domingo, 6 de fevereiro de 2011

CATÁLOGO: Retratos de Família

Amy: A adorável ladra de cenas que salva o filme.

Phil Robinson é um cara de sorte, ele dirigiu um filme muito simples, sem reviravoltas, lento, repetitivo, meio estranho, barato e que foi até indicado ao Oscar. Trata-se de Retratos de Família, um filme que continuo considerando superestimado pela crítica e que não me apresenta nada de novo sobre o tema escohido pelo seu diretor, afinal, Phil escolheu um tema gasto no cinema independente: a família. Esta célula primeira de nossa convivência social e que é apresentada por esse primo pobre de Hollywood frequentemente com os mesmos estereótipos repletos de cinismo. O ponto de partida também não é nada original: George (o pinta de galã Alessandro Nivola), um artista plástico em ascenção, resolve visitar sua família após anos sem dar as caras, mas quando aparece traz sua mulher, Madeleine (a pouco vigorosa Embeth Davidtz) até então desconhecida por todos. Isso é o suficiente para que sua mãe (que destesta visitas) faça cara feia o filme inteiro, para que seu pai fique amuado trancafiado no porão e que seu irmão mais novo insatisfeito, Johny (o lourinho Benjamin McKenzie da série O.C.) fique cada vez mais marrento. Robinson não gasta tempo explicando esses comportamentos, já que acredita que nossas observações famíliares cotidianas possam preencher as lacunas do enredo e na maioria das vezes utiliza um humor tão refinado que é quase imperceptível ao público. Considerado genial por seus admiradores, Robinson chegou a ser comparado a Woody Allen pela forma como lida com as frustrações dos seus personagens, o que me soa um exagero. Se por um lado o diretor estreante tem o mérito de ter um olhar firme sobre a história com o uso de uma câmera curiosa (que espreita a casa até que algo relevante aconteça) a atmosfera do filme exala uma frieza inacreditável de forma que fica difícil imaginar por que motivo a refinada Madeleine continua naquela casa - já que o esposo artista plástico (de obras de traço quase infantil) some por boa parte da sessão. Mas aí aparece o trunfo do filme. Em meio a tantos personagens frios e caricatos está a cunhada grávida Ashley (Amy Adams, indicada ao Oscar de coadjuvante) que é a única pessoa que parece realmente humana naquela casa. Amy rouba todas as cenas em que aparece, atribuindo sorriso largo, olhar sincero à sua personagem com curiosidade sobre o mundo fora daquele microcosmo mesquinho, ela é a personagem que torna a estadia de Madeleine suportável naquela casa (e a nossa permanência diante da sessão também). Apesar de exalar inocência e alegria diante do filho que está para vir, torna-se inevitável notar a tristeza da personagem, mas que ao contrários dos outros moradores da casa, sabe que o bom relacionamento pode melhorar suas angústias. Tudo proposital, já que o roteiro de Morrison reserva um desfecho triste para a personagem (feito para "emocionar"), mas que serve para reconectar George com sua distante família. Não fosse por Amy eu nem lembraria desse filme. Com ele, a atriz nascida na Itália, chamou atenção em Hollywood e se consolidou ainda mais com outra pesonagem adorável: a princesa Gisele de Encantada (2007). Talvez Robinson devesse trabalhar com a atriz novamente para ter alguma repercussão em seu trabalho.

Retratos de Família (Junebug-EUA/2005) de Phil Robinson com Alessandro Nivola, Amy Adams, Embeth Davidtz, Celia Weston e Benjamin McKenzie. ☻☻

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