Melling: Edgar Allan Poe de respeito.
Harry Potter e seus amigos que me perdoem, mas quem se tornou o melhor ator de toda aquela galera de Hogwarts é Harry Melling (o ator revelação aqui do Blog em 2018). Melling era o primo chatinho, ou trouxa, de Potter na cinessérie e a cada novo papel que recebe no cinema, mostra-se um dos atores mais interessantes de sua geração. Seus enormes olhos expressivos já chamavam atenção em A Balada de Buster Scruggs (2018) dos Irmãos Coen em que tinha pouco mais do que o rosto disponível para interpretar. Agora ele encarna Edgar Allan Poe em um filme disponível na Netflix em que rouba a cena do premiado Christian Bale. Bale interpreta o renomado investigador Augustus Landor, que é contratado para investigar mortes macabras de cadetes na Academia Militar de West Point nos Estados Unidos no ano de 1930. Os detalhes arrepiantes das mortes que assombram o local faz alusão a rituais de bruxaria e geram bastante insegurança na localidade. Enquanto Landor investiga as mortes, quem cruza seu caminho é um cadete com dotes literários, Edgar Allan Poe, que curiosamente possui relação com as vítimas. No entanto, embora o moço tenha interesse por temáticas sombrias e pendores góticos, ele parece pacífico demais para ser um serial killer e esperto demais para ser enganado pelos rumos equivocados que investigação pode tomar. Dirigido e escrito por Scott Cooper (responsável pelo Oscar de atuação de Jeff Bridges por Coração Louco/2009 e pela transformação física de Johnny Depp em Aliança do Crime/2015) o filme é baseado na obra de Louis Bayard, um craque na construção de tramas fictícias envolvendo personagens que existiram de verdade. Aqui, a história carece de uma atmosfera sombria, que Cooper visivelmente não domina, o que deixa o filme depender mais da curiosidade do espectador do que propriamente da atmosfera construída, colabora muito para manter o interesse o trabalho de Bale e, sobretudo de Harry Melling que está perfeito na pele de um jovem Edgar Allan Poe (e dar conta de um personagem histórico icônico cultuado até hoje não é pouca coisa). O meu maior problema com o filme está no último ato que se enrola demais nas explicações para criar um desfecho surpreendente, mas que acaba gerando mais indiferença do que aplausos. Embora tenha um visual bem cuidado e um ator sensacional ganhando destaque, faltou um diretor com mais pulso para provocar os arrepios de que a história tanto necessita.
O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye / EUA - 2022) de Scott Cooper com Christian Bale, Harry Melling, Gillian Anderson, Toby Jones, Timothy Spall, Charlotte Gainsbourg, Robert Duvall, Lucy Boynton, Fred Hechinger, Harry Lawtey e Steven Maier. ☻☻☻
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