Bassett e Huerta: A revolta dos excluídos. |
Já está disponível no Disney+ o sucesso Pantera Negra - Wakanda Para Sempre, o filme se tornou o filme mais visto da Marvel no complicado ano de 2022, em que as produções do estúdio não apenas sofreram críticas severas dos fãs como precisou passar por uma reavaliação dos rumos que o estúdio tomará em diante. O curioso é que Wakanda Para Sempre não é apenas o filme que fecha a fase mais desengonçada do estúdio, como também foi o mais aguardado após o duro golpe que foi o falecimento de Chadwick Boseman, alçado ao posto de astro com o sucesso de T'challa/Pantera Negra e que morreu em decorrência de um câncer. A Marvel se viu num dilema. Diante da perda de um dos seus atores mais populares, o que fariam com a franquia? Usar efeitos especiais para substituí-lo? Colocar outro ator no lugar dele? Criar uma trama para um novo herdeiro do manto do herói? As cenas iniciais deixam claro a opção do filme de Ryan Coogler. Uma justa homenagem, que emociona se esquivando do melodrama e da promoção da tragédia que se abateu sobre a carreira promissora do artista, o problema é o que vem depois. Sem um protagonista pré-definido, o filme se beneficia bastante da presença de Angela Bassett (favorita ao Oscar de melhor atriz coadjuvante deste ano após receber os principais prêmios da temporada) na pele da Rainha Ramonda preocupada com os rumos de seu reino, agora que só lhe resta a filha, Shuri (Letitia Wright) - que não se conforma de não ter conseguido salvar o irmão. Para além do drama familiar, está o olho gordo de outras nações sobre o minério Vibranium que, até onde se sabe, só existe em Wakanda. Eis que subitamente descobre-se que nas profundezas do mar também existe o cobiçado minério, só não contavam que a ambição internacional se depararia com uma civilização que mora nas profundezas do Oceano e está disposta a se proteger sob a liderança do príncipe submarino Namor (Tenoch Huerta). Ele pede uma aliança com Wakanda... que não concorda muito com as medidas radicais do rapaz. Diante de todas as narrativas que se propõe desenvolver, Wakanda Para Sempre funciona melhor do que eu esperava, embora lá para o meio da sessão dependa cada vez mais de Letitia Wright para segurar a narrativa - e a moça está longe de ter a força de Angela Bassett. Visualmente e sonoramente o filme continua um deslumbre e soube muito bem lidar com o desafio de evitar comparações com Aquaman, embora toda aquela parte de exposição do reino de Talokan tenha se estendido um pouco mais do que devia. No entanto, não deixa de ser interessante a analogia que o filme faz na identificação que Namor percebe entre Talokan e Wakanda, duas nações que se esconderam por muito tempo devido à colonização sofrida em países da África e da América Latina. Neste ponto, Coogler demonstra mais uma vez que sua intenção não é apenas fazer um filme de super-heróis, mas contextualizar os conflitos que movem seus personagens, especialmente, aqueles que podem ser apressadamente chamados de "vilões da história" (não por acaso, ele encontra até espaço para uma participação especial de Killmonger). Outro fator interessante é como a maior parte da história se move em torno de personagens femininas, o que também denota uma diferenciação com os outros filmes de herói que vemos por aí. No entanto, nada impede a sensação de que o filme fez o que foi possível - o bom é que, ainda assim, se tornou melhor do que os dois últimos filmes da Marvel da fase 4.
Nenhum comentário:
Postar um comentário