domingo, 14 de dezembro de 2025

PL►Y: Jay Kelly

Sandler e Clooney: de olho no Oscar. 

Produzido para ser um dos trunfos da Netflix na temporada de ouro, a comédia dramática Jay Kelly conseguiu críticas mistas desde sua primeira exibição. Já em cartaz no serviço de streaming é bastante compreensível o motivo de alguns gostarem tanto do filme e outros não terem se empolgado muito com a história do astro de cinema que coloca sua vida pessoal em perspectiva perante uma homenagem que receberá pelo seu legado cinematográfico. Vivendo o protagonista está George Clooney com sua estampa de estrela clássica de Hollywood. Jay acaba de finalizar um filme e está prestes a fazer outro quando viaja para a Itália em nome de um prêmio. Ele adoraria que sua família estivesse ao seu lado, mas ele mal conversa com a filha mais velha (Riley Keough) e a mais nova estará em viagem com amigos pela Europa. O reencontro com um antigo colega (Billy Crudup) também não ajuda muito na crise que se instaura na mente de Jay, afinal, em várias entrevistas ele comenta que começou a carreira por acaso ao acompanhar um colega para um teste e acabou ficando com o papel (que o fez deslanchar na carreira)... agora imagina reencontrar o tal colega ainda ressentido. Um diretor conhecido de velha data também precisa dele para reerguer a carreira, mas Jay acha melhor não correr o risco. O fato é que aos poucos, o grande astro de cinema afastou cada vestígio de amizade de sua vida, tendo apenas o agente, Ron (Adam Sandler) e sua assistente (Laura Dern) por perto. Enquanto ela sempre ressalta que trabalha para ele, Ron acredita que possui laços mais estreitos com o ator. Será? Entendo que algumas pessoas estejam fascinadas pelo filme por conta de explorar os bastidores de uma carreira bem-sucedida em Hollywood, o problema é que os elementos desta história não fogem do lugar comum. Embora tenha boas atuações, com Clooney e Sandler indicados aos Globos de Ouro de melhor ator e ator coadjuvante, o filme não empolga. Pode se dizer que as indicações de ambos são justas pelos atores darem conta de manter o interesse do espectador em uma trama tão manjada. Talvez o maior problema seja que o roteiro (assinado por Baumbach e Emily Mortimer, que faz uma pequena participação como atriz no filme) prefere mostrar vários pontos da vida pessoal do personagem principal e opta por não aprofundar nenhum deles. São vários encontros que desaguam em um conflito que nunca tem maiores consequências na trama, o que torna tudo um grande desperdício do potencial que alguns personagens/atores trariam para a trama. Particularmente tenho a impressão que já vi Clooney fazer algo parecido do que vemos aqui em sua carreira, já Adam Sandler investe mais uma vez em um papel menos cômico cujo o grande destaque é a cena em que seus olhos brilham ao segurar as lágrimas durante um diálogo inteiro. Ainda que bem feito e cheio de boa intenções (já vistas e revistas inúmeras vezes), o longa alcança um resultado morno e pouco empolgante, a pergunta é se isso confere fôlego para o longa e seu elenco chegar ao Oscar do ano que vem. 

Jay Kelly (EUA - 2025) de Noah Baumbach com George Clooney, Adam Sandler, Laura Dern, Greta Gerwig, Grace Edwards, Patick Wilson, Jim Broadbent, Isla Fisher e Alba Rohrwacher. 

10+: Melhores Pôsteres de 2025

Inaugurando as listas de final de ano por aqui, publico a destinada aos meus pôsteres favoritos o ano que chega ao fim. Vi muitas listas destacando o cartaz mais famoso de Bugonia, mas... este ficou de fora. Enfim seguem os dez em ordem de favoritismo:

#10  "Pillion" de Harry Lighton 

#09 - "O Monstro das Penas" de Dylan Southern

#08 - "Amizade" de Andrew DeYoung

07 - "Time to the Target" de Vitaly Mansky

#06 - "No Other Choice" de Park Chan Wook




#03 - "Good Boy" de Ben Leonberg


#01 "Juntos" de Michael Shanks

Na Tela: Bugonia

Emma: as teorias conspiratórias do absurdismo. 

