domingo, 24 de agosto de 2025

PL►Y: Todo Tempo que Temos

Florence e Andrew: dois os melhores que temos.  

Andrew Garfield e Florence Pugh são dois dos melhores atores que Hollywood tem disponíveis para seus filmes. Infelizmente nem todo filme protagonizado por ambos está à altura do talento destes artistas, mas, mesmo quando o material que lhes chega não é lá grande coisas, eles conseguem fazer milagres com o que tem em mãos. Ao menos conseguem manter a integridade, deles e dos personagens que defendem. Todo o Tempo que Temos está longe de ser memorável e em alguns momentos ressalta o desgaste do subgênero em ter que lidar com um tema pesado de forma leve para o grande público sedento por comédias românticas com algum conteúdo. De certa forma o que o diretor John Crowley (do ótimo Brooklyn/2015 e o fiasco O Pintassilgo/2019) faz aqui é buscar sempre o equilíbrio entre um filme água com açúcar com uma gotinha de fel. Ele conta a história de Almut (Florence) e Tobias (Garfield), um casal mais do que apaixonado que parece viver num comercial de margarina saudável.  Eles se amam, são felizes, tem um bebê lindo e... aparece uma doença para acabar com todos os planos que os dois tinham de envelhecer juntos, afinal, o "até que a morte os separe" resolve antecipar. O clima pesa e a relação começa a vivenciar conflitos sobre o legado que Almut pretende deixar em vida. Isso já daria conta de construir um filme, mas lá pelos primeiros vinte minutos o espectador é pego de surpresa (pelo menos eu fui) e começa a perceber que a narrativa embaralha os tempos de vida do casal. Indo para o dia em que se conheceram e como aos poucos superaram as diferenças e desconfianças um pelo outro - e o fato de Tobias ter sobrevivido a um divórcio também colabora muito para que tenha alguma resistência a se envolver com uma mulher tão descolada como Almut. Pode se dizer que o maior mérito do filme se deve à dupla protagonista que defende seus personagens mais uma vez como se fossem pessoas reais, de carne e osso que poderiam ter estudado com você ou morar na casa em frente. Esta característica que cria o envolvimento com a narrativa que por vezes transforma as idas e vindas temporais como uma verdadeira armadilha para a fluência e a compreensão do que se vê na tela (neste caso fica legal na primeira ou segunda vez, mas depois cansa, já que todo mundo já imagina como tudo irá terminar). O final também é bonitinho, mas ressalta como é difícil chegar ao inevitável sem ser pesado demais para a plateia que quer ver o casal apaixonado triunfar no final. 

Todo Tempo que Temos (We Live in Time / Reino Unido - França / 2024) de John Crowley com Florence Pugh, Andrew Garfield, Grace Delaney, Lee Braithwaite, Adam James e Douglas Hodge. 

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