quarta-feira, 17 de abril de 2013

COMBO: Momento Dramático

Deve ser muito estranho para um ator ser rotulado a somente um gênero, por isso é perfeitamente compreensível quando os comediantes se aventuram por dramas. Além de todo o preconceito que insiste em fazer a comédia ser vista como um gênero menor, ainda existe um bocado de tentativas de superação nessas tentativas. Sempre lembro de uma entrevista de Marco Nanini dizendo que quando ele começou no teatro ele fazia dramas e nos momentos mais dramáticos as pessoas começavam a rir,. Chego a ver o professor de teatro olhar para ele e dizer: "Filho, você é um comediante". Apenas eu ou mais alguém vê nisso uma espécie de maldição? Este combo é dedicado aos que tentam se livrar dela...

5 Embriagado de Amor (2001) Todo mundo estranhou quando Adam Sandler foi escalado para trabalhar com o cultuado diretor Paul Thomas Anderson. Bastou o filme ser exibido em Cannes para os elogios começarem a rarear e o filme ser considerado o pior longa do diretor. Com traços de cinema experimental, o filme acompanha um personagem excêntrico com inúmeras irmãs e que sonha em colecionar milhas aéreas para dar a volta ao mundo. Além disso ele se apaixona (por Emily Watson), mas é perseguido por um serviço de disk-sexo. Depois de fazer filmes centrados em vários personagens, Anderson se concentra em um personagem complexo (Sanlder foi indicado ao Globo de Ouro pelo papel), mas o resultado está longe de ser memorável. 

4 Jeff e as Armações do Destino (2011) Jason Segel chegou ao estrelato a pouco tempo e seu tipo grandalhão desengonçado já parece dramático por si só. Apesar de fazer comediotas, Segel costuma estar mais presente em filmes onde seu personagem tem uma leve pegada mais dramática. Foi assim que ficou famoso com Ressaca de Amor (2008) e amplia em produções como neste Jeff e as Armações do Destino onde vive um rapaz solitário que prefere viver num porão a enfrentar o mundo, ele nem imagina que pode se tornar um herói! Segel recentemente investiu em outro papel mais sério em Cinco Anos de Noivado e, por enquanto, a estratégia está funcionando. 

3 Mais Estranho que a Ficção (2006) Sempre acho o humor de Will Ferrell mais ridículo do engraçado, portanto, ele me agrada muito mais quando pensa menos em fazer rir do que envolver a plateia no desenvolvimento de seus personagens. Mais Estranho que a Ficção de Marc Foster mostrou que o ator sabe fazer mais do que palhaçadas. A história surreal do homem que descobre ser um personagem saiu da cabeça do roteirista Zach Helm (que foi indicado a vários prêmios pelo texto, menos para o Oscar). Sob a direção astuta de Foster, Ferrell foi indicado ao Globo de Ouro, mas foi esnobado pelo público que rejeita seus dotes dramáticos. 

2 Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada (2007) Steve Carell é um comediante que sempre tempera seus personagens com alguma tristeza. Foi assim desde que o público caiu de amores por ele em O Virgem de 40 Anos (2005). No entanto, o filme em que exercita mais sua musculatura dramática é este longa independente de Peter Hedge - onde vive um escritor de livros de auto-ajuda que não consegue conduzir direito a própria vida. A coisa complica ainda mais quando ele se apaixona pela namorada (Juliette Binoche) do irmão (Dane Cook). Apesar das premiações ignorá-lo, ele também deu uma roupagem bastante emotiva aos seus personagens em Amor A Toda Prova (2011) e Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (2012)

1 Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças (2004) Acho que Jim Carrey foi o mais frustrado dos comediantes recentes que se aventuraram pelo drama. Desprezado pelo Oscar ele teve atuações premiáveis em O Show de Truman (1998), O Mundo de Andy (1999), Cine Majestic (2001) e foi desprezado pela Academia até quando estrelou este excepcional filme de Michel Gondry onde vive um homem que pretende apagar a namorada (Kate Winslet, indicada ao Oscar). Carrey entrega um personagem pungente e merecia esse reconhecimento. O motivo para tanto desprezo? Brincar de ventríloquo com as próprias nádegas ao se apresentar no Oscar de 1995. Depois que chutou o pau da barraca em O Golpista do Ano (2009) o ator desanimou e se entrega a comédias inofensivas e papéis de coadjuvante. 

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