Colson, Daniel, Douglas e Iwan: sexo, drogas e rock'n roll em excesso.
A banda Mötley Crüe começou os seus trabalhos no início da década de 1980 e o curioso é que sua famosa formação inicial contava com vários membros de outras bandas que acabaram. No início eles tinham uma sonoridade meio glam que aos poucos se tornou ainda mais estridente e próxima do metal. No Brasil eles não eram muito conhecidos, mas eles vendiam muito nos Estados Unidos - havia até uma guerrinha entre seus integrantes e o Guns'n Roses, mas por aqui o Guns ganhava em popularidade facilmente. O maior sucesso deles no Brasil (e no mundo) foi Girls, Girls, Girls do álbum clássico Theatre of Pain. O hit teve um famoso clipe com motos, whiskey e strippers (se fosse lançado hoje, provavelmente o vídeo sofreria várias críticas até sair do ar). A banda esteve na ativa até o ano 2000, tiveram um revival de 2004 até 2015, mas já não tinham o mesmo apelo. A carreira do Mötley foi notavelmente marcada por excessos, ao ponto da banda ter períodos em que não conseguia gravar ou fazer shows por conta dos problemas com substâncias químicas. Assim que foi anunciado um filme sobre o grupo, os membros deixaram claro que seria fiel às loucuras da banda e, se você tem estômago sensível ou curte uma onda politicamente correta, fique bem longe desta produção em cartaz na Netflix - que trata de forma bem humorada a maior parte das situações em que um grupo de jovens promíscuos se metem bebendo e usando drogas. É preciso lembrar que no início dos anos 1980, a AIDS não existia e o sexo livre era quase uma palavra de ordem, assim como o uso de drogas se alastrava pelos Estados Unidos. Por outro lado, o filme deixa claro como a busca por substâncias cada vez mais pesadas levou alguns integrantes para o fundo do poço. O diretor Jeff Tremaine, famoso por seus trabalhos com o neopastelão hardcore JackAss, trata o quarteto formado por Nikki Six (Douglas Booth), Vince Neil (Daniel Webber), Mick Mars (Iwan Rheon) e Tommy Lee (Colson Baker) como se fosse uma variável roqueira do controverso programa de televisão. O curioso é que todas as trapalhadas e atrocidades que aparecem no filme aconteceram de verdade (até mesmo aquela surreal com Ozzy Osbourne na beira da piscina), para garantir a autenticidade, os atores de vez em quando quebram a quarta parede e conversam com público durante a sessão, eles também são narradores em várias cenas - tendo o efeito curioso de um contradizer o que o outro acabou de falar, colocando em dúvida o que uma determinada cena apresentou. O roteiro é cheio de situações sobre sexo, drogas e Rock'n Roll, mas na esteira do sucesso, a banda encontrou altos e baixos, usando humor para contrabalançar o lado mais sombrio da vida de seus integrantes. Ainda que Tremaine construa uma narrativa cheia de energia, com edição rápida e tom aguro, ele oferece um ritmo irregular para a história, que tropeça em vários momentos. Sorte que ele consegue arrancar atuações convincentes do elenco (especialmente de Daniel Webber e Iwan Rheon como o ser dissonante da banda). The Dirt: Confissões do Mötley Crüe pode não ser um grande filme sobre uma banda de rock, mas consegue ser bastante honesto quanto à banda que retrata.
The Dirt: Confissões do Mötley Crüe (The Dirt / EUA-2019) de Jeff Tremaine com Douglas Booth, Daniel Webber, Iwan Theon, Colson Baker e Matthew Underwood. ☻☻☻
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