segunda-feira, 18 de julho de 2011

DVD: Lembranças


Pattinson e Emilie: apenas dois pombinhos tristes.

Antes que as zilhões de fãs histéricas de Robert Pattinson encomendem a minha morte eu devo dizer que EU REALMENTE TENTEI! Usei todos os truques do cinéfilo experiente que quer se isentar de opiniões alheias na hora de expressar a sua sobre determinada obra. Esperei passar meses do lançamento deste filme nos cinemas, esperei meses depois que foi lançado em DVD e esperei a temporada em que Pattinson fica afastado da mídia (para depois voltar para todas as capas de revistas adolescentes por mais um capítulo da interminavel xaropada vampiresca de Crespúsculo). Contou ainda na coragem de ver o filme a assinatura do diretor Allan Coulter que realizou alguns dos melhores capítulos do seriado Família Soprano e foi capaz de tirar uma atuação que prestasse de Ben Affleck em Hollywoodland (2002). Pena que nada disso pesa muito quando digo que Lembranças é um dos filmes mais desalmados que já vi. Não, não digo isso por Pattinson, Coulter ou pelo roteiro, o filme é de uma falta de energia surpreendente. Devo admitir que Pattinson também não ajuda, ele até parece encontrar o tom do personagem no início, com aquela pinta de rapaz bem nascido e que pode ser rebelde contra as injustiças 'do sistema' - afinal a mesada do papai está sempre ali para ajudar (ou alguém não se perguntou como ele consegue se manter, já que é um estudante de sociologia?). Entre uma encrenca aqui e outra ali ele tenta superar o suicídio do irmão (ele tem até uma tatuagem no peito em homenagem ao suicída, o que me parece muito mais uma tortura auto-realizada do que qualquer outra coisa) e bancar o irmão bacana com sua irmã (a precoce Ruby Jerins, a melhor em cena). Para completar seus dramas pessoais, o relacionamento com o pai (Pierce Brosnan, canastra como sempre) não é dos melhores e ele ainda arranja uma namorada problemática, (Emilie de Ravin, da série Lost). O maior problema de ... é que sua mãe morreu num assalto no metrô e seu pai (Chris Cooper, que ganhou o Oscar quando mudou a carranca de sempre em Adaptação/2002) foi o policial que quebrou a cara de seu pretendente. Com os personagens tão estereotipados você já sabe o que vai acontecer, briguinhas aqui, desentendimentos ali, conflitos com os pais acolá até que o filme chega ao seu desfecho. Pena que Pattinson e Emilie sejam um limitados demais para dar ânimo a um fiapo de história desses. Muitas vezes ela parece uma chata e ele um zumbi. Em suas atuações a vida parece se arrastar até quando estão juntos - diante de uma atmosfera dessas até eu tinha me suicidado!! Jovens, bonitos, apaixonados e de situação financeira estável nunca fica muito claro que vácuo é esse que domina os dois. Fosse um filme mexicano o filme poderia faturar vários prêmios pela forma como transbordariam suas emoções, mas a forma contida com que o filme é feito o resultado é um sonífero. Coulter faz o que pode para fazer de conta que seus personagens estão se desenvolvendo - caprichou na trilha sonora triste, na fotografia melancólica e no ritmo arrastado. Tudo exala tristeza, melancolia, pezar... pena que esqueceram de desenvolver a história se amparando no final 'surpresa' que não consegue comover. Desculpem fãs de Pattinson, o cara deveria aprender que construir um personagem não é vestir um estilo e arrastá-lo até a cena final. Dar-lhe cores, camadas, emoções ajuda bastante e a sua história não deve ficar só atrelada ao fato de ter uma garota para dar umas beijocas e reclamar da vida: um personagem é um sujeito de sua história, sem história não há lembrança que permaneça.    

Lembranças (Remember me/EUA-2010) de Allan Coulter com Robert Pattinson, Emilie de Ravin, Chris Cooper, Lena Olin e Pierce Brosnan. 

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