Catherine Frot: brilho como uma... quase cantora!
Marguerite Dumont é casada com um nobre, mas já tinha uma fortuna para esbanjar. Na França dos anos 1920 ela apreciava ópera, música clássica e costumava dar uma palhinha de seus dotes vocais em saraus para amigos. No entanto, os amigos são tão bonzinhos que não dizem para Marguerite que como cantora é uma ótima... milionária! Se você assistiu o recente Florence, quem é Essa Mulher? (2016) de Stephen Frears, estrelado por Meryl Streep, você terá a ideia de que já viu essa história e... já viu mesmo! O diretor Xavier Giannoli se inspirou na história da pior cantora de todos os tempos, Florence Foster Jenkins (o hoje pode gerar controvérsias...) para criar a fictícia Marguerite, uma senhora bem de vida e adorável que ama cantar, mas que não faz a mínima ideia de como alcançar as notas mais altas (ou baixas) do seu canto (se é que pode ser chamado assim). Diante do argumento fo filme torna-se fundamental ter uma ótima atriz para dar conta de tanta desafinação - e Catherine Frot consegue imprimir uma simpatia irresistível à personagem, capaz de despertar grande compaixão do público, mas (assim como acontecia com a Florence de Meryl) as risadas são inevitáveis quando ela solta o gogó. Aos poucos Marguerite ganha certa fama com a ajuda de dois jornalistas envolvidos com o movimento anarquista - que percebem o quanto há de ousadia em sua coragem para cantar - mas para Marguerite eles estão encantados com sua voz mesmo, mesmo que ela admita não ter muita confiança em seus dotes de cantora e que não teve professor para educá-la, já que nem todos são capazes de compreender sua forma de cantar (e no meio do caminho surge um professor afetado que não sabe se diz a verdade ou continua ganhando seu pagamento). Em termos de roteiro, o texto de Marguerite resulta mais redondo do que o do filme de Stephen Frears, por se tratar de um personagem fictício, fica claro como o diretor teve mais liberdade para explorar situações diferentes na carreira de sua protagonista. A cena em que ela canta o hino diante da plateia revoltada é um verdadeiro achado, assim como a cena em que ela escuta a gravação de seu primeiro disco... Aqui a vida conjugal da personagem conta com um marido (vivido por André Marcon) dividido entre destruir as ilusões da esposa ou manter a farsa de sua carreira fadada ao vexame de forma bem menos simpática do que o vivido por Hugh Grant. Divertido e com bons atores em cena, o filme se destaca pela atenção que concede aos personagens que giram em torno da curiosa personagem - que inclui ainda um mordomo mais do que prestativo (Denis Mpunga) e uma cantora de verdade (que torna a experiência de ouvir Marguerite ainda mais, digamos, marcante!).
Marguerite (França/Bélgica/República Tcheca - 2015) de Xavier Giannoli com Catherine Frot, Andre Marcon, Michel Fau, Denis Mpunga e Aubert Fenoy. ☻☻☻☻
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