segunda-feira, 19 de maio de 2025

PL►Y: Babygirl

Nicole e Harris: o sexo subvertendo hierarquias. 

Ano passado houve um verdadeiro congestionamento de estrelas na disputa por uma vaga ao Oscar de melhor atriz. Alguns deles estavam no páreo do Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama, dentre elas, quatro ganharam os holofotes da mídia no Festival de Veneza do ano passado: Angelina Jolie, Tilda Swinton, Fernanda Torres e Nicole Kidman. Dentre elas, a premiada foi a brasileira que se tornou a única do páreo a cravar uma indicação ao Oscar na temporada. No entanto, perante o júri de Veneza foi Kidman a ser considerada a melhor interpretação feminina. Era para tanto? A atriz interpreta Romy, uma executiva poderosa de uma empresa conceituada, ela vive uma vida confortável ao lado do esposo (Antonio Banderas) e das filhas (Esther McGregor e Vaughan Reilly). Ela fica surpresa ao descobrir que foi inscrita em um programa de monitoria para estagiários. Para piorar (ou melhorar, depende...), ela se depara com Samuel (Harris Dickinson), um jovem, digamos, insolente. Não demora muito para que se instaure um jogo de sedução entre os dois, nele o rapaz subverte a estrutura de poder da empresa. Fica claro desde o início que ele ditará as regras nos encontros e nas relações sexuais estabelecidas entre eles. A parte mais curiosa do filme dirigido e escrito pela holandesa Halina Reijn é que Romy embarca naquele jogo sem paraquedas, explorando aspectos de sua sexualidade que preferiu manter em segredo até mesmo de seu marido. Conforme ela se envolve cada vez mais com o jovem amante, algumas surpresas aparecem pelo caminho. O filme sabe utilizar bem a plasticidade de Nicole para explorar o que se esconde por baixo da aparência gélida da personagem, de certa forma, mas o mesmo com a aparência "certinha" de Dickinson, que constrói um personagem imprevisível justamente por não ter o que perder. No entanto, quem espera cenas de sexo explícito irá se frustrar, já que Reijn opta por uma abordagem mais sutil da relação tórrida entre os personagens. O filme escorrega aqui e ali em vários clichês do gênero, especialmente na parte em que outros personagens começam a perceber o que acontece entre a executiva e seu estagiário. Diante disso, Nicole carrega o filme nas costas com uma personagem em constante conflito com seus desejos. Para quem conhece a filmografia da diretora Halina Reijn é inevitável não lembrar de seu primeiro longa-metragem, Instinto (2019), em que explorava a atração de uma psicóloga com um detento da penitenciária em que trabalha. Mudando as características e um tanto da posição de seus personagens em meio às relações profissionais, Babygirl soa quase como o passo seguinte à estreia da diretora. Embora seja menos impactante que seu antecessor,  o resultado ainda é uma obra interessante para tempos tão conservadores. 

Instinto (Países Baixos - EUA / 2025) de Halina Reijn com Nicole Kidman, Harris Dickinson, Antonio Banderas, Sophie Wilde, Esther McGregor, Victor Slezak, Leslie Silva e Robert Farrior.

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