Calleb: talento que merece reconhecimento. |
Não sei onde eu estava com a cabeça que imaginei que este filme era uma versão do filme italiano Dogman/2018 dirigido por Matteo Garrone, embora os dois possuam semelhanças, são produções completamente diferentes. Talvez os dois tenham como inspiração a mesma história real. Luc Besson disse que se baseou na história de um menino que foi trancado dentro de uma jaula com cachorros pelo próprio pai, assim surgiu a ideia de criar a história de Douglas Munrow (Calleb Landry Jones) que precisou sobreviver aos efeitos dos abusos físicos de seu pai, que o trancou em um canil junto com os cães que treinava para participar de rinhas ilegais. Diante de um lar marcado pela violência e a falta de afeto, seus melhores amigos se tornam os caninos, a quem passa a considerar seus melhores amigos. No entanto, o filme de Besson insere vários outros elementos nesta história que contribui para que a produção se torne uma espécie de fantasia sobre um personagem inacreditável, resta ao espectador comprar a ideia ou não. Eu comprei. Especialmente pela atuação vigorosa de Calleb no papel principal. Ele torna o personagem bastante convincente na forma conturbada com que encara o mundo - e não falta elementos que demonstrem a visão estranha de mundo que ele possui. Além do pai violento, o menino precisa de uma cadeira de rodas para se locomover por conta de um estilhaço alojado em sua coluna, ele ainda cresce em um reformatório em que encontra na arte alguma alegria. Fã de literatura e do teatro, quando crescido ele acaba vivendo com seus cães e realizando performances como drag queen para se sustentar. Fosse isso, a vida do moço teria se tornado tranquila, mas acaba enveredando pelo mundo do crime. Eu sei, são muitos elementos que por vezes só aumentam a desconfiança em torno do filme que participou da competição do Festival de Veneza do ano passado, mas afinal de contas estamos diante de um filme de Luc Besson que nunca foi um diretor sutil ou discreto, no entanto, de vez em quando ele acerta na mistura. Embora o resultado seja um bocado fantasioso, Dogman é um filme que funciona pela construção de um personagem interessante. Não seria exagero dizer que o filme funciona principalmente por conta de seu ator principal que faz tempo merece maior reconhecimento. Embora tenha como seu trabalho mais famoso o mutante Banshee de X-Men Primeira Classe (2011), Calleb Landry Jones já coleciona filmes com diretores renomados e possui o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes por seu trabalho avassalador em Nitram (2021). Infelizmente Calleb ainda não caiu no radar do grande público, mas é dono de um talento inquestionável (que notei desde que o vi em O Último Exorcismo/2010). É o tipo de ator que sempre vale a pena ficar de olho. O filme acabou de entrar no catálogo do Prime Video.
Dogman (França/2023) de Luc Besson com Calleb Landry Jones, Jojo T. Gibbs, Christopher Denham, Clemens Schick, Grace Palma, Lincoln Powell e John Charles Aguilar. ☻☻☻☻
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