sábado, 19 de outubro de 2024

NªTV: Mary e George

Nicholas e Julianne: conspirações em torno do amante do rei.
 
Disponibilizada na Globoplay sem muito alarde, Mary & George é uma minissérie britânica que chamou atenção quando foi lançada no exterior. Só a presença da diva Julianne Moore no alto dos créditos já valeria uma olhada na produção, mas ela tem mais a oferecer, especialmente por se baseada em uma escandalosa história real ambientada na Inglaterra do século XVII. A atriz interpreta Mary Villiers uma mulher que nunca foi bem vista e casou com um homem muito desagradável. Ela teve vários filhos com ele, mas o pai sempre imaginou que nenhum deles seria alguma coisa que prestasse na vida. Eis que por conta de um acidente, o marido de Mary morre e ela descobre que não herdou nada - ele resolveu deixar a casa e todo resto para um parente distante. Diante do infortúnio, não resta à ela outra opção senão casar novamente. No entanto, ela percebe que se não providenciar casamentos rentáveis para seus filhos, possivelmente poderá render novas armadilhas do destino. Como Mary não é bem vista na região, providenciar uma boa união para o primogênito (Tom Vcitor) se torna difícil, mas ela imagina que pode driblar o azar se conseguir tornar seu segundo filho, George (Nicholas Galitzine) em amante do Rei da Inglaterra. Ela ressalta várias vezes a beleza do filho, mas falta ao rapaz, digamos, um certo veneno para que esteja disposto a colaborar com os planos da matriarca, mas nada que uma viagem à libertinagem francesa não resolva). Sendo assim, quando o moço retorna ao seu país, basta fazer com que caia nas graças do Rei Jaime (Tony Curran), que nunca escondeu de ninguém seu interesse por jovens rapazes - nem da rainha, que faz tempo está cansada de toda a influência de Somerset (Laurie Davidson), amante oficial de vossa majestade, no reinado. Obviamente que a ascensão de Mary e George junto à corte não será fácil, mas os dois são espertos o suficiente para driblar os obstáculos que aparecem pelo caminho. Narrado em sete episódios, a minissérie é uma adaptação da obra "The King's Assassin" de Benjamin Wooley e investe no clima de uma conspiração em constante andamento, sendo temperada com muita luxúria e fofocas de alcova, lembrando um pouco a atmosfera de Ligações Perigosas (1988), só que a aqui a busca pelo poder transcende os jogos sexuais e tem como base a busca pelo poder na monarquia. Não bastasse os vários inimigos que mãe e filho encontram pelo caminho, os dois começam a se estranhar conforme George encontra seu lugar na cama do rei. Se a veterana Julianne está perfeita como uma das mães mais ardilosas da História, Nicholas Galitzine está convincente como o rapaz ingênuo que aos poucos se torna um sedutor bastante perspicaz, ao ponto de desafiar a própria mentora em alguns momentos (e acho curioso que embora o jovem ator esteja em várias produções recentes, ele sempre me parece melhor quando está em uma produção queer). Outro que merece destaque na produção é Tony Curran como um rei perdido entre suas obrigações e desejos sexuais (é curioso que um rei de vida sexual tão apimentada seja lembrado historicamente por sua antológica nova tradução da Bíblia para a língua inglesa). Com personagens escorregadios, figurinos elaborados e uma direção de arte cuidadosa para soar tão exuberante quanto decadente, Mary e George se torna uma minissérie pesada e um tanto árdua de se assistir, no entanto, se torna um verdadeiro banquete para quem gosta de histórias sobre os bastidores da nobreza europeia. 
 
Mary e George (Reino Unido - 2024) de D.C. Moore com Julianne Moore, Nicholas Galitzine, Tony Curran, Mark O´Halloran, Edward Cooke, Tom Victor, Trine Dirholm, Laurie Davidson e Jacob McCarthy.  ☻☻☻☻

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