Resolvi fazer um #FDS Latino para encerrar esse tenso mês de outubro. Começarei pelo colombiano Mariposas Verdes do veterano Gustavo Nieto Roa (responsável pela versão original de Entre Lençóis/2007. A Colombia já demonstrou ter uma cinematografia interessante, tanto que já surpreendeu ao ser indicada ao Oscar de filme estrangeiro com O Abraço da Serpente (2016) de Ciro Guerra, mas Mariposas Verdes é um filme bem mais modesto, o que não impede que tenha sua cota de ambições a serem cumpridas. O filme foi relativamente comentado em sua época de lançamento, principalmente pela abordagem de temas delicados do universo adolescente. O filme mistura a descoberta do amor entre Mateo (Deivi Duarte) e Daniel (Kevin Bury) - como as inúmeras cenas de flashback deixarão claro, os dois são amigos de infância e desde pequenos já perceberam que o comportamento padrão que o mundo exigirá deles. Os pais de Mateo sobreviveram a uma separação e os de Daniel vivem brigando, enquanto o pai do primeiro parece atencioso, o pai do outro é um grosseirão que maltrata a esposa e o filho sem pestanejar. Como a mãe de Mateo viaja muito à trabalho, a presença afetiva mais marcante é da avó que está sempre por perto. A escola dos dois é conservadora, com um código rígido de conduta, mas que não impede que o sobrinho da diretora faça atrocidades com seus colegas - especialmente com Ángela (Victória Ortiz) que é vítima de várias situações de assédio e abuso. Existe um bocado de bullying, gordofobia e homofobia no filme com posturas condenáveis de adultos e adolescentes, deixando a impressão que o diretor e seus parceiros roteiristas queriam fazer uma versão colombiana de 13 Reasons Why com estética de novela colombiana. A impressão é que eu estava vendo uma versão Rebelde mais hardcore e com algumas cenas que sinceramente eu não entendi (aquela de Mateo desenhar um teclado nas costas de Daniel antes de transarem pela primeira vez... se queria ser poética ficou apenas esquisita, a abordagem sobre os direitos humanos fica apenas na superfície e os adultos no filme são muito mal desenvolvidos, rasos mesmo). A trilha sonora também não ajuda, deixando algumas cenas densas com uma conotação brega, tudo melhoraria se o desfecho fosse bem resolvido, mas tudo soa apressado, o desfecho do sobrinho da diretora termina sem maiores explicações e a cena final é um tantinho questionável por recorrer ao mesmo erro de 13 Reasons Why (que já era livro na época de lançamento d filme e virou série da Netflix no mesmo ano). Mariposas Verdes tem a alma de um filme com cara de alerta social e isso pode compensar para alguns os tropeços que faz pelo caminho, ao menos a dupla responsável pelo casal protagonista faz um bom trabalho em cena.
Mariposas Verdes (Colombia/2017) de Gustavo Nieto Roa com Deivi Duarte, Kevin Bury, Cecilia Suaréz, Julio Bracho, Maria Helena Doering, Juan Pablo Gamboa e Consuelo Luzardo. ☻☻
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