segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

PREMIADOS OSCAR 2015

Simmons, Patricia, Julianne e Redmayne: três veteranos e um bebê. 

Depois de começar com um dos números de abertura mais legais de todos os tempos (Neil Patrick Harris e Anna Kendrick me surpreenderam em todos os níveis: voz, carisma, humor, referências...) a cerimonia perdeu o fôlego aos poucos em suas duas horas e quarenta e cinco minutos de duração. O próprio Harris começou a ficar sem graça - ainda que piadas como as feitas com John Travolta, a ausência de alguns indicados (especialmente David Oyelowo) e a coragem de ficar de cueca branca em rede mundial demonstrassem que ele podia muito mais. Gosto muito quando as músicas indicadas são apresentadas, mas ainda não entendo porque colocar números musicais como os de Lady Gaga ou Jennifer Hudson se esgoelando sob a desculpa de homenagear quem ficou na memória, coisas assim só servem para deixar a festa mais longa quando todo mundo quer saber quem vai levar os grandes prêmios da noite. Oscar não é Broadway, ok?! Enfim, vamos aos ganhadores com meus humildes comentários e meus acertos sinalizados com 

Melhor Filme: "Birdman
Gostei muuuitoooo!!! Um dos filmes mais criativos que já assisti. Todos os aspectos são milimetricamente calculados para criar um filme estranhamente extraordinário, surreal, sensacional, divertido, dramático e caoticamente bem construído!  

Melhor Diretor: Alejandro Gonzalez Iñárritu (Birdman)
Embora justíssimo foi a maior surpresa da noite, já que todos imaginavam que se Birdman tinha chances de ganhar, Richard Linklater ganharia o prêmio de direção como espécie de consolação. Quando Alejandro ganhou eu imaginei que a consolação era para ele ver seu filme derrotado... mas a Academia voou mais alto (e achei que colocar Lady Gaga por perto iria até render uma palhinha da música que você sabe qual é...).

Melhor Ator: Eddie Redmayne ("A teoria de tudo") 
Embora eu torcesse por Michael Keaton (mas ao final, ao perceber que houve justiça com outros atores sempre esquecidos, era de se esperar que algum fosse sacrificado). Eu sabia que a Academia não iria resistir à performance de Eddie Redmayne na pele do cientista mais fascinantes do século XX. Não chega a ser injusto, mas o discurso de Redmayne (somado à sua equivocada atuação no recente O Destino de Júpiter) demonstra que o moço ainda precisa amadurecer um bocado.  Depois de fazer justiça com outros atores sempre esquecidos, era de se esperar que algum fosse sacrificado)

Melhor Ator Coadjuvante: J.K. Simmons ("Whiplash") 
Parece que Simmons passou a vida inteira esperando esse papel para ganhar um prêmio. Embora sempre fosse competente (mesmo em papéis minúsculos como em Amor Sem Escalas), Simmons agarrou o papel do mestre carrasco com uma fúria fascinante e mereceu todos os prêmios. Sempre lembro quando seu personagem diz uma única frase ("você pensa que eu sou idiota?") e arrepia a plateia inteira. 

Melhor Atriz: Julianne Moore ("Para sempre Alice") 
Quem não torcia por ela? Depois de quatro indicações esnobadas (e tantas outras que nem vieram), Julianne tornou-se a atriz que já levou para a casa todos os grandes prêmios do cinema (Oscar, Globo de Ouro, Veneza, Cannes, Berlim, SAG...), o filme não é grande coisa e nós já vimos Julianne destrinchar personagens mais interessantes, mas foi muito merecido sua consagração na festa de ontem.

Melhor Atriz Coadjuvante: Patricia Arquette ("Boyhood") 
Patricia foi considerada uma das atrizes mais celebradas da década de 1990, depois o cinema perdeu o interesse por ela - e a ex-esposa de Nicolas Cage encontrou abrigo nas séries de TV. Redescoberta na melhor atuação da odisseia de 12 anos de Richard Linklater, Patricia ainda reivindicou melhores salários para as atrizes no discurso mais aplaudido da noite. 

Melhor Roteiro Original: Alejandro Gonzalez Iñárritu, Nicolás Giacobone et al. ("Birdman") 
Eu não tinha dúvidas de que isso aconteceria, principalmente pelos elementos fantásticos acoplados a vida do ator à beira do abismo por reconhecimento... e como escapar do abismo? Voando, oras! 

