domingo, 8 de abril de 2018

Na Tela: Com Amor, Simon

Robinson: saindo do armário. 

Simon é um rapaz de dezessete anos que vive com os pais e a irmã mais nova. O pai era o jogador mais bonito da escola, a mãe foi rainha da formatura e a irmã mais nova viu tantos programas de culinária que faz da cozinha uma verdadeira experiência (e a família seu grupo de cobaias). Simon tem um casal de amigos de infância e tem uma amiga recém chegada que parece conhecer há um tempão. Sua vida escolar não apresenta problemas. Ele não é perseguido por colegas ou tem alguma dificuldade de aprendizagem. Seus pais também lhe deram um carro assim que ele tirou a carteira de motorista, mas, ainda assim, existe algo que incomoda Simon. Faz um tempo que , em meio a sonhos com Daniel Radcliffe, ele descobriu que gosta de outros rapazes, no entanto, na insegurança de se assumir para ao mundo, Simon prefere guardar este segredo. No entanto, quando ele descobre pela internet que em sua escola tem outro garoto gay não assumido, os dois começam a trocar e-mails e Com Amor, Simon constrói assim dois pontos importantes de sua narrativa: como Simon aceita aos poucos a sua sexualidade e, para manter certo suspense, quem é o rapaz com quem conversa (e faz o olho do personagem brilhar sempre que surge um suspeito). O diretor Greg Berlanti (que até então não fizera nada de relevante) tem a difícil tarefa de levar para as telas a história de Simon vs a Agenda Homo Sapiens de Becky Albertalli, se no livro a narrativa fácil voltada para young adults funciona, na tela esta tarefa costuma ficar complicada por correr o risco de atenuar demais as partes mais complicadas e soar artificial demais, dando assim um sabor de pastel de vento. Embora o filme mantenha aquele clima de que "o mundo é bom e aceitará você do jeito que és" (com exceção dos dois idiotas da escola), o longa consegue um certo equilíbrio com os dilemas e as dores que o personagem precisa enfrentar até o desfecho da história. Colabora muito para o funcionamento do filme a leveza adotada pelo diretor (esqueça o tom filme de arte de Me Chame pelo seu Nome/2017 ou a densidade de Moonlight/2016), aqui o clima é outro, próximo do que John Hughes fazia nos anos 1980 - e igualmente funcional (e aquela citação na cena final só reforça isso). Boa parte da eficiência se deve aos diálogos bastante espontâneos e o elenco que cai como uma luva em seus personagens. Embora os nomes mais conhecidos sejam Jennifer Garner e Josh Duhamel (que interpretam os pais do protagonista), a alma do filme é mesmo o jovem Nick Robinson (que está infinitamente melhor do que vimos em Jurassic World/2015), o melhor aspecto do seu trabalho é não tornar a  homossexualidade a característica que define seu personagem, deixando que este ponto seja apenas um aspecto de sua personalidade (embora toda a trama do filme gire em torno disso). Seus colegas também estão bem em cena e ajudam a manter o bom humor da história mesmo quando as piadas não são tão boas. Com Amor, Simon é um filme despretensioso em suas ambições e deve conquistar o público exatamente por conta disso, não soa panfletário ou rebuscado, parecendo sincero e resultando bastante eficiente em demonstrar que se o mundo colaborar, ser gay não é um bicho de sete cabeças. 

Com Amor, Simon (Love, Simon/EUA-2018) de Greg Berlanti com Nick Robinson, Jennifer Garnder, Josh Duhamell, Katherine Langford, Logan Miller, Alexandra Shipp e Tony Hale. ☻☻

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