sábado, 7 de agosto de 2021

Na Tela: O Esquadrão Suicida (2021)

 
O elenco: delirante, sangrento e imperdível!

É verdade que existe uma quantidade enorme de equívocos na primeira aventura do Esquadrão Suicida (2016) no cinema. É verdade também que a maioria deles está ligada à Warner querer mudar um filme que estava pronto para fabricar uma espécie de filme-do-Deadpool da DC e faturar milhões. Some isso à expectativa dos fãs que viram o trailer de uma produção que não chegou às telas e a catástrofe está armada. Somente depois de quebrar muito a cara que a Warner finalmente se dá conta de como organizar o universo da DC nos cinemas. É engraçado que no meio de toda esta reformulação ela tenha convidado James Gunn para capitanear a nova aventura de Superman e ele disse que não estava interessado, mas que tinha vontade de fazer um filme para o Esquadrão Suicida. Mais engraçado ainda é imaginar que Gunn foi responsável pelo sucesso arrebatador dos dois filmes dos Guardiões da Galáxia, outra produção dedicada a personagens deslocados e que estão longe de ter perfis heroicos tradicionais. Do sucesso absoluto o diretor caiu em desgraça quando desencavaram em seu perfil de redes sociais piadas de muito mal gosto e ele foi cancelado e mandado embora pela Marvel (já sob a tutela da Disney). Gunn comeu o pão que a internet amassou e imaginou que jamais encontraria trabalho novamente. Eis que provando não ser mais aquele sujeito com humor duvidoso - e com apoio de atores e fãs - ele conseguiu tocar o novo Esquadrão do jeito que queria. É até fácil entender o interesse de Gunn por personagens que não são propriamente os mocinhos da história, mas que possuem a capacidade de se redimir e ter atos de verdadeira compaixão (e sua maior experiência com heróis mais tradicionais foi de forma um tanto torta no indie sem grana Super/2010). Seu Esquadrão Suicida não chega a ser uma sequência do anterior, mas sabe como encaixar informações aqui e ali, que de certa forma estabelecem uma ligação entre um filme e outro, sobretudo através dos seus personagens, além disso, tem a sabedoria de contar de forma bastante enxuta a origem da ideia que batiza o filme. A agente governamental Amanda Waller (Viola Davis, maravilhosa, como sempre) está de volta recrutando um novo grupo de bandidos para fazer um serviço sujo em troca da redução de suas penas. No entanto, sabendo com quem está lidando, ela lhes implanta um sensor que, caso desobedeçam suas ordens, suas cabeças explodem (literalmente). Mais uma vez ela conta com Rick Flag (Joel Kinnaman) para liderar um grupo que conta novamente com Arlequina (Margot Robbie em seu terceiro filme como a personagem e totalmente desvencilhada do Coringa de Jared Leto) e Capitão Bumerangue (Jay Courtenay) ao lado de um bando de vilões que, na maioria das vezes prima pelo ridículo (reza a lenda que James Gunn pesquisou na internet sobre os alguns dos vilões mais ridículos para fazer parte do filme), assim temos o OCD (Nathan Fillion) cuja habilidade é soltar os braços e distribuir bordoadas em oponentes atônitos pelo tom surreal do que está acontecendo, a Doninha (Sean Gunn) que é realmente o que o nome indica, assim como o Tubarão Rei (com voz de Sylvester Stallone) e por aí vai... o mais legal é que no meio destes personagens nunca levados a sério, o roteiro resolveu redimir aquele que é considerado o mais ridículo de todos os vilões: o Homem Bolinha (David Dastmalchian) - cujo poder é lançar bolinhas coloridas e que jamais será visto do mesmo jeito novamente. Claro que o filme também reserva espaço para personagens mais sérios, como o Sanguinário (ótimo trabalho de Idris Elba), Caça Ratos2 (a desconhecida Daniela Melchior que deve ser a grande surpresa do filme) e o Pacificador (John Cena) - que salvo as devidas proporções não deixa de ser uma alegoria sobre as pessoas que se consideram tão bem intencionadas que acham que podem fazer qualquer coisa por uma causa que considera boa (no caso dele, a "paz" que só ele enxerga daquele jeito). Misture tudo isso na missão em um país que acaba de sofrer um golpe militar na América Latina, coloque guerrilheiros (liderados por Alice Braga), um cientista maluco chamado Pensador (Peter Capaldi) envolvido com um projeto secreto mais maluco ainda... agora, tempere com a criatividade subversiva de Gunn e você ainda terá uma ideia ainda muito branda do que temos aqui. O novo Esquadrão Suicida é mais esperto e diferente de todos os filmes que a DC ousou fazer até aqui.  É delirante, sangrento e divertidíssimo! O melhor é como diante de um enredo caótico, o roteiro consegue inserir camadas impensáveis nos personagens que tem em mãos. Claro que as cenas de ação são mirabolantes. Óbvio que você nunca sabe direito quem é o vilão da história. Evidente que queremos uma sequência neste mesmo naipe. Além de ser notório que se o primeiro e malfadado filme ganhou um Oscar (maquiagens e penteados, lembram?), este aqui merece pelo menos uns três. Ah claro, SPOILER! Vale ressaltar que no meio de tantos personagens no esquadrão, só quatro sobrevivem!! Façam suas apostas...

O Esquadrão Suicida (Suicide Squad / EUA - 2021) de James Gunn com Idris Elba, Margot Robbie, Viola Davis, Joel Kinnaman, John Cena, Daniela Melchior, David Dastmalchian, Pete Davidson, Jai Courtney, Alice Braga, Nathan Fillion, Michael Hooker, Flula Borg e Peter Capaldi. ☻☻☻

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