Wiig e Cris: história sem química.
Acho sempre interessante quando um comediante quer mostrar que é bom de drama. No último ano houve gente que elogiasse Adam Sandler em Homens, Mulheres e Filhos só porque ele faz um personagem que não é idiotizado - enquanto Steve Carrell é indicados aos maiores prêmios do cinema por construir um personagem muito estranho em Foxcatcher. Na ala feminina não consigo lembrar de nenhuma comediante que tenha se empenhado tanto em ter seus dotes dramáticos reconhecidos como Kristen Wiig. Depois do sucesso no programa Saturday Night Live em 2009, a atriz foi consagrada por sua atuação e pela escrita do roteiro indicado ao Oscar da comédia rasgada Missão Madrinha de Casamento (2011). De lá para cá, a atriz deixou claro que não faria a continuação do filme e embarcou em projetos que lhe garantissem atuações mais intimistas. Foi a esposa de um casamento deteriorado em Solteiros com Filhos (2011) e apareceu recentemente nos cinemas como a contida personagem de Amores Inversos (2013) e a irmã gêmea perdida de Irmãos Desastre (2014). Tirando pequenas participações em comédia, Wiig quer mesmo ser reconhecida como atriz e não como humorista. Em Minha Vida Dava um Filme (2012), seu primeiro longa depois que tornou-se estrela de Hollywood, ela já deixava claro que tomaria gosto por viver, digamos, personagens "sem graça". Aqui ela é Imogene, uma menina arrogante que cresce e se torna uma aspirante a escritora igualmente arrogante, mal sabe ela que uma maré de azar irá fazê-la rever alguns conceitos, especialmente depois que o noivo pomposo por fim ao relacionamento. Frustrada com o naufrágio amoroso e por nunca ter escrito a grande obra dramatúrgica que esperavam dela, Imogene tenta o suicídio, mas até nisso ela fracassa, tendo que viver uns tempos com a mãe até se estabilizar emocionalmente. Basta dizer que Imogene preferia cortar os pulsos a viver com a mãe espalhafatosa (vivida por Annette Bening com sua desenvoltura habitual) num subúrbio longe de Nova York. Some a personagem a uma casa habitada por um irmão que parece viver em outro mundo (Christopher Fitzgerald), o namorado da mãe que diz ser agente da CIA (Matt Dillon) e um inquilino que vive no quarto alugado que era dela (Darren Criss) e você terá apenas uma leve dimensão de como a protagonista sente-se o fracasso em pessoa (nem vou dizer que a melhor amiga dela está prestes a lançar o primeiro livro da carreira). O problema maior do filme é que ele faz tudo para ser engraçadinho, mas produz apenas sorrisos amarelos. O casal de diretores Shari Springer Berman e Robert Pulcini não demonstram nem de longe a habilidade apresentada em O Anti-Herói Americano (2002) ou em Cinema Verite (2011), deixando tudo correr meio frouxo. O filme não empolga e as excentricidades dos personagens tentam dar graça a uma historinha bem desenxabida, já que Imogene parece um tanto alheia a tudo até que aprenda uma "grande lição para toda a vida". Wiig se esforça, mas sua personagem é chata demais para cair nas graças da plateia - e para piorar ela não tem química alguma com Darren Criss, que pelas voltas do roteiro tem um namoro com a protagonista. A vida de Imogene pode até dar um filme, mas isso não quer dizer que ele seja necessariamente interessante.
Minha Vida Dava um Filme (Girl most Likely/EUA-2012) de Shari Springer Berman e Robert Pulcini com Kristen Wiig, Annette Bening, Matt Dillon, Darren Criss e Christopher Fitzgerald. ☻☻
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