Ledger: ele poderia ter salvo o filme.
As coisas não andam muito boas para o lado de Jude Law, talvez porque os seus cabelos começam a rarear ou porque da mais trabalho do que ele pensava se casar com Sienna Miller - ou talvez as duas coisas estejam relacionadas... - os seus filmes não tem feito o sucesso esperado. Se não fosse ele ter topado o desafio oferecido por Guy Ritchie de encarar um divertido "meu caro Watson" em Sherlock Holmes ele teria colecionado um fracasso atrás do outro na última década. Fracassar num filme bom tudo bem, o problema é fracassar num filme onde nada se salva. Por isso o galã deve ter aceitado a empreitada de ocupar um dos momentos deixados por Heath Ledger nesse O Mundo Imaginário de Doutor Parnassus, mais uma empreitada cheia de imprevistos do diretor Terry Gillian. Desde Os 12 Macacos (1995) que o diretor anda se dando mal em seus filmes, estando cada vez mais supérfluos, se preocupando mais com o visual do que com a história em si. Do visual de Doutor Parnassus não há do que se reclamar, do elenco também não, mas o andar da história... Claro que o filme se tornou um abacaxi depois que seu protagonista Heath Ledger faleceu. Gillian teve que mudar o foco para o personagem de Christopher Plummer e sua trupe e ainda inventar que o personagem de Ledger muda de cara cada vez que atravessa um misterioso espelho. Foi aí que entrou Jude Law (parecendo que tomou Bobol, rindo o tempo todo), Johny Depp e Colin Farrel. O Doutor Parnassus do título é um homem com mais de mil anos que se apresenta com seu teatro mambembe ao lado de um espelho que funciona como portal para o seu imaginário. O problema é que ele fez um acordo com o diabo (Tom Waits, muuuuito estranho) e agora deve pagar sua dívida lhe dando a filha que acaba de completar 16 anos, Valentina (a shape renascentista Lily Cole). Acontece que ele se arrepende do acordo e quer tapear o coisa ruim. Um novo acordo acaba sendo feito e ele tem que arranjar cinco almas em troca da moça. Nessa confusão ele acaba contando com a ajuda involuntária de um homem misterioso (Ledger), o qual foi encontrado enforcado numa ponte. O tal consegue atrair o público e o coração de Valentina, despertando o ciúme de assistente de palco Anton (o novo spider man Andrew Garfield, numa atuação comicamente estranha). Tudo no filme é desengonçado, as cenas através do espelho, a atuação dos atores convidados para tampar o buraco deixado por Ledger, as metáforas se perdem pelo caminho (os dramas da imortalidade, a importância de se contar histórias, a relação o imaginário e a mentira...) e a coisa termina de forma insatisfatória. O elenco (que ainda conta com o excelente anão Verne Troyer) se esforça, mas a qualidade do texto é claudicante, talvez porque seja um drama e o diretor resolveu tratar como uma comédia quase pastelão. Espero que Gillian volte à sua antiga forma sem outros incidentes trágicos sobre seus filmes, a coisa já está ficando chata...
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus (The imaginarium of Doctor Parnassus/França-Canadá-Reino Unido/2009) com Christopher Plummer, Heath Ledger, Lily Cole, Verne Troyer, Andrew Garfield, Johny Depp, Colin Farrel e Jude Law. ☻☻
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