A banda que dá nome ao filme: tudo por uma garota.
Grande surpresa entre os indicados ao próximo Globo de Ouro, Sing Street é um filme sobre uma banda formado por garotos que estudam em uma escola católica na Irlanda dos anos 1980. É quase que por acaso que Conor (Ferdia Walsh Peelo) começa uma banda após ver um clipe do Duran Duran , na época em que a TV começou a tocar música com a MTV. Aquela mistura de música, imagem e estilo contamina Conor ao ponto do rapazinho resolver que não existe outro caminho para ele além de se tornar um astro da música - especialmente depois que precisa impressionar uma bela garota das redondezas. No entanto, ele ainda precisa juntar a banda que dá nome ao filme. É verdade que os conselhos do irmão (Jack Reynor), fã do rock que começava a dar as caras naquela década, ajuda bastante ao irmão caçula na busca de sua própria sonoridade - mas ela só ganha forma mesmo quando ele conhece Eamon (o estreante Mark McKenna), seu parceiro em melodias e letras. É interessante como o filme cria essa sintonia entre os dois personagens, como se fosse o encontro de Lennon e McCartney ou Morrissey e Johnny Marr, e ainda que a Sing Steet tenha outros integrantes, a alma musical do grupo é formada pelos dois. Claro que nesse ambiente juvenil a musa de Conor, a aspirante à modelo Ann (Kelly Thornton), torna-se cada vez importante a medida que inspira o mocinho em suas canções. O melhor do filme está além da história de amor juvenil que perpassa a narrativa, a nata da produção é como o grupo de adolescentes digere as influências que estavam em alta durante a década de 1980, a sonoridade de cada canção e o visual de cada vídeo realizado cruza David Bowie, The Cure, Roxy Music e gera momentos bastante agradáveis de assistir (embalado ainda por canções pop interessantes). Assinado por John Carney, o diretor por trás de Apenas Uma Vez (2006) e Mesmo se Nada der Certo (2013), dois filmes que, assim como em Sing Street, aborda o universo de músicos que ainda procuram um lugar ao sol e que expressam suas emoções através de belas canções (que geralmente são indicadas ao Oscar da categoria). A diferença é que neste novo filme, os personagens ainda são adolescentes e não se preocupam muito mais do que criar músicas para animar a festa da escola e chamar atenção de uma garota especial. Dentro do universo musical criado por Carney este deve ser o filme mais leve e o que menos se aprofunda nos dilemas dos personagens. Longe de ser ruim, o filme torna ainda mais saboroso ver o nascimento de uma banda que cresce aos poucos diante da câmera, mas carecia de um pouco mais de desenvolvimento dentre o que apresenta ao espectador (os problemas da família de Conor, a relação de Ann com o namorado mais velho, a rigidez da escola católica...). O final ainda que poético também poderia ter sido um pouco mais trabalhado, mas nada que atrapalhe o filme de ficar alguns dias na sua memória. Sing Street é uma despretensiosa surpresa e pode ser vista no Netflix.
Sing Street (Irlanda - Reino Unido - EUA / 2016) de John Carney com Ferdia Walsh Peelo, Jack Reynor, Kelly Thornton, Maria Doyle Kennedy e Aidan Gillen. ☻☻☻
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