Sandra: a cara da tristeza...
Ruth Slater (Sandra Bullock) passou vinte anos na prisão sob a acusação de ter assassinado um policial. Ela estava prestes a perder a casa, em que morava com a irmã caçula, para o banco. O incidente lhe custou não apenas a liberdade nos anos seguintes, mas também a guarda da menina que aos cinco anos foi enviada para adoção. Ruth cuidou a menina desde que a mãe falecera no parto, o pai nunca deu conta de seus deveres e as dívidas e tudo mais só complicaram ainda mais a vida da personagem, mas, obviamente, nada justifica o fato de ter tirado a vida de alguém. Quando ela finalmente sai da prisão, seu maior desejo é reencontrar a irmã, cujo paradeiro é desconhecido, mas entre seus obstáculos estão uma ordem judicial que proíbe o contato com a garota e o pesado rótulo de ser uma assassina de policiais - o que prejudica que arranje um ambicionado emprego em carpintaria e ainda renda agressões por alguns espaços que frequenta. Como se percebe, drama é o que não falta no andamento da história que, somado ao bom trabalho de Sandra (que emana não apenas tristeza, mas estar um tanto morta por dentro) e os nomes valiosos que dividem a cena com a estrela, o filme já teria material de sobra para sustentar o interesse de plateia. Adaptado de uma minissérie britânica, o filme pincela uma série de temas relacionados à vida de Ruth, na maioria deles não dá conta do que sugere, mas o seu maior problema é quando considera que todo o sofrimento da personagem não seria suficiente para desenvolver o filme e resolvem injetar um tanto de suspense por conta do plano envolvendo os dois filhos, agora crescidos, do policial morto por Ruth. Estes dois personagens são o maior calo do filme, já que nunca são plenamente desenvolvidos em suas motivações (e a relação entre os dois ganha um complicador lá pela metade que é praticamente deixado de lado) e a atitude tomada por um deles deixa aquela sensação que foi do nada a lugar algum. Lançado na Netflix e presente na lista de filmes mais vistos desde então, o filme se mantem por lá pela presença de sua estrela (que estava doida para ser indicada ao Oscar novamente) e o amparo que recebe de nomes relevantes como Viola Davis, Joe Bernthal e Vincent D'Onofrio em participações pequenas, mas importantes na vida da personagem. Sem firulas ou alívios cômicos, a diretora Nora Fingscheidt (de Transtorno Explosivo/2019) não tem pudores em apelar pelo melodrama e o faz com mão pesada mesmo. Se fosse mais modesto em suas ambições e mantido o foco na busca de sua personagem, Imperdoável seria ainda melhor.
Imperdoável (Unforgivable/EUA - 2021) de Nora Fingscheidt com Sandra Bullock, Viola Davis, Joe Bernthal, Richard Thomas, Linda Emond, Aisling Franciosi e Will Pullen. ☻☻☻
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