sábado, 24 de fevereiro de 2024

#FDS Justine Triet: Na Cama com Victoria

Virginie e Vincent: a vida em caos.
 

Se você um dia encontrasse com a Victoria (Virginie Efira) e perguntasse em que lugar sua vida se tornou um verdadeiro caos, ela talvez dissesse que foi naquela festa de casamento de uma amiga em que um amigo, Vincent (Melvil Paupaud) foi acusado de cravar uma faca na namorada. Depois ela talvez se lembrasse que foi na mesma festa em que retomou o contato com um ex-cliente (Vincent Lancoste) que era acusado de ser traficante de drogas e, que disposto a mudar de vida, quis entrar para o ramo da advocacia e se ofereceu para cuidar das duas filhas dela, só para ficar mais tempo perto da rotina de Victoria. Foi o ex-cliente que disse para ela ficar atenta ao ex-marido, David (Laurent Poitrenaux) que inventou de escrever na internet sobre uma tal advogada chamada Vicky e que mistura alguns fatos reais da vida da ex com outras sandices inventadas para ser pura provocação, ou melhor, autoficção. MAs talvez Victoria não lhe respondesse nada, já que acontece tanta coisa em sua vida que ela nem tenha tempo para processar tudo o que está acontecendo, especialmente quando sua vida profissional e pessoal começou a se misturar de um jeito que ela não consegue mais ter controle sobre uma ou outra. Na Cama com Victoria é o segundo longa metragem de ficção de Justine Triet e já deixa evidente alguns aspectos que se tornaram marcas da cineasta: a protagonista que tem sua vida em julgamento (seja da plateia ou no roteiro), a ideia de que não há um certo e um errado (apenas interpretações sobre o que vemos na telona) e uma avalanche de informações que serve mais para desorientar do que propriamente seguir uma linha reta e segura. Victoria é vivida com gosto por Virginie Efira que consegue deixar visível a constante sensação de uma mulher que precisa respirar em meio ao furacão que sua vida se tornou. O nome da personagem é o título original do filme, mas os distribuidores daqui devem ter se empolgado com a vida amorosa da personagem e resolveram dar um ar mais... "íntimo" no pôster. A vida amorosa da moça vai de mal a pior, além do ex-marido, que se acha no direito de se apropriar da vida da ex como forma de vingança, ela já teve vários parceiros, mas nada parece ser muito empolgante. Pode se dizer que a mulher vai descer até o inferno, chegando a ficar proibida de trabalhar por conta das atribulações que sua vida atravessa. Justine Trier faz um filme ácido, bem humorado e frenético, uma mistura que já desejava em seu filme anterior (A Batalha de Solferino/2013 que guarda algumas semelhanças com a protagonista que vemos aqui), mas aqui o resultado é mais lapidado e organizado em uma estrutura que parece de uma comédia romântica esperta, muito por conta da  química entre Virginie e Vincent Lancoste que desde a primeira cena juntos já desperta torcida na plateia. O filme só decepciona por criar tantas situações em torno da personagem que por vezes não sabe que rumo tomar rumo à conclusão da história. O resultado é eficiente e bom para passar o tempo, evidenciando que a diretora começava a pensar em roteiros mais rebuscados e que tivessem mais a dizer sobre seus personagens. Antes de Anatomia de Uma Queda (2023) este era o filme mais conhecido da cineasta,   

Na Cama Com Victoria (Victoria/França - 2016) de Justine Triet com Virginie Efira, Vincent Lancoste, Melvil Paupaud, Jeane Arra-Bellanger, Arthur Harari e Alice Daquet.

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