domingo, 24 de julho de 2011

COMBO: Suicidal Tendencies

Não se admirem se daqui a alguns anos lançarem um  filme sobre a vida de Amy Winehouse, afinal o cinema adora cinebiografias de artistas transtornados em seus conflitos entre o talento e a autodestruição. Enquanto o filme de Amy ainda é só uma hipótese, não custa lembrar de alguns talentos que perdemos precocemente por conta da mistura de dores emocionais mal curadas, álcool e drogas. Se seus heróis morreram de overdose, ou estiverem bem perto disso se prepare para o combo mais deprimente de todos os tempos... 

5 Stoned (2005) Há quem critique o filme de Stephen Wooley por puxar muita brasa para a sardinha de Brian Jones (vivido por Leo Gregory), o ex-membro fundador dos Rolling Stones. Músico versátil, o cara se tornou famoso ao ser guitarrista dos Rolling Stones, mas seu envolvimento cada vez maior com as drogas lhe custaram a carreira junto ao bando de Mick Jagger, sendo expulso da banda em 1969.  Artista, estrela pop, ícone da moda, mulherengo e pioneiro da contracultura, Jones foi tudo isto e muito mais durante os sete curtos anos da sua ascensão para o estrelado e  queda. O fato de ter sido encontrado morto na piscina de sua casa um mês depois de ter saído da banda gerou um número impressionante de teorias conspiratórias. As justificativas do seu óbito (aos 27 anos) vão desde afogamento, overdose e até assassinato (o filme acredita nesta versão) - o que para muita gente é mais que compreensível pelo cara não ser dos mais agradáveis.   

4 Os Últimos Dias (2005) Gus Van Sant não tentou nem disfarçar que um dos seus filmes mais experimentais (ou arrastadamente pretensiosos) era baseado nos últimos dias da vida de Kurt Cobain (1967-1994), o vocalista do Nirvana. Pouca coisa acontece na tela, afinal se trata de um retiro de um astro de rock para lidar com seus próprios fantasmas. Não esperem polêmicas sobre o relacionamento de Kurt com Courtney Love (para isso existe aquele documentário famigerado Kurt & Courtney/1998), a intenção de Van Sant era fazer um poema fúnebre para o rei do grunge. Dificilmente o filme teria o impacto que possui sem a presença marcante do (nem sempre inspirado) Michael Pitt. Entre drogas, cigarros e álcool, sua atuação transborda melancolia - e isso é o que mais se sobressai.   

3 O Ocaso de uma Estrela (1971) Este drama biográfico dirigido por Sidney J. Furie fez grande sucesso em 1971 ao contar a ascenção e queda da venerada cantora de blues Billie Holliday. O filme acompanha a vida da estrela desde sua infâmcia pobre, a experiência como garota de programa, o início de sua carreira musical e os primeiros show pelos Estados Unidos. Poderia ser um conto de fadas se não fosse o tumultuado casamento da estrela e seu envolvimento cada vez maior com as drogas - que a levaria à morte no ano de 1959. O roteiro é baseado na autobiografia escrita pela própria Holiday (Lady Sings the Blues), o filme anda esquecido (parece não ter saído em DVD por aqui) e merece ser redescoberto, especialmente pela arrepiante atuação de Diana Ross no papel principal. A madrinha de Michael Jackson tem uma estreia cinematográfica arrasadora que lhe valeu alguns prêmios e uma indicação ao Oscar.
 
2 Control (2007) Ian Curtis era mais do que o vocalista da banda inglesa Joy Division, era o ícone de uma geração. Pena que sua carreira foi tão breve ao ponto de ter lançado somente dois álbuns. Parte da trajetória de Curtis aparece no ótimo A Festa Nunca Termina (2002) de Michael Winterbotton, mas sua história é tão interessante que ganhou um filme próprio e estiloso pelas mãos do diretor Anton Corbjin rodado em preto e branco, o filme tem o roteiro baseado no livro de sua viúva, Déborah (chamado Touching from a Distance) e mostra como Curtis (o bom Sam Reily) construiu um novo gênero musical (o pós-punk) em meio às suas crises epiléticas, depressões e casos extra-conjugais. Para além da relação sexo, drogas e rock'n roll a pressão sobre sua carreira (que durou de 1977 até 1980) e o divórcio são julgados como fatores determinantes para seu suicídio aos 23 anos, pouco antes de sua primeira turnê pelos EUA.

1 A Rosa (1979) Bette Midler é uma das  minhas atrizes favoritas, pena que tem se dedicado a filmes que subestimam o seu poder de fogo diante de uma câmera. Quem se habituou a ver Midler em participações especiais em comédias bobocas, vai se surpreender com sua atuação neste filme de Mark Rydell. Em A Rosa ela interpreta uma rockstar inspirada em Janis Joplin (1943-1970), o filme segue a última turnê dessa intensa cantora chamada The Rose, que extrovertida no palco se mostra solitária e insegura, sendo explorada por seu empresário ganancioso. Rose acredita que só sua relação com o motorista de limusine chamado Houston  pode salvá-la da auto-destruição, mas sua relação com as drogas se mostra mais perigosa do que pensava. É devastadora a cena em que Rose realiza seu último show (e rende a Bette Midler uma das atuações mais fascinantes do cinema).

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