Emile e Rudd: a solidão de todos os dias.
Apesar dos trabalhos no cinema independente, o cineasta David Gordon Green ganhou fama quando dirigiu as comediotas Segurando as Pontas (2008), Sua Alteza? (2011) e O Babá(ca) (2011). Curioso que quando retomou os dramas de pequeno orçamento, causou grande estranhamento quando recebeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Berlim em 2013 com Príncipes da Estrada. O filme é uma refilmagem de um pouco conhecido longa dinamarquês e ganhou destaque pela atuação do comediante Paul Rudd em um papel sério. Rudd é Alvin, um homem que ao lado do jovem cunhado Lance (Emile Hirsch) sinaliza estradas que atravessam locais desolados muito distantes da cidade onde vivem. O ano é o de 1981, após a devastação que um misterioso incêndio causou na região. Os dois pintam as faixas divisórias, colocam placas e outros recursos para ajeitar o tráfego quase inexistente por aquelas bandas. Distantes de suas respectivas namoradas e parentes, os dois vivem momentos bastante intimistas. Os dois personagens ficam juntos em cena durante a maior parte do tempo. Conversam amenidades, inseguranças com relação ao sexo oposto e mostram ser bem menos rústicos do que imaginamos no momento inicial. Enquanto Alvin mostra-se regrado e responsável, Lance parece um tanto perdido, não apenas no trabalho como em sua vida emocional. Pouca coisa acontece em cena além dos personagens revelarem aos poucos um pouco de seus temores, mas vale ressaltar como a devastação do ambiente em que estão funciona como um pouco do retrato das vidas solitárias que vemos na tela. Tirando algumas pequenas participações, o filme se sustenta pela melancolia de Lance, que sente o quanto a distância prejudica seu relacionamento com a mulher que ama. Ainda que simpático em sua execução minimalista, o prêmio do diretor em Berlim foi sem vida um exagero para o cineasta. Ainda que os atores estejam bem em cena e existam momentos que parecem improvisados, Príncipes da Estrada não tem fôlego para tanto. Consegue ter algumas cenas engraçadinhas, outras tocantes, mas o filme está longe de ser memorável e sempre deixa a impressão que funcionaria melhor se fosse um curta metragem. Se é para destacar algo, destaco a atuação de Rudd que está bastante convincente em um papel mais dramático que o habitual. Porém, o prêmio serviu para Gordon Green colocar sua carreira sob nova perspectiva, já que desde então tirou a melhor atuação em anos de Nicolas Cage no ainda inédito por aqui Joe e aguarda o lançamento de Manglehorn estrelado por Al Pacino e Holly Hunter com vista às premiações ao final de 2015.
Príncipes da Estrada (Prince Avalanche/EUA-2013) de David Gordon Green com Paul Rudd e Emile Hirsch. ☻☻
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