USA for Africa: os bastidores de uma gravação estelar. |
"We Are the World" é uma dos singles mais famosos da história da música pop, o que ajudou muito na sua projeção para as vendas robustas que seriam revertidas para campanhas humanitárias no continente africano, sobretudo na Etiópia. O ano era 1985 e em meados daquela década os artistas perceberam que poderiam utilizar sua influência (e vendas) para chamar atenção para causas nobres. Em julho daquele mesmo ano Bob Geldof foi idealizador de um mega concerto envolvendo nomes como Queen, Madonna, U2, The Who e David Bowie. O evento inspirou outro grupo de artistas a também fazer algo para ajudar e o documentário A Noite que Mudou o Pop, em cartaz na Netflix, mostra os bastidores da trabalhosa gravação de We Are de The World. A música se tornou o hino da campanha USA for Africa e, logisticamente, foi quase um milagre que conseguisse ser gravada. A ideia partiu de Harry Belafonte, que em uma ideia inicial, queria mobilizar astros afro-americanos em um movimento pelos países africanos. Quando Lionel Ritchie se uniu a Michael Jackson, a ideia começou a ganhar contornos no universo pop. A ideia de reunir artistas que estavam no auge era boa, mas perante suas agendas de shows e residência em diferentes localidades, conseguir coloca-los juntos em um estúdio beirava o impossível. É Lionel que conta como foi a organização deste encontro quase que nos bastidores do American Music Awards, evento que apresentou naquele ano. A forma como os convites começaram a ser realizados e o número de artistas que aderiram à causa parece até fácil diante do grande desafio que foi colocar todos dentro de um estúdio e construir uma certa harmonia na execução de uma faixa (gravada após um evento e atravessando a madrugada sob a batuta do maestro Quincy Jones). Sempre houve muitas fofocas sobre os registros divulgados sobre a gravação e, de certa forma, o documentário passa a limpo o que se falou em torno do encontro. Enquanto havia muita preocupação com o ego dos artistas, o maior problemas foi mesmo organizar o coral de estrelas e os solos de cada um com suas vozes distintas e estilos diferentes. Afinal, a gravação contou não apenas com os artistas já citados como também Cindy Lauper, Bruce Springsteen, Willie Nelson, Tina Turner, Bob Dylan, Bete Midler, Diana Ross, Kim Carnes, Dionne Warwick Ray Charles, Stevie Wonder... as gravações deixam claro que havia uma certa tensão no ar para organizar tantos talentos, além de um certo cansaço e impaciência perante as longas horas que a gravação precisou. Há espaço também para comentários de artistas que eram mais conhecidos na época como Huey Lewis e Sheila E, mais conhecida como a percussionista do Prince e que tem um dos relatos mais ressentidos com relação àquela noite. O documentário também esclarece o motivo do próprio Prince não ter participado, assim como Madonna. Há momentos de risadas, de tietagem, de reflexão, de inseguranças e de muita colaboração entre os artistas. Para quem vivenciou aquele momento, o filme tem um sabor nostálgico irresistível, para quem nasceu nas décadas seguintes e se acostumou com músicas feitas por computadores, serve para ver como era complexa a produção de uma gravação em estúdio com diversos artistas, algo que nunca havia acontecido anteriormente. O single, o álbum e o vídeo renderam cerca de cinquenta milhões de dólares para campanhas de combate à fome. Um registro histórico que serve para matar saudade de muita gente boa que já partiu.
A Noite que Mudou o Pop (The Greatest Night in Pop / EUA - 2024) de Bao Nguyen com Lionel Ritchie, Michael Jackson, Quincy Jones, Huey Lewis, Sheila E., Dionne Warwick, Cindy Lauper, Bruce Springsteen, Ray Charles, Bob Dylan, Bruce Springsteen, Kim Carnes e Steve Wonder. ☻☻☻☻
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