurdos, mas qual filme de terror que não o faz (o gênero parece ter uma licença para usar qualquer tipo de argumento para que o se vê na tela)?  O clima pesa conforme se pensa sobre a autoridade que Cecilia tem sobre seu próprio corpo e o que algumas pessoas são capazes de fazer em nome da fé. São dois pontos de discussão bastante atuais que convergem aqui com uma certa fúria, de um lado e de outro. Acontece que o filme precisa de um desfecho e o filme opta pela opção mais radical. Acho que vale dizer que o filme escorrega aqui e ali, mas tem uma boa ambientação e bons trabalhos do elenco, sobretudo de Sweeney e de Álvaro Morte (sempre estranho este sobrenome, mas cai feito uma luva para um filme assim), o ator, mais conhecido como o professor de La Casa de Papel, tem outro bom trabalho por aqui. Quando os dois estão em cena eu até esqueço como o filme fica muito perto de cair no ridículo. 

Imaculada (Immaculate / EUA - Itália / 2024) de Michael Mohan com Sydney Sweeney, Álvaro Morte, Benedetta Porcarolli, Simona Tabasco e Dora Romano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário