Hader: o passado que condena.
Eu sei que todos estão falando do final de Game of Thrones, mas no último domingo eu estava mesmo ansioso era para o final da segunda temporada da comédia Barry na HBO (que foi ao ar logo depois da saga de sucesso mundial baseada no obra de George R. R. Martin - e se me permitem fazer um parêntese, não sou capaz de opinar sobre ela porque não a acompanhei, mas tem um bando de gente que está comentando o final por aí). Voltando à Barry, eu não dei muita atenção para a primeira temporada por puro preconceito. Eu não estava nem um pouco interessado em acompanhar a história de um matador profissional que resolve mudar de vida quando tenta se tornar ator. A primeira temporada já tinha terminado, a série já havia recebido atenção nas premiações (Globo de Ouro, Emmy...), mas nada motivava a minha curiosidade... até eu pegar o bonde andando numa tarde aborrecida de domingo em que assisti o quarto episódio da primeira temporada, por sorte era uma maratona e esperei a segunda estrear. Tenho que registrar que a condução da série é surpreendente, que existe um verdadeiro brilhantismo na forma como o ator Bill Hader e seu comparsa, Alec Berg, constroem as histórias de forma sempre inesperada. A segunda temporada começa quase que em seguida ao último episódio da primeira, onde Barry (Bill Hader) tem que lidar com as consequências de um crime que não foi encomendado por ninguém, mas que serviria para garantir a sua transição para uma nova vida. Não foi bem assim. Ele não imaginava que o crime quase colocaria tudo por água abaixo. Sabiamente a série se tornou mais complexa, aprofundando ainda mais os laços que existiam entre os personagens. Se o protagonista se percebe cada vez mais sugado para dentro das consequências de uma carreira bem-sucedida no mundo do crime, por outro lado, o tal assassinato do final da temporada anterior se torna uma espécie de vácuo que envolve personagens que são as referências dos caminhos que a vida de Barry se dividiu, no caso, o mentor Fuches (Stephen Root) que abraçou e estimulou tudo o que o personagem precisava para se tornar um matador e o professor de teatro Cousineau (Henry Winkler) que enxerga talento legítimo do protagonista no palco (mal sabendo que é uma forma do sujeito exorcizar seus fantasmas). Neste embate pessoal, Bill Hader está excelente como o matador que sempre se vê obrigado a matar novamente (e o episódio final só reforça isso, afinal, ele mata mais pessoas neste episódio do que na temporada inteira). Ao longo da temporada o drama ganhou mais espaço, seja pelas viuvez de Cousineau ou o relacionamento complicado com a egocêntrica colega de classe Sally (Sarah Goldberg), mas sempre encontra espaço para um humor obscuro e, por vezes, surreal (que o diga o hilariante episódio 5: Ronny/Lilly, talvez o melhor deste lote de desventuras). Com uma terceira temporada que promete extrapolar ainda mais os limites, Barry já está entre minhas séries favoritas (ei HBO, dá para ter dez episódios na próxima temporada e dar mais destaque para Anthony Carrigan como o estranho NoHo Hank? Desde já, agradeço).
Barry: Segunda Temporada (EUA-2019) de Alec Berg e Bill Hader com Bill Hader, Henry Winkler, Stephen Root, Sarah Golberg e Anthony Carrigan. ☻☻☻☻
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