Atrevo dizer que Sir Ian McKellen é um dos melhores atores vivos. Aos oitenta e seis anos ele coleciona vários prêmios por seus trabalhos no teatro, no cinema e na televisão. O Oscar perdeu a chance de premia-lo duas vezes, a primeira foi quando preferiu puxar o saco do Roberto Benini (A Vida é Bela/1997) ao invés de reconhecer que a melhor atuação na categoria de melhor ator era de um artista assumidamente homossexual vivendo um diretor de cinema homossexual em Deuses e Monstros (1997). Depois, a Academia perdeu a chance novamente quando McKellen viveu Gandalf por O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001) e concorreu como ator coadjuvante (perdeu para Chris Cooper em Adaptação/2001, mas está perdoado). Ian realiza poucos longas-metragens ultimamente e, por isso mesmo, sempre que encontro um filme estrelado por ele, costumo assistir para aproveitar a honra de assistir uma verdadeira lenda. Pena que ao ver este O Crítico a impressão de que o material não era bom o suficiente para o seu talento só crescia. O elenco é repleto de artistas renomados, mas o texto de Patrick Marber (dos afiados Closer/2004 e Notas de um Escândalo/2006, quem diria...) e Anthony Quinn se perde totalmente da metade em diante. Ambientado na Londres dos anos 1930, o filme acompanha um crítico de teatro chamado Jimmy Erskine (McKellen) que é famoso por conta de suas resenhas maldosas sobre as estreias da cena cultural local. O jornal para qual ele trabalha está passando por algumas mudanças e seus colegas estão preocupados com os novos rumos. À frente das mudanças estão David Brooke (Jeremy Strong) e o genro, Stephen Wyley (Ben Barnes), que é casado com a gélida Cora (Romola Garai). Ambos são admiradores da atriz Nina Land (Gemma Aterton), o atual alvo favorito da caneta cortante de Jimmy. Nina sempre sonhou em ser uma grande atriz do teatro e ser reconhecida por Jimmy, mas este plano fica cada vez mais longe da realidade que ela vivencia estreia após estreia. Eis que um dia, ela recebe resenhas positivas e nem imagina que o renomado jornalista irá lhe pedir algo em troca. Daí em diante o filme começa a se enrolar cada vez mais e se torna desgovernado nas consequências que começam a aparecer. O que era promissor vira uma maçaroca novelesca que beira o absurdo, nem mesmo a boa reconstituição de época e os bons atores são capazes de dar jeito. A direção de Anand Tucker começa a desalinhar e o resultado se torna mais aborrecido do que interessante. Um verdadeiro desperdício de um ótimo elenco, que ainda conta com Leslie Manville como a mãe de Nina e o meio-brasileiro Alfred Enoch no papel de secretário amante de Jimmy. Existe um comentário ali e aqui sobre homofobia e racismo ao longo da narrativa, mas nada que disfarce o quanto o filme não sabe para onde ir em sua segunda metade. Em cartaz no Prime Video, valeria pelo elenco e só.
O Crítico (The Critic / Reino Unido - 2023) de Anand Tucker com Ian McKellen, Gemma Aterton, Mark Strong, Ben Barnes, Romola Garai, Alfred Enoch e Leslie Manville. ☻☻
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