sábado, 31 de dezembro de 2016

MELHORES DO CINEMA - 2016

É inevitável fazer uma lista com o que você mais gostou  ao final de um ano cinematográfico - assim como é bastante difícil filtrar tudo o que foi assistido e chegar a um veredicto. Por isso prefiro ver todos os filmes citados abaixo como os meus favoritos do ano que termina, os citados são imperdíveis - e os escolhidos de cada categoria são os trabalhos que considero obrigatórios. A seguir os filmes e atores que fizeram meu 2016 muito mais interessante:

MELHOR ELENCO
Eu adorei Trumbo, especialmente pelo seu elenco estelar contando uma história estranha sobre Hollywood e política. Os outros cinco indicados também merecem destaque, seja por fazer rir com a colagem de  Ave, César! ou o pouco visto O Que Fazemos nas Sombras, na rígida tensão de A Bruxa, nos diálogos cortantes de Steve Jobs ou na plena sintonia de Mais Forte que Bombas

REVELAÇÃO DO ANO
Olhando as escolhas dos anos anteriores senti falta de uma categoria que contemplasse os novos talentos que chamaram atenção! Por isso criei esta nova categoria em que a estreante Anya Taylor-Joy (A Bruxa) merece o reconhecimento por criar uma personagem complexa demais para sua pouca experiência diante das câmeras. Mas é bom ficar de olho ainda em Christopher Abbot (talento saído da série Girls que tem um papel complicado em James White), o ator, roteirista, produtor e diretor (que assina o novo Thor) Taika Waititi (como o vampiro dândi de O Que Fazemos nas Sombras). A jovem Bel Powley que demonstra fôlego de veterana em Diário de uma Adolescente, o divertido Tom Bennett (que além de brilhar em Amor & Amizade é a coisa mais fofa de Mascotes) e o prodígio Jacob Tremblay, um dos atores mirins mais descolados que já pisaram no Oscar por O Quarto de Jack

ROTEIRO
O que seria de um filme sem roteiro? Nada.  Esse ano foi difícil escolher o meu favorito na categoria, entre a violência virada do avesso em Elle, o diálogo com alienígenas em A Chegada, o Holocausto como pano de fundo de O Filho de Saul, os laços de afeto em busca de fortalecimento em Mais Forte que Bombas ou os rumos da vida (ou da morte) diante da juventude de Eu, Você e a Garota que vai Morrer meu gosto pendeu para Deus Branco e a jornada de um cão cheia de simbologias sociais. 

ATOR COADJUVANTE
Acho que é a categoria que causará maior estranhamento nos leitores, já que escolhi atores que estão fora dos radares das grandes premiações. Mas como ignorar o horror que brota de John Goodman em seu abrigo na Rua Cloverfield, 10? Ou do carisma de Javier Camara visitando seu melhor amigo em Truman? Das risadas provocadas por Alden Ehrenreich em Ave, César!? Das doses cavalares de bom mocismo de Emory Cohen em Brooklyn? Ou da atuação com as limitações físicas de Sam Claflin no meloso Como Eu Era Antes de Você? Mas o meu escolhido do ano é o jovem Devin Druid que com 17 anos fez mais bonito do que gente grande como o filho caçula em busca de si em Mais Forte que Bombas (ele só não concorreu como Revelação porque presto atenção nele desde a minissérie Olive Kitteridge /2014). 

ATRIZ COADJUVANTE
Eu me rendo novamente a você, Kate Winslet! Depois que achamos já conhecer todas as suas facetas, você aparece ainda mais versátil como a voz da consciência de Steve Jobs! Assim fica difícil para suas concorrentes! A meiga Olivia Cooke (Eu, Você e a Garota que Vai Morrer), a louca Jason Leigh (Os Oito Odiados), uma devastadora Cynthia Nixon (James White),  a descolada Mya Taylor (Tangerine) e Margot Robbie que foi a melhor coisa de Esquadrão Suicida como a desmiolada Arlequina.

ATOR
Eu já disse que gosto de Trumbo, muito por conta da atuação de Bryan Cranston que está fenomenal como o roteirista perseguido por suas convicções políticas. Ele concorreu ao Oscar com Leo DiCaprio (que come o pão que o urso amassou em O Regresso), Eddie Redmayne por (filme que eu detesto) A Garota Dinamarquesa e Michael Fassbender na pele de Steve Jobs.  Entre eles destaco Omar Sy, arrasador na história real do primeiro astro negro da França em Chocolate e o estranho Alfredo Castro por De Longe Te Observo

ATRIZ
Aos 63 anos Isabelle Huppert está em plena ativa! Ela apareceu em seis filmes em 2016 e estará em outros seis em 2017! Haja disposição! Isabelle ainda é o tipo de atriz que topa qualquer desafio, afinal, quantas mulheres de sua idade entraria na espiral de acontecimentos surpreendentes de Elle? Mais uma vez, a musa francesa dá uma aula do que é atuar impregnando cada gesto e olhar com uma gama inalcançável de sentidos. O ano ainda trouxe mais uma performance memorável de Amy Adams (em A Chegada, na verdade duas se contarmos Animais Noturnos que ainda não pude assistir). Ainda teve Sonia Braga em pauta com as polêmicas políticas envolvendo Aquarius desde que concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes. Ainda não podemos esquecer da consagração de Brie Larson como a mãe zelosa de O Quarto de Jack, a força de Cate Blanchett em Carol e a chegada à maturidade de Saoirse Ronan no saborosamente romântico Brooklyn.  

DIRETOR
Sempre me interessa o trabalho de um diretor que nos leva por caminhos incomuns ao contar sua história. Nesse ponto, Lenny Abrahamson merece ser lembrado por nos dar a sensação de conhecer o mundo pela primeira vez em O Quarto de Jack, assim como Robert Eggers lida com o horror do desconhecido em A Bruxa. Laszlo Nemes não poupa a plateia dos horrores da guerra que servem de cenário para O Filho de Saul e Alfonso Gomez Rejon enche de sensibilidade uma trama sobre a colisão dos mundos entre os personagens de Eu, Você e a Garota que Vai  Morrer. Já Kórnel Mundruczó chegou bem perto de ser o meu favorito do ano ao mostrar o nosso mundo sobre uma ótica canina em Deus Branco, mas minha escolha de direção do ano vai para a poesia filosófica impressa por Joaquim Trier em Mais Forte que Bombas.

FILME
Sei que tem gente que irá me xingar por considerar Eu, Você e a Garota que Vai Morrer o favorito do ano. Vale lembrar que o filme foi premiado em Sundance e foi lançado aqui direto em DVD após se tornar cult no exterior, especialmente pela forma peculiar como declara seu amor ao cinema e à amizade ao mesmo tempo. São tantos detalhes utilizados para contar uma história sobre adolescência, morte e vida que o filme trouxe leveza para lidar com assuntos difíceis num ano tão denso como 2016. Ressalto que minha escolha não desmerece a ousadia de A Chegada ou Elle, a tensão de A Bruxa, o terrir documental de O Que Fazemos nas Sombras, o desespero imersivo de O Filho de Saul, a sensibilidade de O Quarto de Jack, as camadas de leitura geradas por Mais Forte que Bombas, a crítica social de Deus Branco e  as discussões provocadas pelo brasileiro Aquarius. São esses dez filmes que tornaram meu ano cinematográfico mais interessante.

E quais foram os seus favoritos de 2016?

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