Suzume: por trás dos terremotos japoneses. |
O anime japonês Suzume de Makoto Shinkai teve uma torcida absurda para cravar uma indicação ao Oscar de melhor animação em 2023. Embora fosse um dos mais premiados do gênero daquele ano e conquistado uma indicação ao Globo de Ouro de animação, o filme acabou ficando de fora das cinco vagas na disputa. Os fãs ficaram indignados, mas a ausência entre os indicados não diminui em nada os méritos do filme que agora pode ser visto na Netflix. Shinkai é um dos nomes mais interessantes das animações japonesas, ele estreou em 2004 com O Lugar Prometido de Nossa Juventude, mas começou a chamar atenção com Viagem para Agartha (2011) e ganhou fama com Seu Nome (2016). Se todo cuidado com estética visual de suas histórias já chamava atenção, aqui ela atinge seu auge. Em Suzume o detalhamento dos traços e o uso das cores é realizado de forma a cair o queixo do espectador, mas o diretor não deixa de lado os momentos de ação e o bom humor que se faz muito presente durante todo o filme. Suzume é uma menina de 17 anos que conhece um rapaz misterioso. Ela não faz ideia que ele é guardião de portais que quando abertos podem provocar grande destruição em nosso mundo. Acontece que ela acaba atrapalhando a missão do mocinho e passa o resto do filme tentando consertar a confusão que desencadeou. Acho que é o tipo de filme que se contar mais do que isso perde a graça por estragar as surpresas que o filme reserva. Basta dizer que no meio da relação entre os portais e os terremotos (estes fenômenos naturais que sempre assombram o Japão) existe ainda um gato falante e uma cadeira "viva" de três pernas que servirá de companhia para a protagonista. Existem muitos elementos de fantasia e aventura em Suzume, mas o que prende mesmo a atenção é como o roteiro consegue entrelaçar a realidade dos espaços abandonados por conta dos terremotos com elementos de fantasia ao longo de toda a história. Além disso, a forma como a história da própria Suzume se mistura com estas ocasiões cria um suporte emocional bastante eficiente ao longo da trama. O filme tem um visual deslumbrante, cenas de tirar o fôlego e demonstra como Shinkai está disposto a se tornar uma referência do gênero. Recentemente em entrevistas, o cineasta disse o quanto se incomoda ao sempre ser comparado com o mestre Hayao Miazaki, assistindo Suzume as referências são visíveis, mas Shinkai demonstra talento para ter voz própria faz tempo.
Suzume (Japão/2022) de Makoto Shinkai com vozes de Nanoka Hara, Houto Matsumara, Eri Fukatsu, Sairi Itô e Kotone Hanase. ☻☻☻☻
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