O grego Yorgos Lanthimos entra fácil no páreo de diretores mais interessantes da atualidade, muito por conta de seu caráter provocador, no entanto, quem acompanha a carreira do diretor desde a fase da estranha onda grega (e como eu queria que outros diretores do "movimento" filmassem com mais frequência) sabe que suas obras possuem um senso de humor bastante peculiar, que lhe rendeu o título de absurdista.  Se em Tipos de Gentileza o resultado foi desajeitado, com Bugonia a coisa volta a entrar nos trilhos. Curioso que em sua origem a trama é um remake do sul-coreano "Save the Green Planet" e que (pasmem) é bem mais agressivo que esta versão em inglês. O filme conta a história de uma CEO prestigiada, Michelle (Emma Stone) que é sequestrada por Teddy, um rapaz adepto de teorias conspiratórias que acredita que ela é na verdade uma alienígena disposta a acabar com a Terra. Em seu plano de sequestro, ele conta com a ajuda de um primo, Don (Alain Delbis) para capturar e manter Michelle até que a verdade seja revelada. No meio do caminho existe uma dinâmica interessante entre a mulher que tenta provar que é humana e o homem que acredita piamente em suas convicções mais estranhas. Óbvio que Lanthimos vai exibir uma penca de cenas desagradáveis e alfinetar o expectador com cenas envolvendo retórica, tortura e narrativas que entram em conflito todo o tempo. Mais uma vez um filme do diretor embaralha gêneros distintos, com suspense, comédia, drama e até ficção científica, alcançando um resultado interessante e incômodo. A estética e a fotografia do filme ressaltam estranheza criando uma tensão claustrofóbica em tono dos ambientes e da lógica de seus personagens até chegar ao desfecho controverso que faz toda a diferença para m continuar mane a proposta funcionando (e aquela última cena consegue equilibrar tristeza e brilhantismo em tempos de Terra plana). Acho que este é o filme em que Lanthimos demonstra estar mais relaxado na direção, de fato, parece que ele quer apenas se divertir enquanto provoca a plateia sobre o que é exibido na tela. Para isso, ele conta a com a ajuda de ouro de Jesse Plemons na composição do estranho Jimmy, que provoca arrepios com sua postura irredutível diante das atrocidades que é capaz de cometer em nome da "salvação" da humanidade, mas se Jesse é ouro, Emma Stone é um diamante plenamente lapidado. Esta é a quarta parceria da atriz com Yorgos. Depois do Oscar por Pobres Criaturas (2023), Emma corre o risco de ser indicada ao prêmio novamente com mais um trabalho de fisicalidade impecável (desculpem, mas eu acho hilária aquela parte em que ela anda mancando ao som da trilha sonora comicamente tensa composta por Jerskin Fendrix). A dinâmica entre Plemons e Stone é o ponto alto do filme que eleva às últimas consequências as ambiguidades de seus personagens,  Outro ponto que gostei muito foi a presença de Alicia Silvertone mais uma vez no papel de uma matriarca estranho universo de Lanthimos, assim como em O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017), a atriz vive mais uma personagem que deixa aquela vontade de vê-la em um papel de maior destaque em um filme do cineasta.

Bugonia (Irlanda / Reino Unido / Canadá / Coreia do Sul / EUA - 2025) de Yorgos Lanthimos com Emma Stone, Jesse Plemons, Alain Delbis, Vanessa Eng, Cedric Dumornay e Alicia Silvertsone. 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

INDICADOS AO GLOBO DE OURO 2026

Agente Secreto: Brasil no páreo em três indicações. 

Hoje foram divulgados os indicados ao Globo de Ouro 2026 e o Brasil mais uma vez marca presença de forma memorável com três indicações. O Agente Secreto de Kleber Mendonça Filho concorre em três categorias: melhor filme estrangeiro, melhor ator e melhor filme de drama. Vale lembrar que na categoria de melhor ator, o brasileiro é apontado como favorito. Quanto aos concorrentes de melhor filme de drama é ver a categoria de melhor drama refletir como a safra hollywoodiana do ano foi fraca, tornando inevitável que três filmes de língua não inglesa aparecessem no páreo. Quem também fez bonito entre os indicados foi a Neon, que enquanto distribuidora esperta cravou cinco filmes entre os indicados a filme de língua não-inglesa. A cerimonia de entrega dos prêmios será dia onze de janeiro. 

Melhor filme — drama
Hamnet - A Vida Antes de Hamlet
Foi Apenas um Acidente
Sentimental Values

Melhor filme - musical ou comédia
Blue Moon
Bugonia
Marty Supreme
No Other Choice
Nouvelle Vague

Melhor filme em língua não-inglesa
Foi Apenas um Acidente (França)
No Other Choice - (Coreia do Sul)
Sentimental Value (Noruega)
Sirāt (Espanha)
A Voz de Hind Rajab - (Tunísia)

Melhor filme de animação
Arco
Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba - Castelo Infinito
Elio
Guerreiras do K-Pop
Little Amelie or the Character of Rain
Zootopia 2

Melhor atriz - drama
Jessie Buckley - Hamnet - A Vida Antes de Hamlet
Jennifer Lawrence - Morra, Amor
Renate Reinsve - Valor Sentimental
Tessa Thompson - Hedda
Eva Victor - Sorry, Baby

Melhor ator - drama
Dwayne Johnson - Coração de Lutador - The Smashing Machine
Jeremy Allen White - Springsteen: Salve-me do Desconhecido