Melhor Roteiro Adaptado: Graham Moore ("O jogo da imitação") 
Não há dúvidas de que o grande trunfo do filme é o roteiro - e diante de todas as estatuetas que perderia, render honras a Graham Moore - depois de anos tentando vender um roteiro considerado inviável comercialmente. Moore ainda rendeu o discurso mais sincero da noite. "Be Freak"! A memória de Allan Turing agradece!
Melhor Filme em Língua Estrangeira: "Ida" (Polônia) 
Embora eu torcesse pelos hermanos argentinos, todo mundo  já imaginava que o Oscar não iria ignorar um filme que flerta com as mazelas do holocausto. A surpresa fica por conta do sucesso que o filme está fazendo no circuito de arte no Brasil. 

Melhor Documentário: "Citizen Four" 
Personagem badalado. Assunto badalado. Filme badalado! Tinha como errar ao abordar as polêmicas declarações de Edward Snowden?

Melhor Documentário em curta-metragem: "Crisis Hotline: Veterans Press 1" 
O filme sobre o programa de assistência telefônica aos veteranos de guerra agrada ao patriotismo da Academia. O pior foi a diretora ter o discurso cortado depois de declarar que seu filho havia se suicidado - a maior gafe do Oscar na noite. 

Melhor Animação: "Operação Big Hero" 
A junção Marvel + Disney parecia imbatível e realmente foi. Se Uma Aventura Lego estivesse no páreo, talvez o resultado fosse outro.

Melhor animação em curta-metragem: "Feast" 
Pixar + Disney 

Melhor curta-metragem em 'live-action': Phonecall
Realizado em 2013 e visto só recentemente,  curta estrelado por Sally Hawkins surpreendeu quem apostava no favorito "Parvaneh". 

Melhor Fotografia: Birdman
Eu pensei que a Academia iria amarelar e escolher um trabalho mais tradicional, mas Emmanuel Lubezki merecia pelo seu trabalho sem luz artificial, câmera digital e ainda assim ocultar cortes de edição. Vale lembrar que ele ganhou na mesma categoria ano passado com seu trabalho em Gravidade

Melhor Edição: Whiplash
Pensei que a Academia iria sensibilizar-se com as milhas e milhas de imagens colhidas por doze anos e ainda assim, costurá-las de forma harmônica em Boyhood, mas o ganhador foi o meu favorito! A edição do filme é realmente estupenda, construindo um duelo crescente e constante.

Melhor Design de Produção: O grande Hotel Budapeste 
Essa era uma das maiores barbadas da noite. Curioso que só agora a Academia parece ter entendido a forma que Wes Anderson constrói seus filmes visualmente em torno dos personagens. 

Melhores Efeitos Visuais: Insterstelar 
Queria muito que Guardiões da Galáxia levasse esse prêmio, mas uma obra de Chris Nolan é sempre uma obra de Chris Nolan (e para não passar em branco, era o momento ideal). 

Melhor Figurino: O grande hotel Budapeste
Milena Canonero deve causar arrepios em seus concorrentes quando é indicada. Essa foi sua quarta estatueta, mas a primeira por uma de suas parcerias com Wes Anderson (essa foi a terceira vez que trabalharam juntos). 

Melhor Maquiagem e Cabelo: O grande hotel Budapeste
Não era o meu favorito, mas como reclamar de qualquer aspecto visual de um filme de Wes Anderson?  (Ainda mais com o que fizeram com a Tilda Swinton)

Melhor Trilha Sonora: O Grande Hotel Budapeste
Alexandre Desplat concorria com ele mesmo e levou seu primeiro Oscar depois de ser indicado outras seis vezes. 

Melhor Canção: "Glory" (Selma)
Aqui meu voto era para "Lost Stars", mas obviamente que a Academia iria limpar sua barra com as exclusões sofridas pelo filme de Ava Duvernay. Como dar o prêmio principal parecia impossível...

Melhor Edição de Som: Sniper Americano
Está de bom tamanho.

Melhor Mixagem de Som: Whiplash
Fico realmente feliz como um filme essencialmente indie chega ao Oscar e ganha mais prêmios do que se imaginava! O filme de Damien Chazelle levou três estatuetas para a casa e rendeu algumas das melhores surpresas da noite nas categorias técnicas.

TOTAL DE ACERTOS: 14 (em 24 categorias - voltei ao fiasco de 2012!) 

PLACAR OSCAR
Birdman - 4
O Grande Hotel Budapeste - 4
Whiplash - 3
A Teoria de Tudo - 1
O Jogo da Imitação - 1
Boyhood - 1
Sniper Americano - 1
Insterestelar - 1
Selma - 1

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