quinta-feira, 7 de julho de 2011

DVD: Megamente


Megamente: Vilão vítima de bullying?

Todo mundo já conhece o estilo das animações da Dreamworks. Seus personagens são sempre mais malandrinhos do que os de outros estúdios, a trilha sonora dispensa canções melosas e investe no pop-rock, de preferência das antigas e se possível dá alguma espetadinha em outras produções. Megamente não é diferente, tem todos estes ingredientes (inclusive dá alguns arranhões no primeiro filme de Superman/1978 de Richard Donner). A trama é baseada numa pergunta simples: e se Lex Luthor houvesse derrotado Superman? A diferença toda está na forma esperta com que a história de nosso anti-herói é contada. Quando seu mundo estava sendo destruído, Megamente (voz de Will Ferrell) foi posto numa capsula para vagar pelo universo. Por acaso, no mesmo momento, outro planeta estava se desintegrando e outro bebê seguiu o mesmo rumo, caindo na terra. Mas enquanto Megamente caiu num presídio, sendo educado por um bando de marginais, o outro bebê foi cair aos pés da árvore de natal de uma família de milionários. Estes dois personagens ainda vão se encontrar na escola. Porém enquanto Megamente é hostilizado por ser azul, ter uma cabeça desproporcional e ser um bocado atrapalhado, o outro ganha superpoderes, a voz de Brad Pitt e popularidade para ajudar sua estampa de galã. Cansado de ser perseguido na escola, Megamente resolve ser vilão e colocar em prática tudo o que aprendeu no presídio. Torna-se assim o arqui-inimigo de Metro Man, o herói protetor de Metro City. Precisa dizer que os planos de Megamente dão sempre errado e que Metro Man flerta com uma jornalista que é sempre a isca para atraí-lo para uma emboscada? Ao contrátio de seu inimigo, o vilão não possui super-poderes, apenas inteligência tecnológica (mesmo que sempre erre na pronuncia de algumas palavras) que faz com que se livre do herói. O azulão fica até surpreso quando um de seus planos dá certo e começa a fazer o que bem entende com a cidade. Não vai demorar muito para ele entender que sem um inimigo a vida fica muito menos interessante. Os apetrechos criados por Megamente e sua tentativa de produzir um herói guiam o filme até a sua conclusão, conseguindo animar a plateia (ao lado do ótimo Criado, um peixe alienígena falante num corpo de orangotango robótico!). O filme tem algumas ideias interessantes: a perspectiva de que o vilão foi fruto do meio em que cresceu, de que não basta super poderes para ser um herói (pelo contrário, pode até colaborar para transformá-lo num tirano), além da clássica ideia de que todos merecemos uma segunda chance - mas a ideia principal divertir a sua plateia - e quem conhece o clássico de Superman de Donner vai se divertir mais ainda com as citações (como o velhinho "pai do espaço" que parodia Marlon Brando). Porém, no fim das contas, a originalidade desta brincadeira fica comprometida por conta de parecer muito com o desfecho semelhante ao de Meu Malvado Favorito, onde o malvado descobre que um pouco de carinho e afeição pode transformá-lo num verdadeiro mocinho bem intencionado.

Megamente (Megamind/EUA-2010) de Tom McGrath com vozes de Will Ferrell, Jonah Hill, Tina Fey e Brad Pitt.   

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