Melhor atriz em filme comédia/musical
Rose Byrne - Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria
Cynthia Erivo - Wicked: Parte II
Kate Hudson - Song Sung Blue - Um Sonho a Dois
Amanda Seyfried - O Testamento de Ann Lee

Melhor ator em filme comédia/musical
Timothée Chalamet - Marty Supreme
George Clooney - Jay Kelly
Ethan Hawke - Blue Moon
Lee Byung-Hun - No Other Choice

Melhor atriz coadjuvante em cinema
Emily Blunt - Coração de Lutador - The Smashing Machine
Elle Fanning - Valor Sentimental
Ariana Grande - Wicked: Parte II
Inga Ibsdotter Lilleaas - Valor Sentimental

Melhor ator coadjuvante
Paul Mescal - Hamnet - A Vida Antes de Hamlet
Adam Sandler - Jay Kelly
Stellan Skarsgard - Valor Sentimental

Melhor sucesso cinematográfico e de bilheteria
Avatar: Fogo e Cinzas
F1: O Filme
Guerreiras do K-Pop
Missão: Impossível - O Acerto Final
Wicked: Parte II
Zootopia 2

Melhor diretor - filme
Jafar Panahi - Foi Apenas um Acidente
Joachim Trier - Valor Sentimental
Chloe Zhao - Hamnet - A Vida Antes de Hamlet

Melhor roteiro - filme
Ronald Bronstein & Josh Safdie - Marty Supreme
Jafar Panahi - Foi Apenas um Acidente
Eskil Vogt & Joachim Trier - Valor Sentimental
Chloé Zhao & Maggie O'Farrel - Hamnet - A Vida Antes de Hamlet

Melhor música - filme
Dream As One - Avatar: Fogo e Cinzas 
Golden - Guerreiras do K-Pop
No Place Like Home - Wicked: Parte II 
The Girl In The Bubble - Wicked: Parte II 

Melhor trilha sonora original - filme
Kangding Ray - Sirāt
Max Richter - Hamnet - A Vida Antes de Hamlet
Hans Zimmer - F1: O Filme

TELEVISÃO 
Melhor série musical ou de comédia
Abbott Elementary - ABC
O Urso - FX on Hulu
Hacks - HBO Max
Ninguém Quer - Netflix
Only Murders in the Building - Hulu

Melhor série de drama
A Diplomata - Netflix
The Pitt - HBO Max
Pluribus - Apple TV
Ruptura - Apple TV
Slow Horses - Apple TV

Melhor minissérie, série de antologia ou filme para TV
All Her Fault - Peacock
O Monstro em Mim - Netflix
Black Mirror - Netflix
Morrendo por Sexo - FX on Hulu
A Namorada Ideal - Prime Video

Melhor atriz – drama
Kathy Bates - Matlock
Britt Lower - Ruptura
Helen Mirren - Terra da Máfia
Bella Ramsey - The Last of Us
Keri Russell - A Diplomata
Rhea Seehorn - Pluribus

Melhor ator – drama
Sterling K. Brown - Paradise
Diego Luna - Andor
Gary Oldman - Slow Horses
Mark Ruffalo - Task
Adam Scott - Ruptura
Noah Wyle - The Pitt

Melhor atriz - musical, comédia
Kristen Bell - Ninguém Quer
Ayo Edebiri - O Urso
Selena Gomez - Only Murders in the Building
Natasha Lyonne - Poker Face
Jenna Ortega - Wandinha
Jean Smart - Hacks

Melhor ator - musical ou comédia
Adam Brody - Ninguém Quer
Steve Martin - Only Murders in the Building
Glen Powell - Chad Powers: O Quarterback
Martin Short - Only Murders in the Building
Jeremy Allen White - O Urso

Melhor atriz - minissérie, série de antologia ou filme para TV
Claire Danes - O Monstro em Mim
Rashida Jones - Black Mirror
Amanda Seyfried - Long Bright River
Sarah Snook - All her Fault
Robin Wright - A Namorada Ideal

Melhor ator - minissérie, série de antologia, filme para TV
Jacob Elordi - O Caminho Estreito para os Confins do Norte
Paul Giamatti - Black Mirror
Charlie Hunnam - Monster: The ED Gein Story
Jude Law - Black Rabbit
Matthew Rhys - O Monstro em Mim

Melhor ator coadjuvante - televisão
Billy Crudup - The Morning Show
Tramell Tillman - Ruptura

Melhor atuação em stand-up comedy na televisão
Bill Maher: Is Anyone Else Seeing This?
Brett Goldstein: The Second Best Night of Your Life
Kevin Hart: Acting My Age
Kumail Nanjiani: Night Thoughts
Ricky Gervais: Mortality
Sarah Silverman: Postmortem

Melhor podcast:
Armchair Expert with Dax Shepard
Call Her Daddy
Good Hang with Amy Poehler
The Mel Robbins Podcast
Smartless
Up First