domingo, 8 de abril de 2018

Na Tela: Um Lugar Silencioso

Emily: minha primeira favorita  ao Oscar 2018. 

John Krasinski ganhou fama como o simpático Jim da série americana The Office, o programa durou oito temporadas e terminou em 2013. Embora tenha lá seus dons dramáticos, John é essencialmente um ator cômico e, por conta deste estigma ainda não tinha conseguido o devido reconhecimento em sua carreira no cinema - tanto que está para estrear no cobiçado papel de Jack Ryan na série de TV homônima inspirada na obra de Tom Clancy. Krasinski lançou dois filmes como diretor, um em 2009 (Breves Entrevistas com Homens Hediondos) e outro em 2016 (Família Hollar), dos quais ninguém lembra e que não demonstram o mínimo vestígio do que ele faria neste Um Lugar Silencioso. Em entrevistas ele costuma dizer que o roteiro chegou como convite para que ele interpretasse o papel do pai presente no filme, mas sua mente de cineasta trabalhou a todo vapor ao imaginar as cenas e as interpretações que poderia tirar daquela história. Vale lembrar que John é casado com a atriz Emily Blunt desde 2010 e tem duas filhas, o que deve ter ajudado muito a se identificar com o horror vivido pelos personagens do filme. A trama conta a história de uma família perseguida por monstros misteriosos que são atraídos pelo som, sendo assim, os personagens precisam sobreviver fazendo o menor ruído possível para evitar que se tornem comida. O filme não perde tempo com muitas explicações sobre a forma como o mundo passou a ser atormentado por estas criaturas, mas  sabe exatamente como contar a sua história abusando de um recurso ao qual o público está cada vez menos acostumado: a sugestão. Sem dispor de diálogos para explicar o que está acontecendo, o filme investe numa narrativa extremamente visual e o faz com maestria. A imagem se torna o centro da história e são elas que conduzem a trama até o seu sugestivo final. É verdade que existem ruídos e trilha sonora, mas que não conseguem diminuir o feito notável do diretor Krasinski em utilizar o silêncio para ampliar a angústia do espectador e cada barulho que surge durante a história. O roteiro é bem escrito e os atores estão muito bem em cena, das crianças (os expressivos Millicent Simmonds e Noah Jupe), ao diretor/ator que consegue interpretar a angústia de um pai para proteger sua família do desconhecido até chegar à magnífica atuação da britânica Emily Blunt, na pele da mãe grávida que passará por alguns dos momentos mais angustiantes da história do cinema sem poder soltar um grito. Além disso o filme tem a sensibilidade de quando escolhe uma canção para tocar, escolher uma das mais lindas de todos os tempos (e não vou contar qual é).  Fui desconfiado para o cinema imaginando como o a plateia reagiria ao filme, mas foi uma experiência ótima, já que o silêncio imperava e até a respiração da pessoa ao lado eu conseguia ouvir. Krasinski se arriscou bastante em seu terceiro filme e merece elogios por ter encontrado sua voz em meio a um gênero tão desgastado em Hollywood. Simplesmente surpreendente - ainda mais se você optar por fazer uma leitura ainda mais contemporânea da história em paralelo com o mundo atual. 

Jupe, Milli e John: aplausos ao diretor. 

Um Lugar Silencioso (A Quiet Place/EUA-2018) de John Krasinski, com Emily Blunt, John Krazinski, Millicent Simmonds e Noah Jupe. ☻☻

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