domingo, 24 de agosto de 2025

Na tela: A Hora do Mal

Julia e Josh: quebra-cabeça misterioso. 

Em uma pacata cidade, dezessete crianças que estudam em uma mesma sala saem de suas casas às duas e dezessete da manhã em direção ao desconhecido como se estivessem em transe. Ninguém sabe para onde foram. Ninguém sabe o que aconteceu. Diante de todo o mistério, dois pontos chamam atenção: um é que todos são estudantes da turma de uma mesma professora, a Justine (Julia Garner) - que já tem uma cota considerável de dramas no passado para administrar em sua fama -, o outro ponto é que apenas um menino da turma, o Alex (Cary Christopher) permanece ao lado de sua família. A partir deste mistério o diretor Zach Cregger tece uma rede de histórias cruzadas sob o olhar de alguns personagens que tem em mãos. Para além dos citados, também recebem suas partes na narrativa um policial (Alden Ehrenreich), o diretor da escola (Benedict Wong), um rapaz sem-teto (Austin Abrams) e um pai indignado com tudo o que aconteceu (Josh Brolin) e que tem certeza que a professora tem responsabilidade no desaparecimento das crianças. Este é o segundo filme de Cregger, antes ele já chamara atenção em seu filme de estreia, Noites Brutais/2022, que nas suas entrelinhas também lidava com desaparecimentos. No entanto, A Hora do Mal é bem mais ambicioso em sua estrutura, principalmente pelo roteiro minuciosamente construído em seus capítulos que correm em paralelo, mas convergem para uma mesma direção. Cuidadoso na evolução de sua trama, Cregger repete momentos sobre outros ângulos e altera o rumo de perspectivas afim de instigar o espectador a entender o que está acontecendo. O clima fantasmagórico é ressaltado pela fotografia sombria, detalhes estranhos e pesadelos que parecem trazer revelações escondidas. Ah claro, não podemos esquecer da Tia Gladys, personagem que rouba a cena desde seu primeiro momento e graças ao talento da atriz Amy Madigan sai do disfarce caricatural para revelar-se uma vilã inesquecível. Embora todo o elenco esteja ótimo em cena, torna-se algo realmente gratificante ver Amy em um papel de destaque novamente em sua carreira. A atriz foi indicada ao Oscar por seu trabalho em Duas Vezes na Vida (1986) e engatou alguns projetos de sucesso como Ruas de Fogo (1984), Campo dos Sonhos (1989) e Quem Vê Cara Não vê Coração (1989), mas fazia tempo que não tinha chance de explorar sua versatilidade em cena. A esposa de Ed Harris caiu tanto na graça do público que já pedem até em indicação ao Oscar de coadjuvante para ela (será que consegue?). De qualquer forma, A Hora do Mal (com suas referências que vão de Monster/2023 ao conto clássico do Flautista Mágico) tenta garantir o título de melhor terror do ano. Em tempo, vale dizer que eu dei boas gargalhadas na perseguição antes da carnificina do final. O melhor de tudo é imaginar o que Zach Cregger fará em seguida. 

A Hora do Mal (Weapons / EUA - 2025) de Zach Cregger com Julia Garner, Josh Brolin, Amy Madigan, Alden Ehrenreich, Cary Christopher, Benedict Wong e Austin Abrams. ☻☻

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