domingo, 3 de agosto de 2025

NªTV: Morrendo por Sexo

Rob e Michelle: morrendo de desejo. 

Quem acompanha o blog deve ter percebido que estou um pouco afastado de séries de TV. Confesso que comecei a ver várias novas temporadas e não consegui avançar muito para comentar por aqui. No entanto, recentemente finalmente consegui ver algumas que me prenderam atenção (e devo comenta-las ao longo do mês de agosto). Uma delas foi Morrendo por Sexo do FX, que por aqui fica no streaming da Disney+ (o que não deixa de ser interessante perante o título em português). Não sei se já comentei por aqui, mas faz poucos anos que meu pai faleceu por conta de um tumor no cérebro e desde então - e após ficar dois meses com ele no hospital, tenho dificuldades de acompanhar narrativas sobre doenças, quimioterapia, radioterapia, estágio quatro... mas depois de assistir um trailer com Michelle Williams fazendo algumas coisas que não lembro de tê-la visto fazer antes, fiquei bastante curioso. A atriz que já conta com cinco indicações ao Oscar e nenhuma vitória tem encontrado na televisão um espaço mais do que promissor para o seu talento. Em Fosse/Verdon (2019) ela foi premiadíssima ao viver a Senhora Bob Fosse com todo o rigor que merecia e, ao que tudo indica, sua performance por Morrendo por Sexo deve ir pelo mesmo caminho, afinal, o papel de Molly Kochan a permite transitar entre o cômico e o trágico com uma desenvoltura que poucas vezes tive a oportunidade de ver uma atriz realizar. Bom que logo no primeiro episódio o programa espanta qualquer semelhança com The Big C (2010-2013) com Laura Linney e, melhor ainda, a produção se encerra no oitavo episódio sem deixar chances para que novas temporadas coloquem em risco tudo o que foi construído ao longo da temporada. No primeiro episódio, Molly está um tanto cansada de ver seu marido (Jay Duplass) ter se tornado seu cuidador. A mulher está com a libido lá em cima e o marido só consegue olhar para ela como se fosse alguém doente prestes a morrer. A postura dele faz com que Molly já estivesse prestes a ser enterrada viva. Não demora muito para que ela perceba que se quiser aproveitar o tempo de vida que lhe resta, precisa se distanciar dele. Ela então mergulha em uma jornada bastante pessoal em busca de desejos que nunca foram explorados. No entanto, desbravar o mundo de sua sexualidade também esbarra em lidar com assuntos delicados de sua infância que nunca foram devidamente cicatrizados. Coloque aí um pouco da relação complicada com a mãe (Sissy Spacek), a parceria de longa data com a melhor amiga Nikki (Jenny Slate) e o uso de um aplicativo cheio de machos doidos por fetiches e Morrendo por Sexo consegue conciliar um tema tão delicado quanto o câncer com sensualidade, profundidade e muito bom humor. Destaque a parte são os parceiros sexuais que Molly encontra pelo caminho, especialmente o vizinho vivido por Rob Delaney que está perfeito como o objeto de desejo mais inesperado que ela poderia encontrar. Morrendo por Sexo se equilibra sobre o fio da navalha e muito se deve ao trabalho profundamente comprometido de Michelle em dar vida à uma mulher que se recusa a morrer antes da hora. Entre risos e lágrimas (além de imagens penianas) a minissérie caiu nas graças do Emmy que a indicou em nove categorias no páreo das minisséries, entre elas: melhor minissérie, atriz (Michelle), atriz coadjuvante (Slate), ator coadjuvante (Delaney), direção, roteiro e casting. 

Morrendo por sexo (Dying for Sex / EUA - 2025) de Elizabeth Meriwether e Kim Rosenstock com Michelle Williams, Jenny Slate, Rob Delaney, Jay Duplass, Sissy Spacek, Kelvin Yu, David Rasche, Esco Jouley, Margaret Cho e Zack Robidas, ☻☻

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